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Entrevista

'Quem disse que mulher não pode fazer arrochadeira?', pergunta 'A Vingadora'

Por Aymée Francine

'Quem disse que mulher não pode fazer arrochadeira?', pergunta 'A Vingadora'
Foto: Bruna Castelo Branco / Bahia Notícias
Você conhece A Vingadora? Com uma proposta de 'revolução musical', o grupo de Itabuna apresenta 'a vingadora' Thaís Reis nos vocais e o "violino do poder" no ritmo da arrochadeira baiana. Com apenas 20 anos, Thaís contou ao Bahia Notícias como surgiu a banda e a receptividade do público, sucesso no interior do estado, diante das suas apresentações. Lançando um novo EP, a banda pretende ser o sucesso do São João da Bahia em 2015. Leia a entrevista abaixo para conhecer a Vingadora!
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Então, como surgiu ‘A Vingadora’?
Eu comecei a cantar com 13 anos de idade. Depois que quis fazer uma aula de violão, comecei a aprender os instrumentos me apaixonei por música. Aí então, não parei. Nos meus 15 anos fui pra uma banda baile, em Itabuna. Depois fui pra banda “Garota Faceira”, com 16/17 anos, lá em Conquista.  Quando eu completei 19, conheci Aldo, meu empresário, e a gente se juntou pra montar o projeto. Tudo bem pensado, calculado. O que é a Vingadora? Como vai funcionar? Como vamos agradar o público? Tínhamos o diferencial de trazer a mulher pra arrochadeira, que a gente não vê, só homem aparece. Então criamos e pensamos em ver se ia dar certo. Compomos várias músicas autorais, hoje temos o CD com 17 faixas, sendo seis autorais.
 
Mas porque ‘Vingadora’?
Tem gente que acha que é algo relativo à vingança, né? Mas não é bem assim. Vingadora é um personagem forte, que a gente criou para representar todas as mulheres, na questão de que somos poderosas, podemos alcançar os mesmos objetivos que os homens, inclusive na questão musical. Quem disse que mulher não pode fazer arrochadeira? Quebrar esse preconceito, nós mulheres também podemos. Hoje a Vingadora tem muitos acessos na internet, no Palco mp3, a galera abraçou realmente. A gente vê Vingadora nas casas, crianças mandando vídeos falando “tiaa, eu sei dançar”, a gente vê os paredões todos no interior tocando a nossa música. É muito gratificante, não tem preço. A banda tem quatro meses, o que a gente já conseguiu alcançar não só não tem preço, estamos surpresos. A gente esperava um sucesso mais lá na frente, foi tudo muito rápido. A gente apostou em uma música, e outra deu certo. Tudo muito louco. E depois tudo deu certo. Deu vem abençoando, colocando pessoas muito especiais nas nossas vidas. Minha produção toda é maravilhosa, Aldo (empresário), Geisa Bahia (produtora pessoal), Pikachu (produtor técnico-geral). A união é muito importante.

Clipe de "Fazer o Crau", com mais 100 mil visualizações no YouTube:
 

Como é a receptividade das mulheres com a banda e suas músicas? Nos shows mesmo, além das visualizações na internet.
Toda vem que a gente chega a uma cidade é uma surpresa. Eu sempre falo “Ai, Aldo. Será que vai dar certo aqui? Como é que tá?” Porque a gente nunca espera. Mas aí vejo a galera cantando tudo, da primeira a última música. Sempre tem uma mais especial que todo mundo grita, a receptividade é muito grande. Temos músicas no nosso repertório que a gente faz umas encenações no palco também. Na ‘Escravo do Prazer’, a gente pega uma cadeira, chama um rapaz lá em baixo pra fazer uma brincadeira. Cada hora no show é uma novidade. As pessoas abraçaram mesmo. As mulheres se sentem lisonjeadas lá na frente. Tipo, acho que pensam ‘tem uma mulher lá representando a gente’, elas gostam das letras, das músicas. Nosso repertório todo defende a mulher. Defendemos a mulher contando vantagem, de que a mulher pode. 

E os homens? Já houve alguma reação negativa?
Tem gente que comentar, né? “Mulher não deu certo no pagode, vai dar certo na arrochadeira...”, mas já deu certo.  Não tem o que falar. Poderia ser um produto de gaveta, mais um. Mas a gente tem um diferencial. São várias identidades que transformam a gente em diferente. Tem o violino, por exemplo.  Pensamos, “O que a gente pode trazer de diferente pra esse projeto? Que ninguém tem?”. Ai a gente trouxe um instrumento clássico para a arrochadeira, misturar com pagode, arrocha e dar nisso aí. Fazer o que chamamos de ‘Violino do poder’. E assim, o solo contagiou. Todo mundo curte, todo mundo gosta. Fora a presença que dá no palco, você vê aquele instrumento no palco. Tem batuque e, do nada, um violino solando tudo. Essa é uma das coisas que nos diferenciam.
 
Como conseguiram encaixar o violino na música? 
Na verdade, Pikachu, meu produtor, deu essa ideia. Pesquisamos vários instrumentos, né? Tem bandas que usam esse, outras aquele. Queríamos algo diferente e que ninguém usasse. Imagine misturar música clássica com arrocha? Quem gosta de música clássica, não gosta de arrocha. Mas a gente achou Dan Rodrigues, nosso violinista, um clássico que gosta de arrocha. E aí combinou, formamos o solo do poder. Ficou sensacional.

Fãs da vingadora na porta do hotel em Paramirim-Ba:
 

 
E porque o uso de tantos bordões?
Bom, a gente criou o nome ‘A Vingadora’, né? Um personagem forte. Mas o que iríamos criar para que ela represente essa mulher poderosa? Aí criamos os bordões. Que dizem, ‘sinta minha malícia’, ‘sinta o solo do poder’, bordões marcantes, fortes.  E que as mulheres gostam e que repetem nos shows. Na hora eu canto a música, mas não falo o bordão, e todas as mulheres repetem. “Porque eu sou menina má”, dá um ar de poder, da Vingadora mesmo, sabe? Elas se sentem importantes. Tudo que a gente pensa é sempre defendendo a mulher, trazendo o público feminino, mostrar o poder e nós também dominamos os homens. Isso tem tudo a ver.
 
Você considera que a banda é feminista? Qual sua visão sobre isso?
Todas as nossas músicas defendem a mulher. Nosso repertório é muito eclético. Temos muitas músicas que defendem a mulher, músicas de dança, músicas românticas. Mas sempre músicas que defendam a mulher. Os cantores românticos fazem músicas que favorecem o homem, tratam a mulher como frágil. Mas a gente quer mostrar que a mulher é poderosa, que tá tomando conta da situação.
 

 
São João é uma prova de fogo no interior, né? Como está a expectativa de vocês para o período?
A expectativa é muito grande sempre, né? Tudo que a gente faz é pensando no público, e eles já tem demonstrado que tudo tá valendo à pena.  Pro São João, esperamos que as pessoas gostem, a gente tá trazendo um novo EP, com 4 músicas novas. “Minha mãe deixa”, “Paredão metralhadora”, “Dança das vingadoras” e “Coelhinho na toca”. São surpresas que a gente quer lançar antes de junho. Esse CD novo que ta aí, as 17 faixas, a galera já canta de cor. Eu sei que qualquer cidade que eu chegar, tenho fé em deus nisso, a galera vai cantar, vai curtir esse são João todo A Vingadora. Espero também que a galera goste das músicas novas. A “Minha Mãe Deixa” a galera já tá cantando, a gente chega nos shows e todo mundo já sabe. A gente fica surpresa porque não espera, né? Lançamos a música pra download e, do nada, já tem aquele número enorme e todo mundo já sabe. As pessoas sempre querem coisa nova e a gente tem que estar sempre alimentando isso. Espero que o São João seja maravilhoso não só pra mim, como pra todas as bandas. Sempre pé no chão, humildade sempre. Agradeço a Deus pelo projeto e por tudo que ele tem feito em minha vida.
 

Como surgiu a parceria com Thierry na música “Sobe no Paredão”?
Normalmente os paredões abraçam e curtem a arrochadeira, né? Aí a gente pensou, o que podemos fazer pra agradar eles? Aí a gente criou essa música, “Sobe no Paredão”, que fala das meninas que querem dançar e de todos os paredões do interior. E aí, pra incrementar, queríamos colocar uma voz masculina e pensamos em Thierry. Porque ele é um grande artista, um cantor e compositor muito bem visto pelas pessoas aqui em Salvador e, imagine, levando ele pra lá, como seria? Ai a gente fez essa parceria, gravou essa música de nossa autoria, Thierry colocou a voz e fez sucesso. Ele amou a música, tem o solo do poder. Ele foi até pra Itabuna, em um mini DVD que fizemos lá, fez participação com a gente, foi muito bacana.
 
Vocês têm o projeto de trazer o sucesso da banda para Salvador?
O interior abraça, mas pra chegar na capital demora um pouco. A gente tá vindo aos poucos. Até porque essa questão da arrochadeira ainda tá chegando direito por aqui. A gente tem neto LX como referencia, ele dominou o Brasil todo, chegou na capital com tudo. E A Vingadora é a primeira mulher na arrochadeira, né? A gente quer sim chegar na capital, mostrar nosso poder e que a mulher também faz a arrochadeira.
 

 
Vimos que a agenda de vocês não para. São muitos shows, alguns no mesmo dia. Como, com apenas quatro meses de banda, vocês conseguem ter essa logística?
 
As pessoas que trabalham com a gente são muito ágeis. Pra não embolar tudo, cada um pensa em uma coisa e depois a gente junta tudo para um bem comum, e o empresário bate o martelo. São 14 pessoas na banda e só eu e Geisa de mullher. Dançarinos, músicos, roadies, iluminação e tal.
 
Vocês já retornaram a Itabuna nesse tempo? Como é a receptividade de vocês lá?
 
É uma coisa muito louca. Tem gente que valoriza muito mais o que é da terra do que o que é de fora né? Acho que Itabuna me abraçou muito por isso. Eles querem sempre a gente lá, nunca enjoam. Fizemos show em duas casas fechadas, ingressos esgotados. Agora a gente vai voltar pra um show com Wesley Safadão e Durval Lelys. Imagine aí? Dia 15. Eles querem a gente, a gente toca três, quatro vezes e o contratante ainda liga pedindo de novo.

Clipe de "Sobe no Paredão", com participação de Thierry Coringa (ex-Fantasmão):

Como é conciliar Thaís com A Vingadora? Vocês são parecidas?
 
No começo foi bem difícil por eu ser uma pessoa  que eu achava que não tinha nada a ver com A Vingadora. Tipo, eu era tranqüila, na minha. Nunca fui essa mulher poderosa arrasadora. O que é a Vingadora? Uma mulher poderosa, mulher que domina os homens, defende as mulheres, auto-estima lá em cima, ousada, abusada em tudo, até nos looks. E Thais não. Sempre gostei de outras coisas. Sempre fui mais besta, dominada, coração frouxo... Mas hoje não.  A Vingadora me ajudou muito, to vingadora, acredita? Já esqueci Thais. Nem consigo mais lembrar. Vivo pra isso, incorporei, acho que tem que ser assim mesmo. Fiz aulas de muita coisa, eu era muito machão. Hoje em dia eu to bem razoável (risos).