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Entrevista

Windson Silva, do Cheiro: ‘Se pensar que vou ser inimigo de Alinne, estaria fadado ao insucesso’

Por Rafael Albuquerque

Windson Silva, do Cheiro: ‘Se pensar que vou ser inimigo de Alinne, estaria fadado ao insucesso’
O empresário Windson Silva, todo poderoso do Grupo Cheiro, concedeu entrevista ao Bahia Notícias para falar do novo momento que a banda vive. Com a mudança da cantora prevista para a Quarta de Cinzas de 2014, uma reoxigenação está prestes a acontecer. Tranquilo, sorridente e com ar de satisfação no rosto, Windson compareceu à redação do BN ao lado de Vina Calmon, cantora da banda Axerife, que vai substituir Alinne Rosa à frente dos vocais do Cheiro de Amor. A palavra substituição é evitada por ambos. Independentemente do termo usado, o que se espera é uma mudança radical na banda. Um “recomeço”, como diria o próprio Windson. Nesta entrevista, ele não se furtou a falar de assuntos polêmicos. Negou que haja uma crise instalada no axé, disse que o sertanejo e o forró têm um grande expoente e o resto bate na trave em bilheteria e, é claro, falou da relação com Alinne e de como tudo ficará depois do carnaval. “Se eu pensar que eu vou ser um inimigo de Alinne eu tô totalmente fadado ao insucesso, porque estarei pensando pequeno. Tenho que trabalhar com o horizonte de concorrência de todo o mercado, onde ela será só mais uma. Nesse primeiro momento vai ter essa interferência grande, mas depois ela se dissipa”, disse Windson, que carrega consigo a experiência de mais de décadas no mercado de entretenimento.  Confira a entrevista do empresário na íntegra:

Bahia Notícias: Como foi o processo de escolha do cantor até chegar a Vina Calmon?
Windson Silva: Posso te dizer que nesse processo a gente foi muito feliz. A felicidade é enxergar na Bahia uma quantidade imensa de talentos. Poucas pessoas sabem, mas esse processo já vem se arrastando por mais de um ano. Então, há muito tempo eu venho entrevistando pessoas, conhecendo garotas e homens dispostos a participar da banda Cheiro de Amor. Vimos muitas pessoas bacanas, mas foi afunilando.

BN: Muita gente conhecida no mercado?
WS: Muita.
 
BN: Quem?
WS: A gente não pode falar o nome porque as garotas estão em suas carreiras e ser preterido é bem delicado. Então, não posso falar. O que posso dizer é que a Bahia é um celeiro maravilhoso. Tem muito artista maravilhoso e com axé na veia. Mas nós fomos afunilando.
 
BN: E aí vocês chegaram ao nome de Vina?
WS: O processo se afunilou e fizemos a opção por uma artista que a gente via que tinha futuro. Além disso, queríamos uma pessoa que não tivesse muita exposição. As pessoas não conheciam Vina e nossa intenção era essa. A gente queria uma cara nova e, evidentemente, que cantasse bem. Então, a gente chegou a essa decisão de ser a Vina Calmon.
 

 
BN: O fato de vocês preferirem uma cara nova não pressupõe uma espécie de recomeço?
WS: Mas é um recomeço mesmo. Por exemplo, Márcia (Freire) ficou dez anos, Carla (Visi) ficou quase cinco, depois Márcia voltou e ficou mais três e Alinne ficou dez anos. Então, isso vai ser um recomeço. E que recomeço gostoso. A gente se oxigena, trabalha mais, tem o mercado mais difícil pra enfrentar. A gente tem que se adaptar, ser um pouco camaleão.
 
BN: Falando em mercado, como você percebe o axé music atualmente?
WS: Eu sou muito otimista. Há muitos anos quando se falou em crise no Brasil, eu dizia aos diretores sociais do Cheiro para eles tirarem o S da palavra crise, e fica crie. Então, a ideia é criar, se reinventar. Eu não enxergo uma crise na música baiana. Quem acompanha as bilheterias pelo Brasil sabe que o mercado nacional de música, sim, está em crise. Existe falta de recursos em todos os segmentos. Mas temos vários segmentos musicais passando crises muito grandes e nesse contexto o axé está muito bem.
 
BN: Quais segmentos?
WS: Eu não queria citar, mas tem o sertanejo que tem o expoente que é a dupla Jorge & Matheus. Os outros estão com várias bilheterias no Brasil batendo na trave. A gente tem o forró cujo expoente é o Aviões, mas não tem outros grandes expoentes. Na Bahia podemos falar de Asa, de Ivete, de Chiclete, de Saulo, de Cheiro de Amor. É tanta gente que eu me pergunto: a crise abateu a gente? Então, essa é a prova de que o mercado precisa ser renovado. A Bahia sempre renovou e a gente está renovando.
 
BN: Você fala em renovação e isso me remete aos três últimos artistas que estouraram nos últimos dez ou quinze anos que foram Saulo, Alinne Rosa e Claudia Leitte. De lá para cá, muita coisa surgiu, mas nada fica no mercado. De que adianta renovar sem ter o resultado disso?
WS: Aí é uma coisa natural: a maturação. Você falou de Alinne, que tem dez anos no Cheiro e tá em processo de maturação, quase pronta. Saulo não tem dez anos, tem mais por causa da banda Chica Fé, então o cara vem há 15 anos se preparando e chegou numa posição maravilhosa. E você também citou Claudia, que vem de banda de forró, de pagode, que já tem boa estrada e começou bem cedo. Você vê que o produto dessa renovação floresceu agora. Não se pode produzir um artista pensando que daqui a dois anos vai dar resultado. Isso é o que muita gente acha. Eu vou ser honesto: minha expectativa com relação a Vina é tranquilo. Sei que esse processo de maturação dela é gradual. Não é tão lento porque ela já tem uma história, já tem intimidade com o palco. Mas não podemos pensar que é daqui pra amanhã. Não me cobrem daqui a dois anos. Não cobrem a mim e nem joguem esse peso nela, porque nossa convivência com o mercado não é tão simples. Temos por exemplo os apresentadores de TV, a mídia, tudo isso é muito delicado. Quando você chega e diz que tem uma artista boa, que canta bem, eles perguntam quem é. Se você diz e eles não conhecem, eles não querem. Temos que sair penetrando em programas menores, mostrando a cara, até dar resultado e abrir portas. Não temos que ter ansiedade. Agora, as coisas podem ser mais rápidas, mas aí tem que acertar em cheio na música. Na primeira, na segunda, e aí as coisas andam de forma mais rápida.
 
BN: Houve, por sua parte ou de Alinne, a cogitação de quebra de contrato?
WS: Não, a gente não discutiu isso. Por isso que em todos os momentos eu fui veemente na negativa do fato da saída dela porque nós tínhamos um contrato. Na verdade, o contrato da gente não foi quebrado. Mas antecipamos em três meses. A gente checou com Vina e ela já ia sair da banda depois do carnaval e o de Allinne ia até o dia 31 de agosto. A gente aí resolveu numa boa. O que era bom pra os dois foi feito. Em nenhum momento Alinne disse que não ia cumprir contrato e nem nós cogitamos isso.
 
BN: Foi a melhor decisão?
WS: Acho que sim, até pela ansiedade dela de sair...
 
BN: Me refiro à separação.
WS: Foi. Em relação de casal, de pai e filhos e até de colegas de trabalho sempre há um desgaste natural. Então o nosso desgaste já existia por vários motivos. Não vou ser hipócrita e dizer que não existia. Então, chegou o momento em que ela descobriu novos horizontes e eu acho que é muito justo. Como já estamos acostumados, dissemos que tudo bem e fomos buscar outra pessoa para desenvolver um novo trabalho.  Temos uma estrutura bacana, sólida. Sabemos que não vai ser fácil nem pra nós, nem pra ela. Confiamos no potencial de Vina e também confio que ela (Alinne) vai se dar bem pelo que conheci dela há dez anos quando ela era backing vocal. A gente acreditou nela e sei que ela leva nela uma parte do Cheiro de Amor e temos orgulho disso. É bacana ver a Márcia (Freire) e a Carla (Visi) no mercado. Pior era se a gente tivesse os artistas e eles não acontecessem. Aí seria incompetência. Quando você vê um artista, como é o caso dela, que todo mundo torcia o nariz e achava que não ia dar certo, dando certo a gente acha bacana. Acho que o sucesso dela faz parte do nosso sucesso.
 
BN: Então, Quarta de Cinzas começa uma nova história no Cheiro de Amor?
WS: Na verdade, a história já começou. Tanto que a gente já tá aqui hoje com você apresentando os projetos. Então, dia 12 vamos fazer um coquetel um Salvador pra apresentar Vina à imprensa e ao mercado. Vamos ter um pocket show e tirar as dúvidas.
 

 
BN: A partir de Quarta de Cinzas a relação, seja ela qual for, entre você e Alinne Rosa está totalmente rompida?
WS: Não, em hipótese alguma. Eu acho que a partir de Quarta de Cinzas vai existir uma relação natural de mercado. Num primeiro momento ela vai atuar em um nicho de mercado que tem muita interferência com o Cheiro de Amor. Mas isso é natural. Eu te digo que o grande concorrente do Cheiro de Amor no mercado não é Alinne. Meu grande concorrente é o forró, o sertanejo, o pagode, o funk e todos os artistas baianos. Se eu eleger uma pessoa pra ser meu concorrente eu vou me acabar. No sentido comercial todos são concorrentes. Tenho que me esmerar pra ter um show bonito, boas músicas, e que isso faça com que eu trabalhe bem nosso artista e ser comercialmente aceito. Resumindo, se eu pensar que eu vou ser um inimigo de Alinne eu estou totalmente fadado ao insucesso, porque estarei pensando pequeno. Tenho que trabalha com o horizonte de concorrência de todo o mercado, onde ela será só mais uma. Nesse primeiro momento vai ter essa interferência grande, mas depois ela se dissipa. E depois, a Bahia é muito grande e tem espaço pra todos. Tem espaço para ela, para o Jammil, para o Eva, pra todos. Eu acho que a gente tem é que estar mesmo juntos e defender a bandeira do axé e da música baiana. A gente tem que brigar pra entrar em Goiás, Mato Grosso, furar Minas Gerais todo, São Paulo e Rio, onde é mais complicado. Então quero que ela seja muito feliz e nós também.
 
BN: O que você pode adiantar dessa apresentação do dia 12?
WS: Ah, vai ser um pocket para a imprensa e convidados do mercado onde Vina vai ser apresentada. Lá vai ser respondida a grande pergunta: ela canta? Claro que lá vai ser num formado acústico. Não tem como reproduzir lá o que ela vai fazer em trio, pedir pra tirar o pé do chão. Em outra oportunidade, o trabalho pulsante dela será exposto.
 
BN: Por fim, há uma possibilidade grande de Vina se apresentar no Carnaval de Salvador este ano. Seria no próprio Bloco Cheiro?
WS: Não, não há possibilidade de ser no Cheiro. O Cheiro é exclusivo da banda Cheiro de Amor com Alinne até esse carnaval. Mas teremos novidades (risos).

Fotos: Cláudia Cardozo / Bahia Notícias