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Luis Ganem: Caetaneando com Faustão!

Por Luis Ganem

Luis Ganem: Caetaneando com Faustão!
Foto: Divulgação

A palavra Caetanear nunca esteve tão em moda. Lógico, em se tratando do verbo criado por Djavan na música “Sina”, feita em homenagem ao aludido cantor baiano, criador da tropicália e vanguarda da música nacional Caetano Veloso, “Caetanear” pode trazer no seu conceito, uma pluralidade de definições que suscitam diversas formas de se entender o verbo criado. Desde seu modo mais simples de significado: “compor como Caetano” ás formas mais diversas do entendimento como: reinventar, inventar, impressionar, modernizar ou somente “Caetanear”, o que posso afirmar, é que neste momento de crise musical baiana, nunca um “jeito de ser”, se tornou algo tão imprescindível. 

 Mas daí, o que de mais interessante apareceu por essas “paragens” que mereça tamanha atenção, e que valha dar a ideia de algo no estilo “Caetanear o que a de bom” a ponto de despertar bons sentimentos. Bem, posso dizer que trazer de volta a ideia de fazer eventos tocando antigo sucessos – até porque a ideia é antiga mesmo – está sendo, mesma que nostálgica, um bom mote para levar público aos eventos em 2016. 

Olha, quando digo: Ideia antiga, é porque a mesma diferentemente do que pensam alguns, não foi feita agora pela primeira vez com o Harmonia, Tchan, Bel ou quem tenha dela se apossado e se colocado como idealizador. Se existe alguém que criou, desenvolveu, lançou e bate nessa tecla ou nessa ideia a mais de dez anos é: Augusto Márcio Paula de Oliveira! Desconhece? E se eu disser Faustão da Nata (uma referência a Banda Nata do Samba, banda que ele esteve à frente por um bom tempo) lhe diz algo? Pois bem, esse cara é que é o cabeça de algo que agora ao que parece está virando moda, (o artista fazer um show com seus grandes sucessos, e nominar como algo das antigas) e é essa mais uma história que a música baiana tem, e que vale a pena contar.

 Voltemos então ao verão do ano de 2001/2002. Naquela época, o mundo começava a experimentar mudanças desde o atentado de 11 de setembro (dois aviões se choraram contra as torres do Word Trade Center em um ataque terrorista). Na Bahia, o esporte clube Bahia se tornava campeão baiano depois de um longo jejum, e cabelo raspadinho interpretada pela banda chiclete com Banana saiu na frente e veio a se tornar a música do carnaval daquele ano.  Vivia a música da Bahia ainda um bom momento, pois o axé estava criado a menos de 15 anos, e ainda estava em alta no mercado nacional. foi nesse cenário, que Fautão (conhecido por esse apelido, por ser um cara acima do peso, mas em que nada lembra o aludido apresentador) começou a tocar sua idéia de música das antigas.

 “Somente para entender, Faustão ou Guto, é uma daquelas pessoas que podemos chamar de diferenciadas. Figura simples, com sacadas quase sempre diferenciadas, Faustão/Guto sempre foi um sujeito que enxergava à frente do seu tempo, e não seria diferente em ver que tocar grandes sucessos em um show daria mais que certo”. Ainda à frente da banda Nata do Samba, já era desde então, além de artista reconhecido no meio, fã incondicional da música baiana. Diz as história que de tanto tocar os antigos sucessos dos seus ídolos em festinhas e rodas de amigos (o que era uma boa desculpa para seduzir e praticar o “bom dia amor” em moçoilas inocentes) resolveu pelo resultado obtido nesses saraus “bem, mal intencionados”, fazer de forma profissional um evento que pudesse levar a mais pessoas, o som que ele gostava. E foi no restaurante Tapioca, que tinha na sua programação, uma variedade musical que mesclava tudo que estava rolando de atual que a primeira audição do que viria a ser o bailinho do Faustão aconteceu, e daí em diante, nasceu esse formato da axé das antigas que todos nós conhecemos hoje.

 O repertório, que hoje continua sendo mais que atual, era feito em sua totalidade, de sucessos oriundos do fim dos anos oitenta, e de tudo que norteou a música baiana nos anos noventa a exemplo de: “Magia” de Luiz Caldas, Companhia Clic da época de Daniela Mercury, “eu sou negão” de Gerônimo, Virgílio, chiclete com banana, Asa de Águia, Ivete Sangalo entre outros.

 O mais bacana disso tudo, é que o artista, na essência do que deve motivacionar a quem lida com arte, cultura ou entretenimento, disse quando por mim entrevistado, que fez tudo motivado pelo que ele gostava de ouvir, e quando isso tornava prazeroso o oficio de se apresentar no palco e cantar.

 Acho sempre importante fazer o registo, e homenagear as pessoas pelo que elas fizeram e fazem pela música baiana, seja intencional ou não. Quem iria imaginar, que de um pequeno projeto, que depois suscitou a outros, como por exemplo, um feito pelo Artista Alexandre Peixe nesses mesmos moldes, fosse mais de dez anos depois, ser usado e com públicos excelentes, dado o momento que nossa música vive.

 Para quem gosta do bom carnaval da Bahia – sem desmerecer a ninguém – podem ir assistir a um show de Faustão, que sempre está em cartaz, nas melhores casas de eventos de Salvador. Garanto que em se tratando de repertório e de presença de palco – presença não é piada pronta por ele estar gordo e sim capacidade de entreter- Faustão com seu jeito de "Caetanear" não fica devendo nada, a nenhum desses que ai fazem festa nos dias atuais, e se vendem como carnaval das antigas.

E viva Caetano Veloso, e viva Faustão.