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Luis Ganem: O dia ou a noite ?

Por Luis Ganem

Luis Ganem: O dia ou a noite ?
Foto: Reprodução

Lendo os mails que chegam a minha caixa, um em particular chamou a atenção, pois vinha com uma pergunta que confesso nunca antes tinha pensado. Fora as formalidades do e-mail, e da parte do “eu gosto, eu não gosto”, o leitor – presumo eu - da coluna que escrevo, perguntava quase me colocando na posição de oráculo do axé, o porquê da mudança de horários de shows em Salvador, do período da noite, para o dia.

Entendi que quando o mesmo falava “show em Salvador”, deveria estar perguntando, em relação aos chamados: “festivais de música”, que são eventos em que tocam várias bandas em uma única apresentação, e que de uns anos pra cá tem acontecido durante o dia. Confesso, que se antes o questionamento passava despercebido ao menos pra mim, passou a partir de então, a fazer parte do meu foco de visão, e daí, fiquei curioso em saber porque essa mudança comercial estava acontecendo, se essas mudanças traziam ou trouxeram implicações no mercado artístico, além disso, saber quem foi o pioneiro, e o precursor disso tudo.

Por conta disso, comecei uma peregrinação com os produtores de festas em Salvador, para saber como eles viam essas mudanças. 
Comecei a ligar, para os produtores dos grandes eventos. O primeiro que falei foi Marcelo Brito do Wet`n wild. Da conversa com ele, de pronto entendi que por questões logísticas, fazer evento durante o dia – apesar do desgaste maior da produção pelo maior tempo de trabalho – trazia para o evento uma maior possibilidade de êxito do ponto de vista comercial, do que se fosse feito à noite. Lógico, Marcelo disse isso, baseado nos shows que fez ao longo desses anos na casa que administra. 

A explicação de Marcelo, mesmo tendo dado para mim, luz no fim do túnel, elucidou apenas um dos pontos que o questionamento do leitor trouxe à tona. E por não estar satisfeito, pois na minha cabeça ainda faltava algo, fui falar com outro “bamba” do mercado Artístico local e Nacional: Eduardo Ramos. Eduardão – como é carinhosamente conhecido – ao lado de Nei Ávila e Ricardo Lelis agenciam a Ner Entretenimento, umas das maiores produtoras de eventos da Bahia. No papo com o produtor, o mesmo deu a entender que talvez o fato estivesse também ligado, a uma nova cultura da permissividade dos pais em relação a saída dos filhos de menor idade. 

Na conversa com o produtor, isso ficou claro também como uma das causas da mudança, pois para um pai ou uma mãe autorizar um filho ir para uma festa de dia, deva ser menos mal que a noite. Aproveitando a conversa, perguntei se ele saberia dizer quem criou essa tendência de eventos diurnos. De pronto, Eduardão disse que tinha sido Durval Lelis ainda no Asa de Águia, quando criou a Trivela, que foi o primeiro evento diurno produzido pois era feito na praia e portanto precisava ser de dia para acontecer.

Entendi o que Eduardo Ramos tinha dito, aceitei a ponderação, mas achei que precisava ouvir um outro lado, o lado da galera mais jovem, que viesse por estar inserida um pouco mais no meio do novo, pudesse ter uma outra visão deste questionamento. Pra isso, liguei para Rafael Cal Sócio de Ricardo Cal, talvez as mais ascendente empresa de entretenimento da Bahia nos últimos dez anos a: Okey entretenimento.

Rafa – como também é conhecido -, baseou sua resposta, em uma tese que somada a dos outros dois, estabelece um conceito, que se não responde à pergunta do leitor, ao menos traz um norte, para que se entenda tal mudança. No conceito apresentado pelo mesmo, em grandes festas (acima de dez mil pessoas), vale a máxima citada tanto por Eduardão, quanto por Marcelo Brito. A logística de eventos, e a preocupação familiar, fizeram com que as produtoras, para agradar seu maior público que é o adolescente, tivessem uma grade maior, com mais bandas, mais ao mesmo tempo, a colocassem de dia, ou seja, se por um lado ter várias bandas de grande porte, significa um tempo maior de show, que o dia favorece, faze-lo de dia, minimiza a sensação de insegurança dos pais em deixar seus filhos participarem de um evento deste porte.

Percebi, que se fosse continuar procurando, acharia variadas repostas para a pergunta do leitor, meio que um mar sem fim de conclusões. Posso dizer que independente da resposta e de qual seja a certa, é importante ressaltar que ainda somos uma Cidade e um Estado, que vive à mingua de lugares específicos para shows, mesmo sendo reconhecida mundo afora por sua música. 

Quando mudaremos essa realidade? Talvez seja essa a melhor pergunta.