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Luis Ganem: do sussuro ao grito - é preciso parar pra ouvir

Por Luis Ganem

Luis Ganem: do sussuro ao grito - é preciso parar pra ouvir
Foto: Reprodução

Vi por esses dias nas redes sociais um desabafo do cantor/compositor profissional Juno Rizzo. O mesmo, ainda desconhecido da música baiana – ao menos do grande público – revoltado com nossa apatia atual, deferia um “ataque” sem dó a todos os profissionais do meio, que em uma tradução livre das palavras dele “se renderam ou se deixaram levar pelo modismo sertanejo e abriram mão da nossa poesia ou de sucessos de outrora, para se submeterem aos caprichos do aludido ritmo”.
 
Poderia aqui dizer, meio pra “tirar de tempo”, que o manifesto público feito nas redes sociais e endereçado aos que vivem e que fazem parte da nossa música, era apenas mais um discurso de um indivíduo revoltado. Isso por não ter chegado ao sucesso comercial pleno, ou que procurava espaço para ficar conhecido, ou ainda que num rompante de raiva, resolveu mandar tudo para o espaço, e demostrar toda sua ira, independente das consequências, havendo-as ou não.
 
Mas não. O texto corajoso demonstra que começa a existir, dessa vez de forma explícita, um desconforto mais explícito, com a falta de vontade e interesse, das estrelas do Olimpo baiano e seus empresários, em fazer valer com o axé, seu lugar cativo ao sol. Outros artistas desconhecidos da grande massa nunca o fizeram, ou por receio de retaliações, ou por estarem mesmo sem o sucesso pleno, numa “relativa” zona de conforto.
 
Juno, no desabafo que proferiu na sua página pessoal do Facebook, resolveu marcar a todos que vivem a música baiana, e que na visão dele, poderiam avivar essa discussão. De jornalistas e radialistas de opinião como Osmar “marrom” Martins (Jornal Correio e coluna do Marrom), Betinho da Band (Band FM) e Maurício Habib (Rádio Bahia FM).
 
Passando por empresários artísticos da estirpe de Windson Silva (banda Cheiro de Amor) ou por músicos como o criador do ritmo axé Luís Caldas, ou ainda por produtores musicais baianos consagrados como Wesley Rangel (WR estúdios), Alexandre Lins e Jonga cunha (Ambos responsáveis em épocas distintas pelo sucesso da cantora Ivete Sangalo), o cantor fez pelo nível de pessoas marcadas no texto, a intenção de trazer à tona mas desta vez na visão de um artista, o momento delicado do ritmo.
 
Mas nem tudo foi raiva e angustia. Mesmo deixando claro no texto que não queria curtidas, mas sim um reflexão sobre o problema, o mesmo teve diversos aplausos e manifestações favoráveis. Dos pequenos pronunciamentos concordando com tudo que o artista tinha falado, a curtidas de nomes conhecidos do meio musical local, o que mais me marcou em tudo que li, foi a reflexão quase que como um raio-X, feito pelo Cantor baiano Netinho, um dos marcados por Juno.
 
Achei o texto-resposta de Netinho tão desprovido de arroubos do ego, de sentimentos de inveja, tão claro e reflexivo na medida certa, que meio se encaixou como uma luva, com o texto de Juno.
 
Mas, pra quem ainda não leu – o que todo mundo deveria fazer - não pense que tudo foi só espinhos. Houve também por parte do artista, em resposta as manifestações recebidas, menções positivas a alguns aspectos do nosso momento.
 
O modelo de Carnaval popular, proposto pelo Prefeito ACM Neto para 2016, e a fala proferida pela cantora Daniela Mercury, que acompanhou o Prefeito em um evento feito para apresentar o verão de Salvador, ao trade do turismo na cidade de São Paulo, foram por exemplo,  momentos citados pelo cantor, para mostrar pessoas que estão comprometidas com a nossa música, com a nossa gente, e tentando fazer a diferença.
 
Gostaria de contar mais do que li, mas, como as linhas são poucas, deixo enquanto colaboração para sairmos de vez dessa crise, ou para que possamos ao menos discuti-la de forma ampla e irrestrita, sem poeiras debaixo do tapete, ou conversas apenas em rodas fechadas, esse pequeno relato do fato ocorrido, já que também fui marcado em seu texto do face, para que sirva como nada, de caixa de ressonância para o assunto.