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Luis Ganem: Bang! mais um tiro do Pop no Axé

Por Luis Ganem

Luis Ganem: Bang! mais um tiro do Pop no Axé
Foto: Divulgação

“Captei vossa mensagem, amado Guru” diria o personagem Rolando Lero, interpretado pelo saudoso ator Rogério Cardoso, se estivesse ao meu lado quando comecei a divagar essa semana, depois que vi por um acaso, o novo clip da cantora Anitta (lançado dia 9 de Outubro, e tendo até o final do referido mês, mais de 16 milhões de visualizações no YouTube). Confesso, que vi e revi umas dez vezes ao menos o clip, e a cada vez, gostava ainda mais. E melhor de tudo, é que consegui entender de forma clara a partir da visualização, o que tem feito a cabeça das crianças e adolescentes de então, e como alguns ritmos e mercados – como o pop por exemplo -  que já tiveram seus momentos ruins, estão conseguindo voltar a fazer sucesso no cenário musical.
 
Nada que seja absolutamente surpreendente, mas apenas a repetição da velha formula recapeada - e que de tempos em tempos ressurge - de agradar aos adolescentes pra chegar aos adultos. Fórmula essa, que começou a fazer efeito com o ritmo pop – se baseando em Anitta, diga-se de passagem - sendo que o foco principal agora é o novo artista e não o já consagrado, sendo o foco secundário a melodia, harmonia e as letras (falar de amor, mesmo do jeito moderno, voltou a moda) enfim tudo novo do velho, tudo moderno do antiquado.
 
Pra quem já viu o clip e não conseguiu ter essa percepção vou tentar explicar e portanto, peço que veja novamente. E pra quem não viu ainda, veja e tire as suas conclusões.

 
O trabalho em si, não propõe nada de novo. É apenas o formato de alguém que canta, tendo como pano de fundo, alguns apelos visuais, como as cores fortes, finalizações de computação gráfica, e com passos coreografados. Mas é ai que ele dá o pulo do gato; o tom despretensioso e aparentemente sem apelo, agrada em cheio a criançada, principalmente as meninas entre os sete e quatorze anos, ávidas por ídolos, a seguir e copiar, da roupa aos gestos. E o pop nacional, seguindo uma tendência quase que mundial de copiar o que é feito no mercado norte-americano, está conseguindo essa proeza.
 
O mais preocupante disso, foi perceber, que de todos os mercados envolvidos na música nacional, somos o único fadado, a não poder usar todos os elementos vindos de fora, por serem pouco adaptáveis ao nosso ritmo. Mesmo que alguns artistas como Ivete Sangalo, ou Claudia Leite, apliquem em seus shows por exemplo um corpo de ballet, o que já é uma exceção à regra, já que outros grandes artistas da música baiana, por características próprias, ou pela intensidade das suas músicas, ou por desinteresse mesmo não usam esses elementos, nos deixando fadados, quando muito, à além do ballet citado, de um bom set de iluminação, e ou algumas pirotecnias básicas de palco.
 
Tratando do assunto dessa coluna: os clips, é pior ainda o interesse, de fazer valer um bom projeto. Ao que percebo, entende a grande maioria dos empresários e dos artistas, que não vale a pena investir nesse tipo de conteúdo, para atingir a um novo público, e fazer um material que possa efetivamente ser usado como referencial, ou algo que valha.
 
Das novas estrelas da nova música baiana, ao que lembre, apenas a galera da Banda Duas Medidas, conseguiu com um pequeno orçamento (em relação ao que se gasta em um clip) e um roteiro inusitado (gravado em uma literal farra em Las Vegas) fazer um dos clips (farra louca) mais bacanas – na minha concepção, que fique bem claro – dos últimos tempos da nossa música, fora isso, apenas uma repetição de sets e roteiros sem a menor criatividade.
 
É triste perceber que já houve um tempo, em que existia uma preocupação com a plástica visual em clips e que hoje não existe mais. Obras importantes como por exemplo, os feitos por Daniela Mercury como  “Canto da Cidade” e “Nobre Vagabundo”. Vergonhoso saber que agora, qualquer gravação visual, da mais tosca possível, com um mar de pano de fundo e três gatos pingados, dançando em uma coreografia de fundo de quintal, possa ser chamado de clip, e que tente se vender essa imagem, como obra visual.
 
Se liguem!