Luis Ganem: O insuportável grito - essa é a música do verão!!!

Já está chegando o verão, e com ele as intermináveis festas da estação que vem a cada ano,  de grande ou pequeno porte, que acontecerão pelo interior do Estado até março e que serão quase semanais. Lógico, aliado a isso, um monte de música vai inundar as caixas de som e nossos ouvidos, com os mais variados ritmos e letras. Algumas boas, outras chatas e ruins, mas que tocarão intensamente em busca de algo não palpável, mas que faz, ou pelo menos já fez diferença, na outrora espetacular música baiana: a música do verão.

 

Aos que pensam que esse texto vai ser para falar sobre qual música vai vir a ser a mais tocada na Bahia neste verão, ou no carnaval de Salvador, ledo engano: até por que, falando sinceramente, estou vendo tocar intensamente em todos os lugares, uma irritante “música chiclete” que fala sobre um cara, que troca um hotel em Dubai, ou a viagem em um módulo lunar, pra ficar ouvindo a voz da mulher domingo de manhã – até ela dar um chute na bunda do cara e ele ouvir a caixa postal do celular dela - como uma forte candidata a esse “título” de música do verão ou Carnaval. Então, sendo assim, o meu comentário sobre o tema da melhor do verão, ficará mais pra frente.

 

Mas em falando de melhor isso ou aquilo, engraçado essa coisa de música do verão, todo mundo acha que a sua música vai ser a do verão. Tenho começado a ir a alguns eventos, e em quase todos, na hora em que a banda ou o cantor vai começar a cantar a música de trabalho, sempre grita em alto e bom som: “Essa é a música do verão”! Pelo amor de Deus, isso é muito chato. Uma coisa é um Marcio Victor, que teve nos últimos quatro anos, pelo menos três músicas intituladas do verão, lançar esse grito - com todo mérito diga-se de passagem - outra coisa é uma banda que está começando, ou um cantor ou cantora que já teve um sucesso no passado, lançar isso como se fosse um simples grito de guerra.

 

Há alguns anos, um desavisado empresário - pra não dizer “sem noção” - resolveu colocar alguns outdoors pela cidade intitulando a banda reggae que empresariava e a sua música como a do verão ou carnaval, o que sinceramente se tornou piada pronta, se pensarmos que nem a música da banda tocou nas rádios, nem a banda tocou no carnaval.
 

Sei que vai aparecer um bocado de “místico” pra me criticar, dizendo que não sou positivo, e que as palavras têm força, ou ainda que o pensamento positivo constrói, ou perguntando se eu nunca li o livro “O Segredo” e um monte de coisa desse tipo. Mas tenha dó, nada contra quem acha sua música boa, mas daí afirmar e ficar gritando a cada vez que fizer o um show que aquela é do verão, é um pouco demais.

 

Olha, se servir de conselho - até porque se conselho fosse bom, não se dava, vendia - caro cantor ou cantora, que acha massa essa coisa das palavras terem força, que é místico ao extremo, na próxima vez que for cantar, ao invés de gritar de forma irritante que a música que vai ser tocada naquele momento, vai ser a próxima música de sei lá o que, toca ela direitinho pra o ver se o público aprende, e promove a música naquele evento, ou entregando o single na porta de entrada ou de saída, ou botando uma juventude bonita e sorridente para distribuir o Cd pela plateia, ou algo parecido.  Garanto que o resultado vai ser bem melhor, tanto em nível de promoção, quanto da irritante obviedade, de todo mundo saber que de verão ali, só o bronzeado reinante.