Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Holofote
Você está em:
/

Coluna

Pós-copa, uma recessão anunciada!

Por Luis Ganem

Pós-copa, uma recessão anunciada!
Produtores estão preocupados com eventos pós-Copa Foto: Joilson César/AgHaack|BN
Nesses tempos de vacas magras, em que nada de novo acontece nessa nossa terra, estava pensando o que escreveria na coluna falando sobre música. Afinal, nosso Brasil e nossa Bahia nestes tempos só respiraram futebol, e a nossa seleção, merecedora de todo nosso crédito, estava tentando não dar vexame (goooool da Alemanha!).
 
Bem, mesmo não sendo mãe Dinah ou qualquer outro vidente famoso, o que posso dizer é que, conversando com produtores e empresários do meio musical, soube que esse segundo semestre, ao que parece, não promete muita coisa boa. As perspectivas não são e não estão sendo das melhores para a nossa música, que necessita para acontecer de uma economia estável e em crescimento, o que o meio acha que não está havendo.
 
Pode até parecer pessimismo demasiado, mas a explicação que recebi me convenceu que isso realmente pode acontecer. Os produtores estão se baseando, para essa conclusão, nos números atuais da economia, e na péssima venda de bilhetes em eventos recentes, fora e dentro do nosso Estado.
 
Foram-me dadas duas referências para justificar esse temor. Uma o São João, e a outra a perda do poder aquisitivo da população, aliado ao aumento de shows internacionais. Como é isso? Vou explicar.
 
Falando de São João, nos anos anteriores, todo mundo, independente da festa e do artista que fosse, vendia tudo. Desde que o São João moderno (o que é feito com grandes bandas de forró, diferentemente do passado onde o sanfoneiro, a zabumba e o triângulo faziam a festa) chegou ao interior da Bahia, por mais que faltasse cerveja, ou que algum artista chegasse atrasado, nunca uma festa ficou sem público no ano seguinte, mesmo com essas falhas de produção.
 
Neste ano, a coisa foi diferente. Como primeiro reflexo de um ano ruim, alguns forrós foram tão fracos, tão pífios, que um apenas conseguiu vender, em dois dias, somente cinco mil camisas, mesmo com uma excelente programação musical e com a justificativa da copa empurrando a festa. Aliado a isso, a chegada da inflação, mesmo que implícita, junto com a vinda de artistas internacionais (que saem do seu país, para buscar o dinheiro fora, quando o mercado deles vai mal), aliada a pouca presença dos nossos artistas na mídia nacional que, por conta da copa, voltaram suas redações para Neymar, Messi e Cristiano Ronaldos e companhia, fez com que as vendas ficassem mais baixas ainda. Assim, consequentemente, o valor do ticket médio aumentou para poder se cobrir os custos. Ou seja: criou-se uma matemática difícil de resolver, que aliou o preço alto ao poder aquisitivo baixo e juntou tudo isso ao pouco dinheiro circulando nas mãos da população. Resultado, botar comida na mesa ao invés de se curtir um show se tornou, a prioridade para qualquer cidadão de bom senso.
 
O que podemos esperar nesse segundo semestre? Prejuízo. Infelizmente, as perspectivas por menores que possam parecer, sugerem de forma clara que a música caminha - ao menos neste primeiro momento - para uma das piores crises que o mercado da música baiana já passou. Se as coisas continuarem desta forma, fico me perguntando como será que vai estar nosso mercado quando chegar o carnaval. 
 
Mesmo não sendo palito de fósforo, tem muita gente que de agora em diante vai ficar de cabeça quente. 
 
E pra não perder a piada: “goooool da Alemanha”.
 
Luis Ganem