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Eu fico contente em saber que Ivete da Bahia é Brasil

Por Luis Ganem

Eu fico contente em saber que Ivete da Bahia é Brasil

Tinha dito a mim mesmo e a alguns, após o mais recente texto (nunca diga último) sobre Ivete, que tinha falado tudo a respeito dela. Da carta do nascimento de seu filho Marcelo ao DVD do Madison, pensava não ter mais o que falar, portanto havia dito que, a partir de então, iria dar um tempo e mudar o rumo da prosa (parar de encher o saco). Disse isso considerando que, a partir de então, iria me restringir a ser apenas um observador anônimo a elogiar, ou não, os atos públicos da artista.
 
Na sua coletiva de imprensa, um fato inusitado me chamou a atenção e não consegui enxergar mais nada sobre o tamanho do evento que estava sendo exposto ali, porque, sem querer, acabei prestando atenção no que poucas pessoas viram e ou acho somente eu vi: uma Ivete diferente, meio que ansiosa, tentando se mostrar centrada, tentando distrair e se distrair fazendo piada e sendo solícita, tentando não transparecer a ansiedade, mas deixando nas respostas ligadas ao DVD certo ar de incerteza, de angústia. Pareceu, em certos momentos, uma Ivete distante, em uma divagação que quase passou imperceptível, podem dizer que sou louco, mas eu vi.
 
Levei essa incerteza comigo e fiquei com ela na cabeça até a hora de começar o show, pois, ao chegar no estádio ainda cedo, e com poucas pessoas no gramado e na arquibancada para o tamanho do local, entendi, naquele instante, que o público presente poderia não ser tão grande quando a vontade de Ivete em prestigiar a sua gente.
 
Enquanto o show não começava, a Hollywood, ah! Sempre a Hollywood (termo dado para definir bastidores de festa cheio de artistas, empresários, papagaios de pirata e todo tipo de gente estranha e esquisita convidada pela produção), corria solta. De Serginho Groisman a Sabrina Sato, passando por Alinne Rosa e outros tantos, todo mundo circulava para ver e ser visto. Engraçado é que, nessas horas, a frase que mais se ouve do meio musical é: me ajude! Creio que em mais de vinte anos de vida pública, nunca ouvi um: vou te ajudar, o que começo a crer depois de tanto tempo de labuta que deve ser o normal... Enfim, estavam ali presentes naquele espaço todas as almas da música. Do Céu, passando pelo purgatório e indo ao inferno (leia aqui), estavam ali todos, juntos e misturados.
 
Mas aí começou o show e, se a Fonte Nova acesa parecia um elefante branco, quando as luzes do estádio se apagaram e as do palco se acenderam foi que entendi a inquietude de Maria, do seu olhar distante, e do brilho que vi nele na coletiva. Ela, que nas duas vezes que trouxe um grande show (Beyoncé e Black Eyed Peas) foi apenas a coadjuvante, desta vez era a #$% das Galáxias e creio agora que era isso que ela ficava imaginando, esse momento.
 
E caramba!, ela soube presentear a sua terra com algo realmente impressionante. Do cenário às luzes, me senti. Aliás, me senti não; estava em um show internacional, em que tudo foi muito grande, a começar pela generosidade da própria Ivete. De fio a pavio, era tudo muito mega. De começo, fiquei extasiado com a iluminação, Simplesmente perfeita. Cada mudança de gesto dela ou da música era acompanhado pela luz. Tudo era cadenciado, tudo estava minuciosamente ensaiado, nada ficou sem atenção nesse quesito. O estádio parecia em certas horas como um Ovni envolvido em cores. 
 
Cantei como um fã – sou dela e de todos que defendem a minha Bahia –, vibrei em cada momento como se fosse um jogo de futebol, como se fosse um gol do meu Bahia (#BBMP). Aplaudi a generosidade do dueto dela com Bell Marques – uma forte música, de qualquer forma –, digna de quem sabe que tem sem lugar garantido ao sol. Me emocionei com a faixa romântica “Só num sonho”, composição dela, do seu maestro Radamés Venâncio e do estupendo compositor e baixista Gigi, que diz em seu refrão: ”Vá, Siga o seu caminho / Que aqui sozinho caminhando/ Construo um outro mundo de ilusões/ Faz Tudo ficar mais fácil/ Dizer adeus é tão difícil / E eu ainda te amo”.
 
Cantei em coro com Saulo Fernandes, aplaudi as passagens de Stomp e do Olodum e da faixa feita com Paulinho Andrade, “No brilho desse olhar”. Pude reviver em pouco mais de três horas, não somente os vinte anos da vida dela, mas vinte anos do Carnaval de Salvador.
 
E pude entender ao fim de tudo que ali estava a Bahia, o meu Estado, minha terra. Tudo sintetizado em alegria, em energia positiva, na singela humildade dessa moça que, mais uma vez, conseguiu me surpreender.
 
Às favas os céticos e a sua hipocrisia em querer que nada dê certo, em querer ver para crer. No caso de Ivete, isso deixou de ser necessário e não faz mais parte do repertório.
 
No começo da gravação, Serginho Groisman disse que: “Ivete é da nossa Bahia”. Com todo o respeito a ele, Ivete é a minha Bahia. E parodiando a letra de Denis Brean cantada por João Gilberto, digo: “Salve! A Santa Bahia imortal, Bahia dos sonhos mil / Eu fico contente da vida em saber que a Bahia de Ivete Maria Dias de Sangalo é Brasil!”
 
#BIMP