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Indicado ao STF, Alexandre de Moraes faz 'maratona' no Senado às vésperas de sabatina

Por Vera Rosa | Estadão Conteúdo

Indicado ao STF, Alexandre de Moraes faz 'maratona' no Senado às vésperas de sabatina
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Apressado, Alexandre de Moraes entrou e saiu de vários gabinetes do Senado, nos últimos dias, com um sapato que definiu como "ruim" para aquela maratona. Escolhido pelo presidente Michel Temer para integrar o Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro licenciado da Justiça era o típico candidato em campanha. Às vésperas da sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), marcada para terça-feira, ele distribuiu aos senadores a 32.ª edição de seu best-seller Direito Constitucional e tirou até "selfies" nos corredores da Casa. "Sucesso e sorte!", escreveu Moraes na dedicatória da obra, com pequenas variações, dependendo do grau de proximidade com o parlamentar. Dois seguranças da Polícia Federal e um ajudante de ordens que carregava os livros de capa preta em sacolas acompanharam o indicado do presidente no beija-mão pelo Senado. Moraes andava tão rápido pelo túnel do tempo - como é conhecida a ligação entre o Salão Azul, as salas das comissões e os gabinetes - que repórteres eram obrigados a correr para alcançá-lo. "E olhe que esse sapato é ruim", disse ele, na terça-feira, abrindo um sorriso quando um jornalista perguntou se aquele preparo físico se estendia ao preparo para a sabatina. Foi a única resposta dada pelo homem que, à frente da Justiça, sofreu um desgaste após o outro com as rebeliões nos presídios e a crescente onda de violência. "Só dou entrevista depois da sabatina e da votação do meu nome em plenário", avisou. No esforço para demonstrar independência do Palácio do Planalto, mas também agradar àqueles de quem depende para chegar ao Supremo, o ministro licenciado foi econômico, ainda, nos comentários sobre a Operação Lava Jato. Seguiu as ordens de Temer, que o mandou fechar a boca a respeito de temas espinhosos. Mesmo assim, Moraes correu riscos. A portas fechadas, disse ser favorável a restringir o foro privilegiado. Para ele, a prerrogativa deveria alcançar apenas os presidentes da República, da Câmara e do Senado, além do vice e magistrados do Supremo. "No Brasil, todo mundo faz delação com muita facilidade", constatou Moraes, na conversa com João Capiberibe (PSB-AP), sem adiantar se defende mudanças nesse sistema. "Você não viu como era na época da ditadura", retrucou o senador. Se o novo modelo de foro privilegiado estivesse em vigor, denúncias da Lava Jato envolvendo deputados, senadores e ministros do governo, por exemplo, seriam julgadas em primeira instância, quando transformadas em ações penais. "Eu não concordo com isso. A política é como uma rosa, que também tem espinhos. O parlamentar precisa de proteção no exercício da função. Se ficar à mercê de questões locais, está morto", reagiu José Medeiros (PSD-MT). O senador é um dos dez parlamentares que participaram de um jantar com o candidato ao STF no barco Champanhe, de propriedade de Wilder Morais (PP-GO), no último dia 7. Sandro Mabel, assessor de Temer, também bateu ponto ali. Moraes foi lembrado, naquela reunião, de que o fato de ter advogado para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso desde outubro, seria explorado contra ele. Desde então, o pretendente à cadeira de Teori Zavascki - o relator da Lava Jato que morreu em acidente aéreo - repete como mantra que a estrutura jurídica é composta por um tripé, no qual o Ministério Público acusa, o advogado defende e o juiz absolve ou condena. "Se o indicado para o Supremo fosse Moro (juiz Sérgio Moro, que mandou prender Cunha), haveria aplausos. Se fosse o Janot (Rodrigo Janot, procurador-geral da República), também. Por que há desconfiança em relação ao advogado? Cada um cumpre o seu papel", argumentou Moraes, de acordo com relato de senadores ao Estado.