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Vice no brasileiro, judoca baiano pede apoio para conseguir lutar no Sul-Americano

Por Matheus Caldas

Vice no brasileiro, judoca baiano pede apoio para conseguir lutar no Sul-Americano
Geferson é faixa roxa de judô | Foto: Tiago Dias / Bahia Notícias
A falta de incentivo é um dos maiores empecilhos para o desenvolvimento da base esportiva no país. Muitas promessas, por questões financeiras, são obrigadas a abandonar o mundo das competições. Esse é o caso do judoca baiano Geferson Meireles, de 14 anos, que luta para conseguir disputar o Sul-Americano da modalidade, em Luque (Paraguai), entre 5 e 10 de outubro.

Vice-campeão brasileiro da categoria sub-15, o atleta corre riscos de não viajar para o torneio continental. “Preciso de um patrocínio. Tem vários campeonatos em outros estados que, por falta de patrocínio eu não posso ir. Se estivesse, seria mais fácil”, lamentou o atleta, em entrevista ao Bahia Notícias.

O irmão Felipe Meireles e o treinador Marcelo Carvalho acompanharam o contido Geferson na campanha para conseguir incentivo. “Estamos buscando esse patrocínio. A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) não se responsabilidade pelos custos dos atletas de base. O custo é muito alto. A Federação Baiana de Judô (Febaju) ajudou em partes, mas não em todas as despesas. O objetivo é esse”, disse o técnico.
 

Marcelo (à esq.) e Felipe (ao centro) acompanham Geferson | Foto: Tiago Dias / Bahia Notícias

Felipe, por sua vez, vive o mesmo problema. Vice-campeão dos Jogos Escolares da Juventude, no início deste ano, o lutador da categoria sub-18 chegou a passar alguns meses para treinar em Santa Catarina. No entanto, a falta de adaptação pesou no retorno para Salvador. Perguntado sobre a diferença de apoio entre estados, ele foi taxativo. “Nos outros estados, o judô tem mais apoio que na Bahia. É bastante complicado”, lamentou, citando exemplos de outros estados pelos quais ele competiu.

O atleta de 17 anos espera que, após os Jogos Olímpicos, os holofotes se voltem para os outros esportes além do futebol. “Tivemos a campeã olímpica de judô [Rafaela Silva]. Espero que esse patrocínio venha pra nós dois”, pediu. Carvalho foi na mesma linha. “Digo nem pouca [cobertura da mídia ao judô]. É pouquíssima. O judô é o esporte que mais trouxe medalhas individuais em Olimpíadas. Sempre marcamos presença com medalhas”, reclamou.

Os três são membros do projeto Nintai, desenvolvido na Base Comunitária de Segurança de São Caetano (BCS), em Salvador. Marcelo é um dos quatro professores num reduzido espaço, que recebeu intensa procura após a Olimpíada. Os irmãos Meireles, além de alunos, são monitores e ajudam o treinador.

Por conta da escassez de incentivo, a dupla revelou o medo de ter que parar de competir. Carvalho contou que o único apoio que os irmãos têm é de uma academia no bairro de São Caetano, onde eles residem e estudam. “Nós procuramos fazer o possível, sabe? É muito difícil praticar esporte sem um apoio. Não temos nenhum tipo de apoio. Hoje, eles contam com um fortalecimento muscular, que um dono de academia lá de São Caetano cede o espaço. Fora isso, tem a dificuldade que qualquer atleta de qualquer modalidade sofre. Vimos o Diego Hypolito querendo abandonar o esporte... A maioria sofre com isso”, bradou. 
 

Geferson exibe medalhas | Foto: Jorge Cordeiro/SSP
 
De acordo com o técnico, apesar do apoio do Governo do Estado ao projeto, Geferson ainda não recebeu nenhuma sinalização sobre ajuda para viajar ao Paraguai. “Até agora não se manifestou, apesar de fazermos parte do projeto social lá na Boa Vista do São Caetano. Quem promove essa inclusão é o próprio governo. Mas não teve contato mesmo”. Revelou.

Ao lado do irmão, Felipe comentou sobre a rotina de atleta, e disse que abdica de momentos de diversão para se manter no topo do ranking baiano. “Muitas vezes a gente deixa de ir para festa, sair com os amigos, tudo para treinar. Nossa rotina é de segunda à domingo. De manhã estudamos, de tarde musculação, depois treino e treino. Ainda temos que estudar de noite”, contou.

Além do segundo lugar no brasileiro da modalidade, Geferson é o atual tricampeão baiano e foi eleito duas vezes o melhor atleta da Bahia. Nos Jogos Escolares da Juventude, era favorito ao ouro, por conta da ausência do primeiro colocado no nacional. No entanto, foi eliminado na primeira fase. “Não foi nervosismo. Peguei um atleta forte. Mas, por um descuido, acabei derrotado”, resumiu.