Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Holofote
Você está em:
/
/
Esporte

Notícia

‘Abraçam com um braço só’, diz técnico sobre apoio da dupla Ba-Vi ao futebol feminino

Por Matheus Caldas

 ‘Abraçam com um braço só’, diz técnico sobre apoio da dupla Ba-Vi ao futebol feminino
Foto: Reprodução / TVE
A Copa do Brasil de Futebol Feminino terá início nesta quarta-feira (24) para o único representante do estado no torneio. O São Francisco jogará contra o Boca Junior-SE, às 15h, no Estádio Augusto Franco, em Estância. A intenção do técnico Mário Augusto é eliminar o jogo de volta.

De acordo com as regras do campeonato, se a equipe visitante vencer o primeiro duelo por pelo menos três gols, dispensa a realização do jogo de volta – diferente da Copa do Brasil masculina, que dois gols são necessários para eliminar a segunda partida.

“Estamos no intuito de eliminar o jogo de volta. Isso gera despesas. Não é que nem o Brasileiro que a Caixa banca tudo. Nesta, a gente paga, depois a CBF reembolsa”, disse o treinador, em entrevista ao Bahia Notícias. “A CBF melhorou um pouco o apoio, tanto que fez a seleção permanente. O problema só é o valor reembolsado da Copa do Brasil. É o mesmo há quase 10 anos. Nós sempre acabamos gastando mais. Você às vezes gasta sete mil, e eles só devolvem R$ 4.750, que é o valor máximo”, explicou.
 
Na contramão do glamour e dos altos números de audiência dos homens no futebol, as mulheres ainda buscam um espaço maior no que se refere ao apoio. Para o técnico do São Francisco, a falta de estrutura é o maior empecilho para o desenvolvimento da modalidade. “Só hoje eu recebi três ligações de mães. Elas queriam colocar as filhas em escolinhas de futebol feminino e não existe. Principalmente na Bahia e no Nordeste. O que falta é isso. O governo ajudar o futebol feminino. As escolas precisam ter campos e quadras”, lamentou.

No entanto, apesar de criticar a parte estrutural, ele considera que o apoio dado às mulheres vem crescendo. “Temos tido muito apoio da imprensa, principalmente de cinco anos para cá. Não podemos reclamar em relação a isso, tanto que três emissoras transmitirão a competição. Em relação à FBF [Federação Bahiana de Futebol], sem querer puxar o saco, é a única federação do Brasil que dá apoio ao futebol feminino hoje. Eles buscam atletas no interior bem profundamente e descobrem novos talentos”, elogiou. “Quem vem mais apoiando é a Prefeitura de São Francisco do Conde. É a única no Norte/Nordeste que dá apoio ao futebol feminino. No Brasil, somente aqui, em Araraquara, São José dos Campos e Rio Preto, todas em São Paulo”, emendou.
 

Formiga jogou no São Francisco no início do ano |
Foto: Arquivo pessoal

Na hora de citar os “vilões” do desenvolvimento do futebol feminino no estado, Mário Augusto é taxativo. Na visão do comandante, os dois maiores clubes do estado, Bahia e Vitória, têm culpa no cartório quando o assunto é a falta de apoio às mulheres no mundo da bola. Com investimentos suntuosos para os homens, as mulheres não têm vez nas pautas de discussão da dupla B-Vi. 

Em relação ao Rubro-negro, Mário Augusto crê que existe um apoio pela metade, e revelou ter negado um convite para trabalhar na Toca do Leão. “O Vitória tem um elenco feminino. Já teve times, parou, terminou, voltou. Mas o Vitória nunca abraçou com os dois braços. Eles abraçam com um braço só. Tanto que o próprio Vitória já me procurou, mas a gente percebe que quando se fala de uma ajuda de custo às meninas, já pensa de outra maneira. É complicado eles acharem que elas só tem direito a usar a camisa e jogar”, reclamou.

No Fazendão, a visibilidade é ainda menor. O Bahia não tem uma equipe feminina no momento. O técnico fez um apelo ao presidente Marcelo Sant’Ana, e revelou um carinho especial da torcida tricolor com o time do São Francisco. “Ele tem que entender que o futebol feminino tem visibilidade, sim. Eleva o nome do clube. Tanto que o São Francisco é conhecido no mundo inteiro. Tenho exemplo da prefeita que viajava no mundo inteiro e ouvia comentários. Já fomos matérias de jornais da Fifa, na França, nos Estados Unidos. O futebol feminino é viável, sim. Espero que Bahia e Vitória enxerguem isso. O presidente do Bahia, por exemplo, é jovem. Espero que ele enxergue isso e queira formar uma grande equipe. A gente percebe que a torcida do Bahia quer. Vemos os torcedores nos cumprimentando e pedindo para que a gente jogue lá”, revelou.

Para defender a importância do São Francisco para o futebol baiano, Mário comparou as campanhas do time com as feitas por Bahia e Vitória nos torneios nacionais. “Se você for acompanhar o ranking brasileiro, o São Francisco já esteve em primeiro lugar, e atualmente é terceiro. Bahia e Vitória nunca alcançaram isso. Estão pra lá do 13º e 14º. Esquecendo as comparações entre homens e mulheres, é o clube que melhor vem representando o futebol baiano”, analisou. No último ranking feito pela CBF, o Bahia apareceu em 18º e o Vitória em 20º.

Na disputa da Copa do Brasil, o São Francisco já obteve resultados que lhe credenciam como um dos times mais tradicionais do futebol feminino no Brasil. Das nove edições da Copa do Brasil, o time baiano chegou em cinco semifinais, tendo sido terceiro lugar por duas oportunidades.

Apesar da tradição e das boas campanhas, o treinador adotou um discurso cauteloso para a atual edição. Sem jogadores que compõem a Seleção Brasileira principal, Mário considera que o atual plantel é de ‘razoável para bom’. “Sabemos que temos uma equipe mais humilde. O pessoal de São Paulo tem mais apoio, principalmente de empresas, e conseguem pagar mais para as meninas... três ou quatro mil. Sempre ficamos aqui com equipes mais humildes. Se tivéssemos a Rafaelle e a Formiga novamente, poderíamos dizer que iríamos em busca do título. Mas temos um elenco de razoável pra bom. Temos chances. Vamos fazer de tudo para ficar entre os quatro”, finalizou.

Para a partida, Mário não fez mistério e divulgou a escalação, com duas jogadoras da seleção da Guiné Equatorial em seu elenco: a goleira Mirian e a volante Jumária. Para o duelo contra o Boca Junior-SE, o São Francisco entrará com a seguinte escalação: Mirian, Índia, Jajá, Glória e Bárbara; Claudinha, Fabiana, Patrícia Nascimento Jumária; Maria e Helen.