Rio 2016: Neymar viola regra do COI ; entidade decide fazer 'vista grossa'
Foto: Roberto Castro/ Brasil2016
Um adereço utilizado por Neymar durante o recebimento do ouro no pódio olímpico poderia ter rendido uma punição para o craque. Após a vitória nos pênaltis contra a Alemanha, no último sábado (20), no Maracanã, o capitão brasileiro utilizou uma faixa na cabeça com a frase “100% Jesus”. Entretanto, para não estragar a “imagem”, o Comitê Olímpico Internacional (COI) resolveu fazer vista grossa. De acordo com as regras estabelecidas pela entidade, participantes dos Jogos Olímpicos não podem se manifestar de forma politica, racial ou religiosa. A regra se aplica a atletas, dirigentes e pessoas credenciadas que estejam nas áreas de realização dos Jogos Olímpicos. Segundo a regra 50 da Olimpíada, o atleta que infringir isto pode ser punido pelo COI, ou pelo comitê olímpico nacional de seu país, dependendo da avaliação e da gravidade da infração. Como punição, Neymar poderia ser advertido, pagar uma multa e, em caso mais extremo, perder a medalha. Alguns membros do COI fizeram pressão na manhã deste domingo (21) para que o jogador brasileiro tivesse uma punição. Na visão da cúpula da instituição, não havia como impedir que o jogador comemorasse desta maneira, sobretudo pela euforia após a vitória sobre os alemães. Os dirigentes trataram o fato como um “deslize” que pode ser abafado. Nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968, algo parecido aconteceu com dois americanos do atletismo, o que é considerado um dos momentos mais marcantes da história das Olimpíadas. No pódio da prova dos 200m rasos o vencedor Tommie Smith e o bronze John Carlos fizeram um gesto em alusão ao Black Power, movimento forte nos Estados Unidos à época, que lutava contra o racismo sofrido pelos negros no país. Como punição, ambos foram expulsos da competição, da Vila Olímpica, e tiveram seus vistos confiscados. Na ocasião, também houve o pensamento de confiscar as medalhas de ambos por parte do COI. Contudo, para manter a imagem, acharam prudente deixar os objetos com os atletas. Apesar de não ter sido um protesto, não é a primeira vez que o assessório de Neymar causa polêmica. Após ter conquistado o título da Uefa Champions League, em 2015, ele utilizou a faixa com a mesma frase. O Barcelona derrotou a Juventus por 3 a 1. Após o apito final, ele utilizou o símbolo para comemorar a conquista. O jornal francês Le Figaro, na ocasião, divulgou a indignação de alguns torcedores da França com a manifestação religiosa de Neymar. Muitos acusaram o jogador de querer impor sua religião à força. De acordo com as regras da Fifa, nenhum atleta pode se manifestar desta forma durante uma partida. Entretanto, como a faixa foi utilizada somente na comemoração, o craque não sofreu nenhuma punição.
.jpg)
Protesto de Smith e Carlos nos Jogos de 1968 | Foto: AP