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Entrevista

Com 'paixão forte' pelo Bahia, Abílio quer gerir o clube 'pensando na torcida'

Por Ulisses Gama

Com 'paixão forte' pelo Bahia, Abílio quer gerir o clube 'pensando na torcida'
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Postulante à presidência do Bahia pela chapa "Mais um, Baêa!" (MUB), Abílio Freire foi mais um ouvido pelo Bahia Notícias sobre as eleições do clube, que ocorrem no próximo dia 9 de dezembro. Torcedor de arquibancada desde jovem e idealizador do MUB, o advogado diz estar preparado para assumir o clube e prega a união do clube e da torcida para evoluir. "Se você me chamar um dia para discutir astronomia, tenha certeza de que eu vou ler bastante sobre isso, para poder conversar com você. Se me chamar para discutir gastronomia, a mesma coisa. No caso do futebol, como era um ambiente novo, com relação às questões técnicas, às questões internas, de bastidores, já que eu não joguei bola, então eu fui buscar a qualificação. E aí fui indicado para fazer um curso de gestão de futebol, na Universidade do Futebol, em São Paulo, que dizem que é um dos melhores do Brasil. E lá desenvolvi outros cursos, não só na universidade, como fora dela. Então além de gestão do futebol, a gente tem curso de marketing esportivo, especialização em direito desportivo, estudamos sobre a liga americana de futebol, fizemos curso sobre o futebol inglês, o alemão, o espanhol, tem curso sobre táticas e técnicas, que é uma noção preliminar para quem quer ser treinador… Eu acho importante você entender os conceitos, entender as tecnologias. E também tem um curso de divisões de base. As motivações, o que leva ao fortalecimento dentro de uma divisão de base forte, o que pode render pro clube financeiramente… ou seja, uma visão empresarial das divisões de base", declarou. Durante a entrevista ao BN, Abílio também falou ter sido acusado, em 2008, de estar envolvido em um esquema de vendas de sentenças do Tribunal de Justiça da Bahia, descoberto pela Operação Janus. "A juíza pediu o detalhamento da participação de cada um dos acusados naquilo que foi acusado, e ele veio detalhando cada caso, e quando chega na questão relacionada ao meu nome, ele responde tranquilamente que ele “não se recorda de nenhuma situação que tenha implicado em crimes para o advogado Abílio. Então isso obviamente traz pra gente uma tranquilidade muito grande, por saber que a justiça foi feita e que a verdade apareceu", explicou. Confira a entrevista completa:

 

Para começar, se apresente e explique por que você se candidatou à presidência do clube.
Eu sou advogado, atuante há quase 20 anos, e apaixonado pelo Bahia desde a barriga de minha mãe. E em função disso eu sempre estive muito ligado às questões do clube. A partir de quando meus pais permitiram que eu começasse a sair sozinho, em torno de 15, 16 anos, eu passei a frequentar estádios. Inicialmente meu pai me levou e depois eu passei a ir sozinho com meus amigos. E daí surgiu a paixão ainda maior do que já era e é algo que, realmente, sempre me acompanhou. Eu sempre tive coisas ligadas ao Bahia, roupas, souvenir… tudo meu sempre foi relacionado ao time. Eu tive a oportunidade de ser convidado por um tio de consideração, na época antes da democratização, para me tornar conselheiro. Na época meu pai estava convalescendo no hospital, antes do falecimento dele, e em uma dessas visitas do meu tio, que era conselheiro, me convidou para ser. Na época, você tinha acesso para ser conselheiro através do convite de um outro conselheiro. E eu declinei por entender, já naquela época, que o “modus operandi” não era uma forma democrática. Ou seja, eu não estaria ali representando os torcedores e as pessoas que estivessem lá também não as representariam. Por causa disso, eu achei melhor não participar. E realmente nunca tive essa vinculação interna com o clube. Quando houve a democratização, me deixou muito satisfeito. Entendo tanto as questões políticas, quanto jurídicas, porque sou advogado e sei como tudo se processou. Acompanhei como torcedor, sempre quis que a coisa de fato acontecesse, desse certo. E, finalmente, com a democratização, achei que nós teríamos dias melhores. A gestão de Schmidt deixou muito a desejar. E já essa primeira gestão, com o mandato integral, também não foi aquilo que um torcedor almeja. Nós sempre reconhecemos os avanços, principalmente na questão financeira, mas a gente vê que foram gestores que nunca enxergaram o Bahia com a grandeza que de fato o clube tem. Nunca enxergaram a parceria com o torcedor na importância que ele de fato tem. E de tanto ouvir as pessoas falando “tá achando ruim? Vá fazer”, aí nós nos interessamos de fato em fazer. Foi quando surgiu o nosso grupo e daí nós decidimos logo em seguida que teríamos neste ano uma participação eleitoral. E então eu procurei fazer aquilo que eu faço com tudo em que estou presente, que é entender do assunto. 

 

Quais são as qualificações técnicas que você trará caso presida o Bahia?
Se você me chamar um dia para discutir astronomia, tenha certeza de que eu vou ler bastante sobre isso, para poder conversar com você. Se me chamar para discutir gastronomia, a mesma coisa. No caso do futebol, como era um ambiente novo, com relação às questões técnicas, às questões internas, de bastidores, já que eu não joguei bola, então eu fui buscar a qualificação. E aí fui indicado para fazer um curso de gestão de futebol, na Universidade do Futebol, em São Paulo, que dizem que é um dos melhores do Brasil. E lá desenvolvi outros cursos, não só na universidade, como fora dela. Então além de gestão do futebol, a gente tem curso de marketing esportivo, especialização em direito desportivo, estudamos sobre a liga americana de futebol, fizemos curso sobre o futebol inglês, o alemão, o espanhol, tem curso sobre táticas e técnicas, que é uma noção preliminar para quem quer ser treinador… Eu acho importante você entender os conceitos, entender as tecnologias. E também tem um curso de divisões de base. As motivações, o que leva ao fortalecimento dentro de uma divisão de base forte, o que pode render pro clube financeiramente… ou seja, uma visão empresarial das divisões de base. E em função de todos esses conceitos que foram adquiridos e ainda estão sendo adquiridos, nós começamos a fazer viagens nacionais. Eu visitei Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo. E também viagens internacionais. A gente tinha uma programação em fazer não só América do Sul, mas também Europa. Na América do Sul nós fizemos Chile, Argentina e Uruguai. Na Europa iríamos fazer um conjunto maior de países, mas em função desses atentados que acontecem de forma recorrente, nós preferimos não ir em preservação da nossa incolumidade física. Porque você sabe que hoje não tem mais um lugar específico para isso, pode acontecer em qualquer lugar.

 

Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

 


Você falou da sua experiência, dos seus cursos… Aí vem a lembrança de Marcelo Sant’Ana. Fez cursos, mas foi muito criticado por não ter tido uma experiência dentro do futebol. Como é que você pode encarar uma situação como essa, caso seja presidente pela primeira vez?

Eu gosto de falar sobre fatos, mas não sobre pessoas. O fato é que Marcelo Sant’Ana realmente deixou a desejar, pelo menos é o que a maioria dos torcedores entende, com relação a demonstrar que além de ter o conhecimento teórico ele conseguiu colocar os conhecimentos em prática. Se você pegar hoje o plano de gestão da chapa de Marcelo e Pedro [Henriques], você vê que pelo menos 70%, 80% daquilo que foi previsto para ser implementado no futebol não foi [colocado em prática]. Então qual seria a diferença para o nosso nome? A capacitação, que não quero mensurar se é maior ou menor, mas existe uma diferença preponderante que é a pessoa. Marcelo, eu não sei qual era o grau de envolvimento que ele tinha com o Bahia, mas eu trago comigo pelo menos essa paixão, que é muito forte, e pra mim isso faz diferença. Porque apesar do gestor ter que agir com a razão, quando você tem a paixão envolvida, ela faz com que você tenha um pouco mais de responsabilidade. Se você tem mais critérios, faz observações melhores. Porque você sabe que seu fracasso não é apenas profissional, mas também pessoal. É um fracasso para aquilo que você gosta, como se estivesse prejudicando um filho, um pai, um irmão. O Bahia pra mim é isso, significa uma coisa tão importante quanto família. E eu acredito que um ponto positivo que eu tenha seja o fato de já ter superado muitas dificuldades, ter vivenciado muita coisa. Com 46 anos eu não sou uma pessoa que pode ser classificada como velha, mas sem dúvida alguma faz diferença você ter vivido.

 

Você citou que passou por algumas dificuldades na sua vida. Entre elas, você passou por uma acusação em 2008. Gostaria que você desse a sua versão, até porque esse fato é citado nos bastidores. 
Essa não foi uma dificuldade só que eu passei. Existem outras. São questões subjetivas. Ou seja, só você sabe o que de fato pode lhe incomodar, lhe entristecer, lhe alegrar. Às vezes submetidos a uma mesma situação, cada um pode ter uma reação diferente. Nesse caso, especificamente falando, eu estava em um momento muito bom na minha advocacia e, infelizmente, me envolveram nessa situação. Eu digo que me envolveram por uma razão muito simples. Meu pai estava convalescendo no hospital, como eu disse, e lá ele levou um ano e sete meses entre melhora, piora, ir pra UTI, vai para o quarto… Eu, enquanto o filho mais velho, com uma irmã bem mais nova e minha mãe também idosa… Minha mãe queria ficar com ele no hospital, mas ela tem um problema respiratório e, por força disso, eu não quis que ela ficasse com ele no hospital, exatamente para que ela não viesse a adquirir nenhum vírus. Então eu tive que ficar. E foi aí que eu conheci uma pessoa, que também estava acompanhando um parente, e essa pessoa futuramente foi acusada como uma das líderes da questão de compra e venda de sentenças. Eu particularmente tinha um envolvimento com essa pessoa puramente de amizade, com relação a questões pessoais, não profissionais, mas pela quantidade de telefonemas que trocávamos eu fui alcançado pelo grampo. Naturalmente, apesar de nossas conversas serem aleatórias, pessoais, acabou que o Ministério Público inicialmente nos colocou como testemunhas, e depois, por questões de bastidores, preferiu me colocar como acusado também. Em contraponto a isso, tendo a certeza desde o primeiro dia em que fui preso - se você recorrer a matérias antigas, vai ver que não só eu fiz questão de falar logo na saída da minha casa -, eu disse: “Isso aqui é uma arbitrariedade, o Estado vai responder por isso”. E de fato processei o juiz, o membro do MP, e ainda está em curso a possibilidade de entrar com uma ação indenizatória contra o Estado, porque eu não vou abrir mão disso. No curso do processo, graças a Deus, eu tive a minha inocência declarada, em função do depoimento do delegado chefe das investigações, doutor Marcelo Sanfrão. A juíza pediu o detalhamento da participação de cada um dos acusados naquilo que foi acusado, e ele veio detalhando cada caso, e quando chega na questão relacionada ao meu nome, ele responde tranquilamente que ele “não se recorda de nenhuma situação que tenha implicado em crimes para o advogado Abílio. Então isso obviamente traz pra gente uma tranquilidade muito grande, por saber que a justiça foi feita e que a verdade apareceu.

 

Abílio apresentou ata ao BN (clique para ampliar) | Foto: Arquivo pessoal


Como vê a relação com a Arena Fonte Nova?
Na verdade, o contrato com a Arena Fonte Nova, assim como os outros contratos, é mantido sob sigilo. Nós sabemos que existem cláusulas de confidencialidade e, além disso, o que ouvimos dizer é que nem conselheiros conseguem ter acesso a esses contratos. Inclusive me causou estranheza o fato de um dos candidatos ter acesso à informação sobre quanto o Bahia ganhava pelo contrato com a fornecedora de material esportivo. Porque era uma informação que nem conselheiros tinham e eu não entendi qual foi o privilégio dessa informação ser dada a ele. Outras coisas têm acontecido, a respeito de fotos com os jogadores, de acesso a determinados setores, o próprio fazendão e outras coisas que outros candidatos não conseguem ter. Acho isso inclusive uma covardia, um desequilíbrio. Esse contrato [com a Fonte Nova] precisa ser visto. E em função dessas cláusulas de confidencialidade, somente estando presidente do clube é que eu poderia ter acesso a esse contrato e aí sim saber sobre as implicações jurídicas. Mas, sem dúvida alguma, a Arena Fonte Nova precisa enxergar o Bahia como o seu melhor cliente. E se o Bahia é seu melhor cliente, é o torcedor que o é, porque é quem recebe o serviço. Então ela tem que ter uma política de barateamento de preços, até porque a lei assim exige. O Profut determina que todos os clubes devem manter uma política de ingressos populares. O Bahia não tem isso e precisaria que a Arena Fonte Nova ajudasse ele a solucionar essa questão e reservar um setor para que fosse praticado um ingresso com valores populares. E também serviços. Ainda que você tivesse uma segunda linha de bebidas, etc, que também fosse dentro dos padrões do torcedor com menor condição financeira.

 

Hoje são 16 mil sócios. O que você propõe para aumentar esse número e para fidelizar esses sócios?
Eu acho que o sócio do Bahia na verdade precisa ter um tratamento melhor. Nós já fizemos um levantamento daquilo que o sócio precisa, afinal de contas somos torcedores igual a eles. Nós identificamos que o Bahia precisa ter um produto para cada perfil de torcedor. É por isso que o torcedor não passa a ser sócio. Muitos torcedores não querem ser sócios, porque querem a entrada garantida, mas não vão para todos os jogos. Alguns torcedores querem ser sócios, contudo entendem que o fato de não poderem imprimir um ingresso seja algo dificultador. Então nós temos no nosso projeto uma parte que fala a respeito do torcedor, dessa questão de sócio. Nós estamos com uma previsão de outras faixas de contribuição, inclusive faixas para o torcedor carente, de R$ 10 e R$ 20, a manutenção da de R$ 40 e outras com preços mais robustos, para quem pode aderir. As mais robustas vão de R$ 80, R$ 150, R$ 300, R$ 500 e R$ 1.000. Muitas pessoas dizem que pagam R$ 40 porque é R$ 40, porque se fosse mais pagariam mais. Eu, por exemplo, poderia pagar um valor maior. Então nós vamos ter um portfólio de possibilidades, sendo que para cada valor o torcedor terá outros benefícios. Contudo, para votar e ser votado, que é interesse preponderante, todos terão direitos isonômicos. Com uma distinção: além do aspecto temporal, nós teremos também implementado o aspecto contributivo. Para votar e ser votado, o torcedor terá que ter contribuído pelo menos com o mesmo valor que aquele que paga R$ 40 pagou no período de 12 meses. Ou seja, R$ 480. Se ele é um torcedor de baixa renda e paga R$ 10, vai levar 48 meses para atingir o segundo requisito para poder votar e ser votado.

 

Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

 

Fazendão e Cidade Tricolor: qual seria a sua escolha e por quê?
Cidade Tricolor. Lá nós temos um projeto que vamos apresentar para o Ministério dos Esportes, para receber as verbas referentes à lei de incentivo ao esporte. Vamos transformar a Cidade Tricolor no maior centro de captação e formação de atletas do Norte/Nordeste. O objetivo é você captar, formar e, com essa formação, gerar dividendos para o clube, na venda antecipada de jovens e também possibilidade de utilização de ascensão desse jogadores no time principal, para que isso gere retorno técnico e financeiro.


O Bahia tem condições na sua gestão, caso eleito, de implantar outras modalidades de esportes?
Sem dúvida alguma. Nós já temos um projeto, é só apresentar para que possamos utilizar Pituaçu como centro de formação de atletas olímpicos. Ali nós vamos ter atletismo, tem ginásio com basquete, vôlei, futsal, handebol, e também uma piscina olímpica. Esse dinheiro viria da lei de incentivo aos esportes e precisaria tão somente que o Estado entrasse como parceiro para ceder a utilização da Arena Fonte Nova, o que por lei ela seria no prazo de 25 anos em função das reformas que se faria no próprio estádio.

 

Qual é a sua mensagem para o torcedor e sócio que votará no dia 9 de dezembro?
A mensagem que eu posso deixar é: A dupla Abílio e Virgílio, sem dúvida alguma é a que mais se complementa. Enquanto Abílio tem conceitos inovadores, fruto desse recente estudo que foi feito e da experiência adquirida em razão do quanto circulou no meio, e do respeito que adquiriu, Virgílio traz uma experiência de vida de 40 anos ligada ao futebol, uma respeitabilidade muito grande. E ambos estão, juntos, imbuídos no mesmo objetivo, que fazer um Bahia forte e vencedor, que é gerir o Bahia pensando no torcedor e nas necessidades de conquista de títulos, montando times aguerridos para que nós voltemos a ser campeões. Então acho que Abílio e Virgílio são a melhor opção. E, por conta disso, o torcedor deve votar 10 para a chapa de presidente e vice e 110 para a nossa chapa de conselheiros.