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Entrevista

Novo presidente da Federação ouviu atletas para buscar melhorias para o triathlon

Por Leandro Aragão

Novo presidente da Federação ouviu atletas para buscar melhorias para o triathlon
Foto: Rebeca Menezes / Bahia Notícias

Walter Kraus assumiu a presidência da Federação Baiana de Triathlon (Febatri) neste ano de 2017. O mandato dele vai até 2021. Kraus é publicitário, dono de uma produtora de vídeo e pratica o triatlon desde 2002, apesar de ter entrado na federação apenas em 2004. Ao seu lado, está Manuela Lereno, vice-presidente. Ela é triatleta há 11 anos e já disputou sete provas completas de Ironman. A dupla esteve na redação do Bahia Notícias onde concedeu entrevista e falou sobre as ideias que querem implementar no esporte na Bahia. Kraus contou que pediu as opiniões dos atletas sobre as melhorias que precisam ser implementadas para desenvolver o esporte.

 

Como você chegou à presidência da Febatri?

Walter Kraus: Eu já fui gestor, fui vice-presidente durante oito anos com Marcelo Afonso. Então eu nunca me desliguei do triathlon, sempre praticando e sempre colaborando como árbitro ou ajudando na produção das provas. E o presidente, Ernesto Pitanga, com quem nós fizemos a transição, me convidou para retornar e eu já estava com o intuito de retornar. Na chapa, a eleição da Cbtri (Confederação Brasileira de Triathlon) foi posterior à Febatri. Eu era o vice do segundo mandado de Ernesto e, com a renúncia dele, eu assumi automaticamente a presidência. Mas foi feita uma assembleia extraordinária me colocando no cargo de presidente e na mesma assembleia nomeamos Manuela Machado, que fazia parte do conselho fiscal.

 

Quais são as ideias para melhorar e desenvolver o triathlon na Bahia?

WK: Já pondo em prática, o que os atletas reclamavam é a pontualidade das provas. As duas etapas que organizamos largamos pontualmente e britanicamente no horário. Dentre as modificações já implementadas nesse ano há uma prova fora de Salvador e em outro circuito. Vamos realizar a quarta etapa no município de Valença, mais especificamente na Praia de Guaibim. Então, o que seria uma proposta para o ano de 2018, já estamos efetivando neste ano, que é uma prova fora do circuito, de mudar o nosso "quintal". Já se tornou um praxe essas provas realizadas ali (no 2º Distrito Naval, no Comércio). Muitos atletas ficam solicitando mudar os ares, embora ali seja perfeito, com condições de segurança, o mar e tem a parceria da Marinha. Neste ano também já começamos a promover outras provas no interior. Já tem clubes de corrida na região Oeste do estado. As pessoas em Barreiras estão indo para Brasília fazer provas. Jequié, Alagoinhas, Feira de Santana também têm clubes de corrida. A gente quer levar uma ou duas etapas para o interior. Vamos ter também uma ou duas etapas de modalidades que são porta de entrada para o triatlon, que é aquathlon (o atleta corre, nada e corre) e duathlon (o atleta corre, pedala e corre). Essas provas estavam esquecidas. Outra novidade é o triathlon de longa distância que estamos organizando para fazer em Vitória da Conquista. A natação vai ser na Barragem de Anajé e o ciclismo no sentido Conquista. Vai ser no dia 22 de outubro.

 

Você também tem alguma ideia ou forma para captar algum atleta desses grupos de corridas para o triathlon?

Manuela Lereno: Tem o revezamento.
WK: A maioria dos clubes são de corrida. Tem poucos específicos de triathlon... Mas a maioria dos grupos de corrida tem triatletas. A gente ainda não faz um trabalho, mas é um planejamento direcionado para eles, que venham participar um dia do triathlon. Muitas vezes o nadador começa e faz a prova toda, mas, como Manuela citou, tem o revezamento, onde o nadador da federação de natação faz a modalidade dele, o corredor faz a corrida e o ciclista também. Teve uma prova que a gente fez de convidados, pegamos um de cada área, montamos e convidamos para eles participarem. Não deixa de ser uma modalidade o revezamento, que agrega os outros atletas. Eles passam a conhecer e gostam. Na última prova, no dia 9 [de junho], nós tivemos seis revezamentos. Só aí são 18 atletas. O revezamento também pode ser de dupla: um atleta pode fazer duas modalidades, e o segundo faz a outra.

 

E para as crianças? Tem algum programa ou projeto que vise apresentar o esporte para as crianças?

WR: Hoje, uma condição para se realizar uma prova de triathlon das federações é a prova kids. E nós temos aqui dois grupos de ação que chamam Ação Tri, que são patrocinados pela granola Tia Sônia, que é uma porta de entrada. Temos também o Nordeste TR, que é no Nordeste de Amaralina com atletas kids, amadores e profissionais. Então, temos esses dois grupos que estão fazendo a renovação de atletas e em toda prova a gente tem essa categoria, que é o festival kids. E é de onde vem algumas revelações, renovações.

 

Como manter e motivar os jovens talentos do triathlon para que eles permaneçam praticando o esporte e busquem evoluir para se tornarem atletas de elite?

WK: No meu entendimento pessoal, como profissional e esportista, é a capacidade dele ter um patrocínio para que se mantenha. Do esporte amador para passar a ser profissional tem que ter um patrocínio que mantenha ele, que banque as despesas. Por ser um triathlon envolve três equipamentos, que envolve a suplementação (alimentar), academia. O que eu vejo é que essa evasão, nesse caso, ocorre porque não tem investimento da iniciativa privada, embora as esferas estaduais e federais tenham os seus incentivos, que é o Faz Atleta e o Bolsa Atleta federal, mas para ingressar nesse caminho é necessário que tenha uma empresa, porque é incentivo, é renúncia fiscal, então tem que ter o conhecimento de um empresário que se predisponha a investir. Porque é normalmente na faixa de 20% a 80%: o empresário entra com 20% e ele tem isenção fiscal dos 80% do "X" do Imposto de Renda ou do ICMS. Então, entendo que é por esse motivo da evasão de atletas. Eu acho que a iniciativa privada, juntamente com o governo, tem que entrar no esporte e patrocinar essas pessoas, já que o triatlon é um esporte bem recente olímpico e que vem despontando, criando novos talentos a nível nacional. Até a nível nacional se merece e carece de investimentos da iniciativa privada. Você vê que os Correrios abraçam um esporte, o Banco do Brasil abraça outro esporte, o Bradesco, que é iniciativa privada, abraça outro esporte, e o triathlon a gente vem buscando.

 

Como a federação apoia os seus atletas?

WK: O apoio que nós damos é promover provas para que eles comecem a competir no estado, como a gente está trazendo neste ano provas do Nordeste, para que eles possam ir para o Campeonato Brasileiro, do Brasileiro para os Mundiais e por aí vai. O incentivo que a gente dá é esse, promover provas. Nesse ano são cinco etapas do Campeonato Baiano. Eles estão se preparando para um passo maior, uma braçada maior, uma pedalada maior que é participar do Nordeste, do Brasileiro e provas internacionais, desde que se classifiquem. E tem ainda as provas promocionais que são franquias, que é o Ironman, o Challenge, que são provas que tem premiação pecuniária alta, mas para a elite, para categoria não. Agora mesmo, na primeira etapa da Copa Nordeste em Fortaleza, nós temos alguns atletas inscritos, porque foi de última hora essa organização da nossa participação. Nós vamos sediar a última etapa. Como a nossa transição, quando assumimos, tinha um entrave com relação à organização e premiação, então só começamos a divulgar quando estava tudo acertado. Ficou muito pouco tempo para a gente divulgar e por isso temos poucos atletas que vão participar. Além disso, com a taxa que as empresas aéreas estão cobrando para transportar a bicicleta, estava muito dispendioso para comprar de última hora. Nós estaremos lá e a Febatri vai dar todo o apoio para os atletas.

 

E como é dado esse suporte?

WK: O suporte é dado quando ocorre algum problema na inscrição do atleta, algum problema que venha acontecer com a bicicleta que a gente possa ajudá-lo a resolver. Desembaraços de organização, nesse sentido. A federação dá esse respaldo ao atleta. Agora valor financeiro, a federação não tem recurso para isso.

 

A Febatri faz algum tipo de acompanhamento do desenvolvimento dos novos talentos baianos?

WK: Temos acompanhamento técnico deles, do treinador que nos dá as informações e a gente dá publicidade. Acompanhamento in loco é despesa, então a gente vai digitalmente conversando e passando informações. Aconteceu isso, fez isso, vamos fazer isso, a gente deu isenção de taxa, 50% de taxa de filiação. Nós incentivamos na medida que a gente dá notícia nas mídias sociais. Agora há pouco tempo, nos Jogos Escolares Internacionais, tivemos um atleta baiano. Tivemos atletas que foram campeões no revezamento. Hugo Leão Dias é baiano e o David Lucas de Jequié. Então, a gente dá publicidade nos nossos meios, né? Que é o nosso site. Como assumimos agora, estamos transformando e atualizando o site para dar publicidade a eles e ter espaços para contrapartida de patrocinadores, não só nas nossas peças, que são touca, camisa, número de peito... A gente comercializa esses espaços, né? O apoio que a gente tem dado é essa mídia. A Federação também precisa de patrocínio para ela. Ela tem despesas mensais, fora as despesas correlatas com a produção e execução de uma prova. É uma pessoa jurídica que tem contador, tem conta de luz, de telefone, tem o bom mês como toda empresa tem. É uma federação onde nós temos título de utilidade pública municipal e estadual, justamente para que a gente possa fazer convênios com as esferas municipais, estaduais e federais.

 

Quem são as apostas do triathlon baiano para as próximas olimpiadas de 2020?

WR: Ainda é precoce para olimpíadas. A geração que tinha antes se desraigou. A promessa que posso falar é Bruno, Bia Dumêt, Gabriel, Manuela, Thor Tarquinio.

 

Quais são os locais de treinamento em Salvador? Vocês treinam também na avenida Contorno, onde as provas são realizadas?

ML: A gente não treina na Contorno, lá é só a prova. O pessoal treina no Batalhão do COE, próximo ao aeroporto, no departamento de cargas do aeroporto.
WK: Tem o problema da segurança também. Nesses últimos dois meses, foram dois ou três roubos de bicicleta com carro e tudo de manhã cedo. Tem essa questão também da segurança. Se adotou aqui em Salvador os treinos no início da manhã. O pessoal de fora pergunta: "Por que vocês treinam cedo?". Porque a gente tem o problema de trânsito, das pessoas que trabalham logo cedo. A gente treina muito cedo e ficamos vulneráveis de ser assaltados. Uma bicicleta básica custa R$ 3 mil e tem até de R$ 50 mil. Uma bicicleta top, com câmbio eletrônico, custa US$ 10 mil.

 

Várias provas de corridas estão acontecendo em Salvador nos últimos anos. Atletas amadores que gostam de correr estão participando dessas provas. E no triatlon, um atleta amador pode também participar de uma prova?

 

ML: O atleta iniciante pode concorrer na categoria Mountain Bike ou Revezamento, não precisa ser nem filiado e nem federado. Mas para ele entrar em categoria ou elite, precisa estar filiado e federado junto à Cbtri para depois fazer a inscrição. Uma pessoa qualquer pode fazer a prova na categoria mountain bike ou revezamento, mas não estaria concorrendo ao Campeonato Baiano por não estar confederado. É como se fosse um start (começo) para você entrar, conhecer e se apaixonar pelo esporte.

 

E qual é o custo para começar neste esporte?

WR: O atleta pode começar com uma bicicleta Caloi. Depois compra uma bicicleta usada, depois ele vai gostando, se apaixonando e vai querendo um equipamento melhor. Ele começa a pedalar sem sapatilha, só com o tênis, ele tem óculos de natação... A touca, a prova fornece. E a bicicleta, ele pode pegar uma emprestada, alugar uma, pode comprar uma mais barata e depois evoluir. Então é querer, gostar e procurar a federação. Nas mídias sociais a gente dá as orientações.

 

Quais são os projetos futuros da Federação?

WR: Colocar uma prova Standard, de 1.500m, porque no Baiano é distância short, 750m. Também queremos revitalizar uma prova que eu fiz na minha gestão anterior, que é o Fast Triathlon. São três largadas em baterias de distâncias curtas e que é um festival que a Febatri vai promover. Já estamos pensando no calendário de 2018. A gente quer homenagear os atletas que sempre participam das provas. As pessoas que quiserem participar, colaborar... Não é patrocinar a Febatri, mas que ela possa ser uma colaboradora. A gente tem contrapartidas. Estamos estruturando site para que possa colocar banner. A gente tem cotas de três, cinco, dez mil reais... O investimento que ele queira fazer, a gente vai ter a contrapartida. Por exemplo, eu com a minha empresa, a gente coloca o que precisa. Tivemos empresas que deram apoio de R$ 500 e é muito bem vindo para o triatlon. Com mais R$ 500 a gente paga as toucas, paga uma parte dos troféus. Uma prova envolve vários itens e as pessoas podem entrar. A gente precisa que as pessoas nos procurem também, pelo site www.febatri.com.br. Pode também mandar um e-mail para mim, [email protected].
ML: Tem o e-mail da própria federação também, [email protected].