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Entrevista

Presidente da CBJ fala sobre Centro Pan-Americano e confirma Bahia como sede do Judô

Por Edimário Duplat

Presidente da CBJ fala sobre Centro Pan-Americano e confirma Bahia como sede do Judô
Foto: Edimário Duplat/Bahia Notícias
Após a realização do Rio-2016, as modalidades esportivas já iniciam o seu novo ciclo para os Jogos Olímpicos de 2020. Dentre eles, o judô carrega um dos principais legados da edição brasileira da competição: O Centro Pan-Americano de Judô (CPJ). Em entrevista ao Bahia Notícias, o presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Paulo Wanderley Teixeira, falou sobre a importância do equipamento esportivo para o esporte, rebateu o relatório publicado pela Controladoria Geral da União sobre a subutilização do espaço e confirmou a transferência da entidade para a Bahia. 

O Bahia Noticias teve acesso ao documento da CGU, onde se fiscaliza os projetos do Governo  Federal em parceria com o Governo do Estado, e existe uma demanda voltada para o Centro Pan-Americano de Judô, falando sobre uma possível subutilização. Com seis meses da publicação desse documento, quais foram as demandas cumpridas e como a CBJ tem administrado o espaço?
Havia mesmo uma não utilização plena. Isso foi por conta de uma necessidade de arrumação, porque aqui é como uma casa. Você constrói, mas você só vai saber como vai ficar depois que você entra. Vimos o que não ficou como pedimos, o que faltava e complementamos essa demanda. A medida que nós fomos chegando e detectando essas demandas, fomos analisando. Hoje temos segurança completa, manutenção de elevadores e de outros equipamentos do nosso dia-a-dia. Essa também é uma demanda negativa que eles estavam citando e era verdade. Mas, todas essas providências foram tomadas. E nós estávamos em meio a um foco olímpico, onde o Judô tem a responsabilidade de ter sucesso. Com isso, com todo nosso corpo técnico, projetos e treinamento funcionando com ‘um olho e meio lá’ e ‘meio olho aqui’. Isso veio gradativamente se transformando.

E quais foram as atividades realizadas no CPJ durante esse período?
Implementamos a utilização do ginásio substancialmente e temos os dados sobre isso. Realizamos 26 eventos no ginásio, com um deles sendo internacional e com outros da CBJ como Campeonatos Brasileiro, Taça Brasil, Brasil de Júnior, Sub-18, Sub-21, Sênior e treinamentos de campo. O último da Seleção Brasileira foi feito aqui, com outras seleções também fazendo treinamento aqui. Desde as categorias de base as de base. Além disso, realizamos as quatro etapas de capacitação técnica dos treinadores nacionais dentro do Centro. Isso deu um volume de ação no evento. A própria Federação Baiana (Febaju) realizou muitos eventos aqui também, desde o final de Abril e até Novembro desse ano, que ainda irão acontecer. Então, sobre o uso do ginásio do Centro eu creio que já está resolvida essa questão. E ainda digo mais: em 2017, todos os eventos nacionais da CBJ serão realizados aqui dentro. Todos eles.


Foto: Lara Monsores

Podemos dizer que o Centro Pan-Americano é realmente o equipamento esportivo principal da CBJ?
Sim. E teremos todos os eventos realizados aqui. Inclusive teremos dois eventos internacionais aqui também. E isso é em relação aos eventos programados, porque aparecem as demandas no meio do caminho, quando outros órgãos solicitam ou quando se está prevendo para se criar uma demanda em outro lugar e não faz. Então, se potencializou o judô na Bahia com a realização de grandes eventos, o que inclusive também funciona para quando as federações e treinadores vêem até aqui – como na disputa de um Campeonato Brasileiro – e começa a ver essa estrutura como um padrão. Esse reflexo mesmo é imediato aqui na Bahia, com a Febaju aumentando a qualidade de seus eventos tanto aqui como fora do espaço. Isso tudo vai impulsionando por conta das consequências de se ter um equipamento nesse porte.

Outra questão que se tem no relatório é sobre a transferência do setor administrativo da CBJ para o espaço. Isso irá realmente acontecer? Quando?
Vai. Essa transferência vai acontecer, mas não posso te dizer a data exata. Está próximo. Mas já temos parte da CBJ funcionando aqui. Precariamente, mas já funcionando. Temos o projeto social nosso, o Avança Judô, já está todo aqui dentro. Um restrito grupo de planejamento já está aqui dentro também, cerca de cinco pessoas. As coisas estão chegando, mesmo aos poucos. O que retardou esse processo foi a questão olímpica. Estávamos focados lá [no Rio de Janeiro] e trouxemos a parte técnica, mas a administrativa nós demos essa segurada. Mas vai vir sim.

E desses funcionários que já estão trabalhando aqui, eles já estão morando na Bahia?
Sim. Tem quatro que moram aqui dentro mesmo, no Centro Pan-Americano. Temos alojamentos aqui, como parte de nossa área administrativa. Aqui, na verdade, temos segmentos interligados mas diferentes. Temos uma área técnica que funciona normalmente e que é independente do setor administrativo, que por sua vez tem hospedagem e alojamento. E isso tudo demanda outro trabalho, que não é fácil manter. É um facilitador quando está pronto, mas até ficar pronto não é expertise nossa.


Administração e Ginásio do Centro Pan-Americano de Judô
Foto: Lara Monsores/Divulgação/CBJ

Quantos funcionários trabalham na Confederação Brasileira de Judô?
Na CBJ temos 33 pessoas. Costumo dizer que são colaboradores sentados. Agora, além deles temos um número considerável de terceirizados. Mas aqui temos funcionários nossos, pois se trata de objeto-fim da federação: parte técnica, projetos, financeiro. Isso tudo é confederação.

Outra demanda que eles pontuam são relacionadas a manutenção do CPJ. O relatório salienta que existe o risco do salitre e a deterioração acelerada de partes da estrutura por conta disso.
Ainda bem que eles reconhecem isso. É verdade sim. Essa área é privilegiada por conta da natureza, temos aqui uma parceria com o Projeto Tamar e tudo. Mas é um dificultador sim, pois temos demandas grandes. A entrada de nosso ar-condicionado é na frente pro mar, por exemplo. É um fator complicante, um custo anual muito alto.

Mas isso não foi pensado anteriormente? A CBJ participou da escolha do local para a construção do Centro?
Participamos da escolha sim, nós que descobrimos esse local. Depois de construir, todos pensam em como é lindo e maravilhoso estar aqui, mas ninguém pensou nisso antes. Na verdade, ninguém tem a ideia exata de como foi a “construção” da possibilidade de vir para cá. Vender essa ideia de que aqui é um lugar bom, depois vender que a ideia é realmente boa. Depois concretizar o projeto. Houve o envolvimento do Governo do Estado da Bahia, do Governo Federal e dos patrocinadores da CBJ. É um equipamento que qualquer gestor esportivo quando chega aqui fica deslumbrado por ele oferecer as condições técnicas para a prática do esporte. E foi construído com foco total sobre o Judô. Participamos da ideia, mas a execução foi do Governo do Estado. É um equipamento de ponta não só aqui como no mundo, exclusivo para o Judô. No mundo existem outros que são poliesportivos, mas especifico desse esporte com essa dimensão eu não conheço. Pode ter, mas não é visível como o nosso. E olha que já viajei por muitos países mundo afora nesses quase 16 anos.


Alojamento do CPJ | Foto: Lara Monsores/Divulgação/CBJ


O Centro Pan-Americano também sediou o Mundial Júnior de Luta Olímpica. É comum que outras federações utilizem esse espaço para eventos?
Foi uma parceria com a Confederação Brasileira de Lutas, que faz parte de nosso público esportivo, e não houve um conflito de datas e nem de eventos específicos. Mas não é comum não. É uma coisa a se pensar num primeiro momento, mas temos custos. Agora mesmo, para essa entrevista, temos o custo desse ar-condicionado e da luzes do local. Esse ginásio todo acesso é um custo alto e a manutenção é custosa. E é a Confederação que mantém isso aqui. É possível ter outros eventos sim, preferencialmente esportes olímpicos de luta, mas pensar que é possível chegar e fazer qualquer evento aqui não é viável. Sobre pena de tirar o foco daqui. Nada que não possa ser conversado.

Setre e Sudesb participam dos custos do Centro Pan-Americano?
Não participam. Eles participaram na questão da construção, mas de forma harmoniosa e sem nenhum tipo de conflito de interesses. Eles entenderam que isso aqui foi feito para o Judô de alto rendimento, não dá para fazer uma academia ou escolinha. Esse não é o nosso objetivo. Escolinha aqui é o nosso projeto social que tem um viés além do esporte com integração a sociedade. Nós somos zelosos com esse equipamento, sabemos da sua importância pro judô e esporte. Além do estado e da cidade.


Área interna do Centro Pan-Americano de Judô | Foto: Lara Monsores/Divulgação/CBJ

E para o próximo ciclo olímpico? Qual será o papel real do Centro Pan-Americano de Judô?
Aqui será formado e fomentado Tóquio 2020. O nosso maior foco é dar sustentabilidade para nossas equipes de base que estão chegando. E nós não estamos nesse processo somente agora e sim de antes. Tivemos uma equipe nova agora que viajou para a Escócia e fizeram sucesso lá. Um desses pode entrar para Tóquio, mas o processo seletivo é cruel. Todo atleta tem que provar e comprovar que tem condição. Não se faz um atleta em quatro anos e sim em oito ou doze. Mas eles ainda estão vindo e a reta final deles será moldada aqui. Não negamos alguns treinamentos fora daqui por uma questão de descentralizar já que acredito que o judô tenha que ser no Brasil inteiro.

Muitas federações esportivas se encontram na Região Sudeste e justificam essa decisão por conta de uma questão logística, de patrocínios. Sair do Sudeste e vir para a Bahia não atrapalharia a CBJ em relação a sua captação de apoios e patrocínios?
Poderia dar problema se o aeroporto não fosse aqui do lado. Não tem problema hoje, podemos estar a duas horas de Brasília, do Rio de Janeiro. Para nós, não tem relevância essa questão. É importante você estar lá perto e na época dos Jogos Olímpicos era fundamental estar mais perto para cumprir as demandas mais urgentes. Mas hoje não tem problema.