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Entrevista

Aos 13 anos, baiana é destaque na América do Sul e fala sobre determinação no tênis

Por Edimário Duplat

Aos 13 anos, baiana é destaque na América do Sul e fala sobre determinação no tênis
Foto: Edimário Duplat/ Bahia Notícias
O ano de 2015 foi marcante para a tenista baiana Maria Menezes. Após a conquista de torneios importantes como o Pascuas Bowl, no Paraguai, a Copa Guga Kuerten, em Florianópolis e a Bahia Juniors Cup, além da participação na série de torneios Casely International Championship, nos Estados Unidos, a tenista terminou a temporada como a quinta do ranking da Confederação Sul-Americana de Tênis (Cosat) e a melhor brasileira na categoria 14 anos. De volta a Salvador e se preparando para a temporada 2016, a atleta, eleita melhor tenista do estado pela Sudesb, conversou com o Bahia Notícias e falou um pouco da sua carreira, seus planos para o futuro e a briga por uma vaga em um possível circuito europeu ainda esse ano.

Como começou sua trajetória no tênis?
Meu irmão já jogava tênis, ele tinha 11 anos e eu tinha 5. Eu sempre viajava com ele e com a minha família, e uma certa vez, ele viajou para Mendoza na Argentina, pro torneio Cosat, que é aquele que eu jogo, e quando eu cheguei lá tinham várias meninas jogando tênis e eu achei aquilo bonito, é um esporte bacana. Então eu falei com meu pai, perguntei se eu poderia começar a jogar. Eu jogava só de brincadeira e eu perguntei se poderia jogar mais sério. Alto rendimento para competição. Ele perguntou se eu tinha certeza que era isso que eu queria. Eu falei que era e queria tentar pelo menos dois meses, senão voltava para dança. Comecei, fiquei dois meses, gostei e continuei. Estou cada vez mais aumentando a intensidade nos treinos, o físico, tudo de acordo com a minha capacidade. Nunca forço demais para não machucar.
 
Então você iniciou a jogar profissionalmente com quantos anos?
A jogar eu comecei com uns seis anos, mas de auto rendimento eu comecei com 10. Existem torneios já para 8 anos, até joguei alguns mas só em Salvador. Aí só com 12 anos entrei na maratona de torneios.
 
Você comentou que seu irmão já praticava tênis. Sua família tem alguma história no esporte?
Só o meu irmão. Minha mãe e meu pai nunca jogaram, na verdade meu pai começou jogando de forma amadora e perguntou a meu irmão  se ele gostaria de jogar. Meu irmão falou que queria ele continua jogando até hoje. Está na categoria para 18 anos e mesmo agora indo para a universidade ele quer tentar seguir a carreira.
 
E você? Também pensa em seguir a carreira de tênista?
Eu quero,  vou tentar.
 

 Maria Menezes em Bradenton, na Flórida, na disputa dos torneios Casely
Foto:Divulgação
 
E como está sendo essa temporada para você?
Foi uma maratona de cinco torneios. Nos últimos até já estava bem cansada, mas sempre tentando dar o seu máximo. É muito difícil estar ali e tem que se aproveitar sempre, pois não vou saber se terei outra oportunidade de estar novamente naquele torneio. Tem sempre que estar com vontade para jogar, para ganhar. Foi muito difícil, mas consegui alguns títulos e isso foi muito bom. Depois fui para os Estados Unidos e tive uma experiência maravilhosa. Joguei três torneios importantes que acrescentaram muito no meu jogo, além de ver o jogo de outras  adversárias.
 
Você disse que sua ida aos Estados Unidos acrescentou muito ao seu jogo. Como foi essa oportunidade de atuar com atletas de todo mundo?
Acho que mais no aspecto da disciplina. Eu acho que já tenho um pouco disso, mas tem que ter mais disciplina para ser uma tenista top.  Tem que ter muito foco,  muita determinação. Posso continuar nesse caminho.
 
Você treina há um ano com o treinador Duda Catharino? O que mudou com seu jogo depois de ter iniciado os treinos com o seu atual técnico?
O Duda é uma pessoa maravilhosa, ele me ajuda muito e sempre me incentivou. Sempre quando reclamava, ele falava que tem que seguir com a cabeça firme e forte. Isso é uma coisa que eu preciso. Além disso, me fez jogar de forma mais ofensiva, eu era muito defensiva e para o jogo feminino é muito mais importante atacar. Entre outras coisas que ele me ajudou e continua me ajudando.

Você vê algo no seu jogo que você considera o seu forte?
Então, eu acho que apesar de já ter um tempo que trabalho na agressividade do jogo, eu acho que me defendo muito bem. Quando a menina está me pressionando eu consigo colocar uma bola mais funda. Posso não chegar na bola, nem sempre bem, pois muitas vezes é um mérito da adversária, mas eu sempre tento ter um bom desempenho.
 
E como você consegue conciliar o tênis com os estudos?
Minha escola apoia muito o esporte, então isso é muito importante para mim. Se não fosse esse apoio deles, seria muito mais difícil para mim. Eu consigo conciliar até, porque na maioria do tempo que não estou na escola eu treino ou faço fisio  e o que sobra estou estudando.  Eu acho que se eu conseguir nessa uma hora livro tocar bastante nos estudos, me concentrar acho que dá pra conciliar sim e dá pra ter um bom desempenho. E eles me apoiam bastante.
 

Com seis anos, Maria posa com o seu atual
treinador, Duda Catharino. Foto: Arquivo Pessoal
 
E como funciona o calendário esportivo para você?
Depende do ano geralmente. As categorias são de dois anos, então no primeiro ano que estou na categoria eu fico mais em casa, não viajo muito, treinando o que tenho de maior dificuldade, os meus defeitos. Mas quando estou no segundo ano, eu participo de mais torneios, pois tenho uma chance maior de melhorar o meu desempenho. Nesse ponto tenho até problema com as provas na escola, mas o colégio consegue conciliar com o meu calendário.
 
E como será o seu planejamento para esse ano de 2016?
Dessa vez será diferente. Não vou viajar muito esse ano, mesmo sendo meu segundo ano. Terei essas viagens agora e depois ficarei por aqui treinando forte. Acho que ano passado eu viajei muito, então agora é melhor me aprimorar. Jogar uns sete torneios até mais, na Venezuela, Equador, Peru, Bolívia depois mais dois no Brasil e ficarei por aqui mesmo treinando. Mas consegui me classificar para os torneios da Europa eu espero disputa-los. Sei que é difícil conseguir a classificação. Tenho que dar muito duro nestes torneios por agora.
 
E o que é preciso conseguir para se classificar o circuito europeu?
Funciona sim. São 11 torneios e a Cosat usa os 6 melhores resultados e fazem um ranking. Se você ficar entre as seis primeiras na média consegue a vaga. Como eu irei jogar apenas 7 então tenho que ficar em uma boa posição em pelo menos 6 deles. Já joguei em um no Uruguai que poderia contar como o oitavo, mas infelizmente não fui muito bem.
 
Em relação ao tênis profissional quais seriam aqueles que te inspiram?
Eu gosto muito da Maria Sharapova, primeiro por conta do nome pois também é Maria. Sempre admirei ela jogando. Além dela, também a [Victoria] Azarenka, que admiro muito o estilo de jogo dela. No masculino admiro muito o [Rafael] Nadal pelo seu estilo de jogo luta por cada ponto e sempre dá o seu máximo. Eu sinto que sou assim também. Mesmo se perder o jogo, sei que dei o meu máximo. Isso é muito importante. Também gosto do [Stan] Wawrincka  que tem um jogo muito bonito.
 

Foto: Bruno Rocha/Divulgação
 
Em relação a sua carreira, suas viagens, vocês têm algum tipo de apoio?
Não. É um investimento mais particular. A gente já tentou buscar algum patrocínio. Mas infelizmente não conseguiu e a gente tem que ir conciliando. Meu pai tenta o que pode e o que não pode. Agora em 2015 pelo Brasileirão os três primeiros colocados Inter federações têm direito uma certa quantia de dinheiro durante um ano para gastar com tênis. Então eu e a minha prima conseguimos, mas o dinheiro só chegará no meio do ano. Já é uma ajuda.
 
Como você vê hoje o cenário do tênis baiano hoje?
Cada vez mais está crescendo. Antes, no ano retrasado, por exemplo, não tinha quase ninguém jogando. Nos torneios baianos, só tinha eu, Catarina, Tainá e Gabriela. A Júlia ainda não jogava. Era difícil o que não tinhamos ninguém para poder jogar. Mas hoje está crescendo e cada vez mais aparecem meninas novas e meninos também. Está crescendo cada vez mais.
 
E você acha que os seus resultados e o das outras meninas estão motivando esse aumento de atletas?
Eu acho que pode ser. Até algumas amigas minhas falam que vão começar a jogar e eu adoraria cada vez mais pessoas praticassem o tênis.