Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Holofote
Você está em:
/
/
Entrevistas

Entrevista

Ídolo do Vitória, André Catimba sobre artilharia: 'Dificilmente vão me passar'

Por Cláudia Callado / Felipe Santana

Ídolo do Vitória, André Catimba sobre artilharia: 'Dificilmente vão me passar'

André Catimba é um ídolo da história do Vitória. Na década de 70, o jogador formou ao lado de Osni e Mário Sérgio um dos melhores ataques da história do rubro-negro, na visão de muitos torcedores e críticos. É o segundo maior artilheiro nos 113 anos do clube, com 82 gols. A identificação com o Leão era tanta que no final dos anos 1989 e 1990, Catimba retornou à Toca, mas dessa vez como treinador. Neste período, comandou os títulos baianos das duas temporadas. Além do Vitória, o atacante está presente também na história do Grêmio, clube que defendeu por três temporadas. A importância é tamanha que o ex-atacante faz parte do hall da fama do Olímpico, estádio do tricolor gaúcho. E, em entrevista ao Bahia Notícias, Catimba relembrou os grandes momentos do passado e comparou o futebol de antigamente com o apresentado hoje. Crítico, o ex-jogador falou sobre o desempenho do Bahia e do Vitória nas últimas temporadas, de Neymar e da desilusão com a Seleção Brasileira. 
 
Bahia Notícias:  Em três anos no Vitória, para muitos, você formou o melhor ataque do rubro-negro ao lado de Osni e Mário Sérgio. Aquele período foi o melhor da sua carreira?
André Catimba: Aquele era um dos melhores ataques, com certeza. Tarcio e Éder no Grêmio também foram grandes jogadores que atuaram comigo. Aqui no Vitória foram cinco anos jogando com esse grupo. A gente se deu bem, e não foi inventado. O ataque é falado até hoje, sempre lembrado. Era um trio muito bom.

BN: Você é um dos maiores artilheiros da história do Vitória. Você acredita que alguém, um dia, poderá superar seu feito?
AC: Tive uma fase muito boa. Fiz grandes amigos, pessoas que tenho relação até hoje. Uma fase que sempre me dediquei como profissional. E acho que para me passar será difícil. Foram cinco anos muito bem disputados. Queria jogar sempre, principalmente os Ba-Vi. Ba-Vi sem mim não era Ba-Vi. Mas também não era só eu.
 

BN: Você foi vitorioso no rubro-negro também como treinador, entre 1989 e 1990. No que você se considera melhor?
AC: Os dois foram muito bons. Eu me dediquei mais quando era treinador. As pessoas não confiavam em mim, tanto que no final da partida deram o time para João Francisco. Empatemos e conquistamos o título. Treinei o Vitória e tirei do torneio da morte quando poucos acreditavam. Mas o mau do baiano é ter inveja e não acreitar.

BN: Quando você jogou no Boca Juniors, atuou ao lado de Maradona. Ele foi o maior jogador que você viu jogar?
AC: Maradona foi um jogador de nível técnico muito bom, mas no futebol argentino. E o futebol argentino é completamente diferente. É mais desenvolvido, técnico. É um nível excelente.

BN: Quem você citaria como o melhor jogador com quem atuou? E técnico?
AC: De jogadores, eu tive vários amigos e companheiros muito bons, moral. Apreciava vários jogadores, citar um ou dois é complicado. Vários eram daqui da Bahia. Mascote (jogador do Ypiranga) me ensinou muito no Ypi. Telê Santana e outros mais, não gosto de desconsiddar.

BN: Você jogou na Bahia e no Rio Grande do Sul. Qual é a diferença do futebol e das torcidas dos dois lugares? 
AC: Os torcedores te respeitam. Lá no Sul até hoje eu sou homenageado, me ligam. Sempre pedem para eu ir para lá. Me dão muita atenção e me respeitam muito. E jogadores que não são do Sul dificilmente são homenageados.
 

BN: Já visitou a Nova Arena Fonte Nova? O que achou do novo estádio?
AC: Negócio de louco. A nova Arena está muito bonita. Sexta-feira eu vou fazer uma reportagem lá, inclusive. Precisamos de jogador que jogue bola para atuar lá. Temos que ter craques, não podemos ter jogador para bagunçar. Para achar sete ou oito craques é muito duro. 

BN: Quando jogava no Grêmio, você ficou famoso por sua comemoração na final do Campeonato Gaúcho de 1997, quando executou mal um salto mortal e quase se machuca gravemente. As pessoas ainda lembram de você ou te reconhecem por este fato?
AC: Até hoje ficou marcado por essa comemoração. O estádio (Olímpico) vai ser demolido e ainda tem comentários sobre o jogo de 77. Eu fui feliz, fiz o gol da vitória e ter dado cambalhota e não me machucou. Ainda sou lembrado, meu nome está na calcada da fama do Olímpico.

BN: Você tem acompanhado o futebol baiano? Se sim, como você analisa a atual situação do Bahia e do Vitória?
AC: O Bahia e Vitória estão muito longe dos outros clubes. As contratações são ruins e, dessa forma, vão entrar para se manter e olhe lá. No Nordestão, o Campinense, com um time simples conseguiu ser campeão. Cadê o Bahia e Vitória? Cadê os grandes de Recife? O Campinense é um exemplo bom para ser seguido no Brasileirão da Série A.


 
BN: Você acompanha o futebol atual e pode me dizer quais são as grandes diferenças em relação com o futebol de antigamente? 
AC: Na minha época, não importava se eram três ou quatro competições, você entrava preparado. Era um time só. Não pode descansar jogador porque vida de jogador é dentro de campo. Quem inventou isso não sabe nada de futebol. Jogador se prepara mais jogando do que do lado de fora. Para você preparar um time Brasileirão, tem que ter o time pronto, treinado.

BN: A comparação entre Pelé e Maradona ainda existe e, atualmente, há também a comparação entre Neymar e Messi. O que falta para Neymar chegar ao nível de Messi?
AC: Neymar é craque para o Brasil. Ele conhece. Agora quando ele faz “fantasia”, eu não gosto. Quero ver ele jogar assim na Europa. O nível técnico dele é algo, joga bonito, mas as picuinhas não podem ser feitas. 

BN: Sobre a Copa de 2014, o que espera do Brasil? Assim como muitos torcedores você também está desacreditado? 
AC: Vamos torcer para o Brasil (em 2014). Está difícil, mas vamos torcer para que mude a opinião do brasileiro. Todos eram craques, do 1 a 11. Você tem a Seleção na cabeça? Isso é uma coisa muito séria. O futebol brasileiro não é o mesmo.