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Você lembra? Ele colocou Daniel Alves no banco e agora torce pelo Jequié no Baianão

Por Matheus Caldas / Ulisses Gama

Você lembra? Ele colocou Daniel Alves no banco e agora torce pelo Jequié no Baianão
Mantena exibe camisa do Jequié em seu bar | Foto: Matheus Caldas /Bahia Notícias

As camisas de Bahia e Jequié expostas nas paredes do bar do Mantenna, no bairro de Pituaçu, em Salvador, evidenciam o ar futebolístico que toma conta do local. Em pouco tempo, o mais desavisado desconhecedor do futebol é apresentado à história do "homem que colocou Daniel Alves no banco". E a apresentação, geralmente, é feita justamente por Mantena, cujo nome é emprestado para nomear o estabelecimento que é dono, e ex-jogador de futebol que chegou a deixar o titular da Seleção Brasileira e ídolo do Barcelona esquentando o banco de reservas do Esquadrão, no início dos anos 2000. Hoje empreendedor, ele lembra de uma das histórias que marca sua carreira, mas trata de falar sobre um dos seus amores no futebol: o Jequié, clube que o revelou, no final dos anos 1990.

“Se não fosse o Jequié, o Mantena não ia existir. Eu acho que, aquela vontade, aquele menino que surgiu, que trabalhava numa feira livre no Jequié, ter a oportunidade de jogar pelo Bahia... Isso é uma coisa que não consigo explicar. Agradeço muito ao Jequié por isso”, agradeceu, em entrevista ao Bahia Notícias.

No final da Série B do Campeonato Baiano do ano passado, quando a ADJ, como é chamado o clube, venceu o PFC Cajazeiras por 4 a 1, no estádio de Pituaçu, a torcida desceu em peso para o bar de Mantena. Ele recorda este momento com alegria. “Ano passado fiquei muito feliz com a vinda de quase todos os torcedores que vieram ao jogo e bateram papo comigo. O prefeito, o secretário de esportes, os vereadores... Encontrei alguns meninos que jogaram comigo lá no Jequié. Eu já falei que, quando o Jequié vier de novo, vamos fechar o bar só para os torcedores. Se não fosse o Jequié, eu não teria conhecido nem Salvador”, destaca.

A história de Mantena no futebol começou, inclusive, num confronto contra o Bahia, quando foi descoberto. O Jequié sofreu uma goleada por 4 a 1, no Parque Santiago, estádio do Galícia. No entanto, ele, e o companheiro de time Paulo Roberto, foram chamados para fazer um teste no Fazendão. Ele tem esse momento como emocionante, sobretudo pelas dificuldades que passou durante a viagem para atuar na partida. Sem ônibus para transportar os jogadores, foi preciso alugar um micro-ônibus. No caminho para o jogo, houve apenas uma parada para fazer um lanche. “Na preleção, o técnico falou que a única coisa que a gente tinha que fazer era jogar futebol. Ai eu comentei: ‘Como? Sem nada praticamente para se alimentar’. Era um jogo que poderia mudar a vida de dois ou três, como mudou a minha. A gente tomou 4 a 1 e, mesmo assim, alguém me viu. Eu e Paulo Roberto”, lembra. “O Bahia mandou na época uns 30 pares de chuteiras, bolas... Isso ficou na minha mente. Essas bolas ajudaram muita gente na época. Teve até Igor que veio para o Vitória”, acrescenta.



Mantena exibe foto de quando atuava no Jequié | Foto: Matheus Caldas / Bahia Notícias


Mantena chegou ao Bahia para jogar na base, em 1997. Ficou no clube até 2002. Ele foi bicampeão da Copa do Nordeste. Depois, rodou por Paysandu, Ponte Preta, Mogi Mirim e Inter de Limeira. Se aposentou m 2009, aos 35 anos. E com estilo. Marcou o gol que colocou o Madre de Deus na Série A do Baianão e, de quebra, conseguiu o título da divisão de acesso estadual.

Jequié no Baianão

Para a estreia do Jipão no Waldomiro Borges, Mantena promete estar presente. A partida será contra o Jacobina, pela segunda rodada, na próxima quarta-feira (24). “A torcida está muito motivada.. Vamos tentar ir para essa semifinal contra o Bahia. Isso marcaria muito. Mas eu torceria para o Jequié. É o time da minha cidade, eu gosto. Mas eu gosto muito do Bahia também. Tenho um carinho. Ficaria quase em cima do muro”, pondera.

Destaque do clube na Série B baiana, a torcida do Jequié também foi elogiada por Mantena. “O futebol baiano precisava do Jequié na primeira divisão. Temos alguns exemplos no interior. Você assiste algum jogo com 300, 400, ou 500 pessoas. Em Jequié, no mínimo, todo jogo é quatro, três mil pessoas. Vai ser difícil bater o Jequié lá. A torcida estava com saudade do futebol. Jequié é uma cidade carente por esporte. A volta do clube vai ser fantástica para a cidade”, afirma.

Para Mantena, a presença da agremiação na elite estadual também beneficiará toda a região. “Quando o Jequié volta à Série A depois de 20 anos, acredito muito que vai ser revelado muito mais jogadores ne região, que é rica em talentos. Precisávamos de um clube na primeira divisão para agregar isso aí. É para que eles tenham a oportunidade que eu tive de jogar contra o Bahia. Se isso não acontecesse, eu não vinha jogar pelo Bahia”, crê.


Bar tem camisas de Jequié e Bahia expostas | Foto: Matheus Caldas / Bahia Notícias


Relação com Daniel Alves

No início da carreira, como a maioria dos jogadores que sobem para o profissional, Daniel Alves teve dificuldades para conseguir chances no profissional. Mantena conta que, para o técnico Evaristo de Macedo promover o craque ao time principal, foi preciso que ele não tivesse condições de jogo. “O Daniel Alves menino era aquele menino que todos falavam que ia jogar. Só faltava o Evaristo colocar. Ele tinha um pouco de bloqueio com a base. Tanto que, no dia que ele jogou, eu ia jogar improvisado na direita. Eu era preparado para ser meia, mas sempre jogava improvisado na lateral. Ai o Evaristo me chamou no sábado e me perguntou se eu tinha condições de jogar. Eu disse que não. Ai ele disse: ‘Então vou colocar o juvenil ousado”. Era o Daniel Alves. Depois que ele jogou, ninguém nunca mais jogou no lugar dele”, brinca.

Atualmente no PSG, o Dani Alves rodou o mundo – atuou por Sevilla, Barcelona e Juventus. No entanto, sempre quando dá, ele aparece em solo baiano para visitar a família e amigos. No fim do ano passado, ele foi ao restaurante de Mantena junto aos familiares. O ex-jogador conta como foi a experiência. “O mundo dele é outro. A presença dele mexeu muito comigo. Eu fico muito feliz só de ele ter passado aqui, me dado um abraço. Isso é uma coisa fantástica”, conclui.


Daniel Alves em visita ao bar de Mantena | Foto: Arquivo pessoal