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Entrevista

Isaac Edington afirma que deve focar no fortalecimento dos 10 dias de Carnaval - 06/03/2017

Por Guilherme Ferreira / Bruno Luiz

Isaac Edington afirma que deve focar no fortalecimento dos 10 dias de Carnaval - 06/03/2017
Foto: Cláudia Cardozo/ Bahia Notícias

Má notícia para os amantes do Carnaval de Salvador. Se depender do presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington, o número de dias da folia não será ampliado na capital baiana, pelo menos por enquanto. Os viúvos de plantão, entretanto, podem esperar também uma melhoria na infraestrutura da festa, segundo Edington. Em entrevista ao Bahia Notícias, ele afirmou que a prefeitura deve focar agora no fortalecimento dos 10 dias de Carnaval implementados na gestão do prefeito ACM Neto. “Eu não acho que cabe, neste momento, a gente discutir se vai aumentar. A gente precisa fortalecer o que já existe”, opinou. Em um balanço da edição 2017 da festa, o presidente da Saltur disse que um dos grandes desafios para o próximo ano é evitar o esvaziamento dos festejos no tradicional circuito Osmar (Campo Grande), problema já detectado pela prefeitura. “A gente vem tendo experiências para tentar melhorar, vem melhorando, mas ainda deixa a desejar. A gente sabe que o circuito pode ter um elenco de atrações melhor”, lamentou. O presidente ainda criticou a situação de trios antigos usados nos circuitos e afirmou que é preciso modernizar a estrutura dos veículos que transportam os artistas responsáveis por levar alegria aos foliões. “Acho que todos têm que ter essa percepção de que a gente precisa se modernizar. Precisamos manter nossa cultura, nossos valores, mas as coisas precisam ser modernizadas, e equipamentos gigantescos e obsoletos, com vários problemas, não podem estar mais circulando no Carnaval de Salvador”, afirmou.

Qual o balanço da prefeitura sobre os maiores aceitos e o que precisa ser melhorado no Carnaval deste ano?
A gente fez um esforço que deu muito certo. Nós fortalecemos o Carnaval nos bairros. Ano passado, ficamos em torno de 200 e poucas atrações. Neste ano, a gente ampliou para 250, em diferentes regiões da cidade. Fizemos um mix de atrações locais, mas colocamos atrações no sentido de fortalecer este Carnaval. Os comentários de quem foi foram super positivos. Isso foi muito relevante no Carnaval como um todo. Quando a gente vai para a festa em geral, este ano também batemos um recorde, principalmente quando comparado a outros lugares. As pessoas diminuem muito o nosso Carnaval. Nosso Carnaval é de uma dimensão que não existe em nenhuma outra cidade. Não se compara a complexidade e dimensão do nosso Carnaval. Na quarta-feira pela manhã, contabilizamos 997 horas de música. Contando com o arrastão, ultrapassamos as mil horas. Pra fazer isso, temos de 16 mil músicos, sem falar em técnicos, pessoas de produção. As pessoas não têm dimensão disso. Outro ponto que a gente tem se esforçado é buscar fazer coisas diferentes. Nós fizemos o Fuzuê, o Furdunço, tivemos na terça-feira a festa feita pela Skol, nossa patrocinadora, a “Terça do Pipoco”. A abertura do Carnaval também foi muito importante, quando conseguimos reunir entidades como Ilê, Malê, Gandhy, Olodum. Além disso, também tivemos a questão da música orquestrada. Conseguimos fazer uma abertura de Carnaval muito simbólica. Na quinta, acho que foi muito assertivo, na parceria com o patrocinador, ter aquele palco. Fizemos uma coisa bem integrada, chamamos Psirico, Preta Gil e Alavontê e o encontro de trios no início, ao invés do final, como já estava manjado. Acho que deu muito certo os trios e blocos até meia-noite e, depois, o palco. O palco Trident também deu muito certo. Foi bombadíssimo. Imagine aí você tinha o palco da Skol ativado e, a 300 metros, você tinha harmonicamente convivendo a música eletrônica. Em paralelo, 10 bairros ativados. Ao mesmo tempo, tínhamos muito forte o Carnaval do Pelourinho. Tivemos o Centro Histórico lotado todos os dias. A Barra lotada todos os dias. Quando as pessoas querem comparar o Carnaval de Salvador com o do Rio e de Belho Horizonte, o que eu posso dizer é: “Me bata uma garapa”, pois não dá para comparar. Tinha dias que, eu brincando com o presidente da Limpurb, que ele me ajudava a encerrar o Farol da Barra, pois acabava e as pessoas continuavam lá. É uma coisa até que as pessoas precisam entender. Por mim, ficava até 5h da manhã, mas não dá, pois a cidade precisa ser limpa. É preciso ver a questão de manutenção, os postos de saúde trocarem as equipes. É preciso funcionar todo um aparato logístico que precisa funcionar às 3 da manhã para entregar a cidade pronta para o Carnaval. A logística de um Carnaval como esse não está só nas atrações, mas na infraestrutura.

Na avaliação da prefeitura, o que precisa ser melhorado?
O prefeito ACM Neto até externou essa preocupação essa semana, é uma coisa que a gente vê isso há alguns anos, que é o esvaziamento do Campo Grande. A gente tem feito até algumas iniciativas próprias, mas tem havido muita concentração na Barra. Já pelo segundo ano, a gente coloca algumas atrações para o folião pipoca no Centro. A Daniela [Mercury], a pipoca do Saulo, várias atrações no Campo Grande para valorizar. Colocamos o Pôr do Sol com a Baiana System no local, o próprio Kannário, que atrai muito público. A gente vem tendo experiências para tentar melhorar, vem melhorando, mas ainda deixa a desejar. A gente sabe que o circuito pode ter um elenco de atrações melhor. O prefeito já determinou que a Saltur comece um trabalho junto a artistas e empresários para tentar equilibrar melhor esse jogo entre Barra e Campo Grande, para que a gente possa ter um Carnaval melhor no Campo Grande. Esse foi um grande desafio que o prefeito lançou. Vamos trabalhar nesse sentido.

Essa descentralização do Barra-Ondina também passa por atrair mais camarotes para o Campo Grande ou isso seria uma consequência?
Olha, ainda é cedo pra dizer a solução. A gente está reunindo dados. Esses dados vão se transformar em informações e, depois, em conhecimento para a gente agir. Estamos nessa fase de coleta de dados. Há uma hierarquia pra que essa coisa funcione. O prefeito está se empenhando pessoalmente nisso para que, em breve, a gente possa anunciar as medidas e como isso vai funcionar.

Nos últimos anos, a gente tem observado um aumento no número de dias com festa no Carnaval. Teve consolidação do Furdunço, do Fuzuê e teve o Pipoco na terça, que o prefeito disse que deve ser mantido no ano que vem. Ainda há espaço para mais Carnaval ou já chegou ao limite?
Particularmente, eu acho que não é hora de pensar que é preciso aumentar mais esse espaço. Acho que o prefeito já fez nos últimos anos, quando ele entrou na prefeitura nós tínhamos 5 a 6 dias de Carnaval. O pré-Carnaval não foi tirado do nada só pra fazer mais festa. Eu sempre digo isso para a imprensa do Sul, quando a gente conversa. Para nós, festa é uma coisa muito séria. A área de entretenimento daqui é como se fosse nosso ABC paulista. Quando o prefeito determinou que fosse feito o pré-Carnaval, ele tinha dois objetivos estratégicos bem distintos. Um era criar um estímulo para antecipar a vinda de turistas para a cidade. Isso é muito importante. Cada dia a mais que você consegue reter um turista na cidade isso traz resultados importantes. Outro ponto que faz muito sentido, mas as pessoas ainda não perceberam é que retarda a saída do soteropolitano da cidade. Quando ele viu que tem a oportunidade de passar um fim de semana na cidade curtindo um Carnaval diferente, junto aos amigos, um pouco mais cultural e intimista como Fuzuê e Furdunço, ele fica na cidade. Quando ele fica aqui, ele consome cerveja, utiliza o transporte público, vai a restaurantes. Isso faz a roda da economia girar. A quarta-feira foi uma coisa natural, porque, de fato, já havia Carnaval. O prefeito oficializou e, já com o pensamento de fortalecer o Centro Histórico, fizemos da abertura um grande evento, com grandes atrações, movimentando o Centro Histórico da cidade. Eu não acho que cabe, neste momento, a gente discutir se vai aumentar. A gente precisa fortalecer o que já existe. Da mesma forma que a gente foi feliz em fortalecer o Carnaval nos Bairros, a gente vai conseguir transformar esse problema em uma outra oportunidade para melhorar ainda mais o Carnaval e potencializar os circuitos. 

Em entrevista ao Bahia Notícias, você criticou a idade de alguns trios elétricos que apresentaram alguns problemas. Quanto a isso, você acredita que é necessária uma maior fiscalização dos veículos e estabelecer padrões de qualidade para que eles circulem no Carnaval?
Já existe um processo que a gente precisa melhorar, que é a Central de Vistorias, para fiscalizar os equipamentos. Isso é feito, mas, apesar de toda a fiscalização, esses equipamentos acabam chegando na Avenida em um momento e fazem algumas modificações, que provocam acidentes, como aconteceu com a pessoa que foi eletrocutada no Circuito Dodô, por causa de um LED que bateu em uma fiação. Muitas vezes, ocorrem modificações após e fica difícil você fazer essa fiscalização. Vamos sentar para discutir isso com o Conselho do Carnaval e as entidades de fiscalização, para vermos como a gente pode fazer uma fiscalização prévia mais efetiva. Ao mesmo tempo, começar uma grande campanha de mobilização dos empresários, estimular outros empresários para que eles venham para Salvador e tragam seus equipamentos menores. Se você contar um dia de desfile, são 25 blocos na rua, com 50 equipamentos na rua – trio elétrico e carro de apoio – sobra muito pouco espaço para o folião. Tem também a fiação. Há anos que tem Carnaval e ainda tem fiação baixa no meio do circuito. Não é possível isso. A Coelba precisa levantar essa fiação. São duas questões importantes que a gente tem que se mobilizar. Acho que todos os envolvidos precisam contribuir para resolver esses problemas. A prefeitura não vai fazer isso sozinha. Acho que todos têm que ter essa percepção de que a gente precisa se modernizar. Precisamos manter nossa cultura, nossos valores, mas as coisas precisam ser modernizadas, e equipamentos gigantescos e obsoletos, com vários problemas, não podem estar mais circulando no Carnaval de Salvador.