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Entrevista

Sandro Régis faz balanço do período em que atuou como líder da oposição - 19/12/2016

Por Luana Ribeiro

Sandro Régis faz balanço do período em que atuou como líder da oposição - 19/12/2016
Foto: Renata Farias/ Bahia Notícias

Após dois anos como líder da minoria na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o deputado estadual Sandro Régis (DEM), deixa a função no próximo ano. A saída de cena está baseada na “convicção” na renovação, mas também é estratégica. “Continuarei com as mesmas convicções, defendendo minhas condições dentro da bancada, sendo um deputado dentro da bancada que vai ajudar cada vez mais a fortalecê-la, ajudar o próximo líder, e também cuidar da minha base eleitoral, que é muito importante”, afirma. Falando em mudança, a oposição também colocou as barbas de molho no que diz respeito à eleição do novo presidente da Casa: não tem candidatura própria e vai observar diversos aspectos, com “prudência”, para decidir o voto. “Porque não é um candidato da oposição, não é um candidato que representa o nosso projeto para 2018. Então é um jogo de xadrez, para no momento certo a oposição dar o xeque-mate”, afirma. No balanço das atividades no Parlamento, o democrata faz críticas ao “rolo compressor” do governo, que coloca diversos projetos para serem votados em regime de urgência, e à falta de pagamento das emendas impositivas. “E aí eu acho que o Parlamento é omisso, porque a Assembleia deveria preservar os direitos de 63 parlamentares”, avalia.

Sobre a saída da liderança da oposição, anunciada esta semana, foi uma escolha pessoal?
Foi uma escolha pessoal. E também a minha convicação de renovação, acho que todos tem que ter a oportunidade de ter essa experiência. Na verdade, seria só um ano, mas a bancada escolheu que eu ficasse por um ano, fiquei por dois anos. Tem mais dois blocos a serem contemplados, tanto o bloco do PSDB-PRB-PSC, quanto o bloco do PMDB. Então tentar contemplar todos os integrantes de todos os blocos a essa experiência de liderar uma bancada.

E já existe alguma conversa ou definição sobre de qual bloco deve vir o novo líder?
Está se construindo um nome, a bancada tem construído um nome; acredito que agora em janeiro já se anuncia um nome. Mas o meu sentimento é só de agradecer. Eu acho que esses dois anos valeram mais do que todos os mandatos que já tive. Tive uma bancada muito coesa, muito correta comigo, muito fiel. Eu fiquei muito satisfeito em poder participar dessa experiência profissional, mas acima de tudo, para meu currículo profissional também é muito bom.

Como o senhor acha que fica a bancada agora? O senhor disse ser uma bancada coesa, mas uma mudança na liderança acaba alterando a configuração...
Não, o novo líder agora vai ter o seu perfil, vai ter sua forma de conduzir a bancada, que com certeza, não tenho dúvida, será da melhor forma possível. Então acho que o novo líder vai ter seu formato, sua forma de conduzir a bancada, suas características peculiares. Mas eu tenho certeza que o espírito da bancada, de União, de lealdade, de sinceridade um com o outro, vai permanecer.

Dentro da atual conjuntura da Casa, com essa perspectiva de uma eleição que talvez mude o cenário que já vem se estendendo há um bom tempo e também a mudança de força de alguns partidos, como o PSD, que ganhou bastante força agora nas últimas eleições, surgem novos desafios para a bancada de oposição, que já é uma bancada de minoria na Casa?
Não porque nós estamos muito coesos, a bancada de oposição é um terço da Casa. Então nós temos um espaço hoje consolidado na Assembleia Legislativa da Bahia. E com esse sentimento da bancada sempre votar coesa, sempre votar de forma combinada entre todos, nos faz forte. Então, independente de quem quer que seja o presidente, de qual partido que seja o novo presidente da Casa, a bancada de oposição com certeza será respeitada e terá seu espaço.

Houve algum avanço na decisão da bancada desde o dia da visita do prefeito ACM Neto em relação a essa questão da eleição [na ocasião, Neto afirmou que não interferiria e Régis afirmou que a bancada não teria candidatura, mas escolheria um nome para apoiar de forma unânime]?
Não. O prefeito pediu que a bancada votasse coesa, votasse unida, e que a gente tivesse prudência na escolha do melhor candidato. E assim a bancada tem feito discussões internas, mas até agora não temos um caminho certo a seguir.

Já sentaram com algum candidato?
Tivemos algumas conversas informais, mas nada formalmente ainda.

E essa prudência requisitada por Neto seria em que sentido?
No sentido desse momento que o país está vivendo, do que a sociedade está cobrando. O político tem que deixar de viver no mundo autista e procurar entender o recado da sociedade, das pessoas. Você não pode dizer que ontem foi igual a hoje. Não mais. Então nós estamos procurando, na bancada de oposição, nos atentar a tudo, e também estamos formulando uma espécie de um documento onde nós vamos pedir ou buscar compromissos dos postulantes com pontos essenciais que achamos importantes nesse novo momento que a política do Brasil vive.

O senhor poderia fazer um balanço das atividades da Casa, na perspectiva de líder da oposição?
A Casa votou diversos projetos, mas vocês que nos acompanham sabem do nosso questionamento da Casa sempre votar projetos em regime de urgência. Eu acho isso um desserviço à Assembleia, porque os deputados não têm oportunidade de discutir e debater o que seja votado. Muitas vezes o governo, na sua maioria, usou o rolo compressor, que é um desserviço também à democracia. Mas a bancada de oposição sempre combativa, sempre alertando esse procedimento que não entendemos correto nem para a Assembleia, nem para a sociedade. Mas a Assembleia procurou fazer o seu papel, votamos os projetos. A bancada de oposição entendeu que aqueles projetos que não eram de benefício para a sociedade votamos contra; os projetos que eram bons para a sociedade muitas vezes nós votamos a favor. Porque nós não somos oposição à Bahia e aos baianos, mas somos oposição ao modelo PT de governar, e assim foi esse ano de 2016.

Considerando até a manutenção dessa atitude em relação aos projetos em regime de urgência, como o senhor avalia a relação entre a bancada e o governador? Houve alguma diferença, já que ele começou a mostrar mais seu estilo de gestão.
Com a bancada de oposição não, nós nos limitamos ao nosso papel, ao nosso campo de atuação. A bancada de oposição não tem nenhuma relação institucional com o governo do Estado. O que nós fazemos na Assembleia é defender os interesses da Bahia.

Em relações às emendas parlamentares, até outubro só foram cumpridos 2%. Foi sinalizado um avanço, nos últimos meses?
As emendas impositivas são lei e o governo não tem cumprido. Agora é bom dizer à população que as emendas impositivas da Bahia não são recursos financeiros: os deputados indicam benefícios e o município recebe direto. Exemplo: uma mecanização agrícola, um trator, poço artesiano, um ônibus escolar. Não é dinheiro, a emenda impositiva da Bahia. O próprio Estado compra o benefício para a emenda ser executada. E o Estado não vem respeitando a emenda impositiva; o que eu acho, inclusive, que além de estar desrespeitando a lei que foi aprovada pela Casa, é uma falta de respeito com o Parlamento. E aí eu acho que o Parlamento é omisso, porque a Assembleia deveria preservar os direitos de 63 parlamentares. Está sendo omisso quando não faz uma cobrança efetiva ao governo do Estado para que se cumpram essas emendas, que são simplesmente benefícios para a comunidade, e para todos os municípios da Bahia que os deputados representam.

Voltando um pouquinho em relação à eleição na Casa. Nos bastidores, o que se fala é que tanto o PSD quanto o PP contam com o trânsito na oposição para conseguirem quebrar a sequência de mandatos do presidente Marcelo Nilo (PSL). Como os resultados das eleições municipais estão interferindo nessa questão? O senhor acha que pode ter uma mudança mais à frente, no desenho dos partidos que compõem a Casa?
Não sei dizer, a gente não pode prever hoje o amanhã na política. Agora, a bancada de oposição não vai tomar uma posição única na Casa, vai ser uma decisão pensando na administração da Casa, pensando na política para 2018, pensando na política no momento. Mas a gente não pode afirmar nada agora, até porque as coisas não estão claramente delineadas. O que nós estamos fazendo é ilações e suposições, e nós vamos tentar acertar a nossa decisão.

Mas há uma maior aproximação com esses partidos?
Temos conversado sim. Mas todos os três candidatos são da base de Wagner [do governador Rui Costa]. Tanto Ângelo Coronel, como Luiz Augusto, como Marcelo Nilo. Então é por isso que a oposição não tem pressa de decidir. Porque não é um candidato da oposição, não é um candidato que representa o nosso projeto para 2018. Então é um jogo de xadrez, para no momento certo a oposição dar o xeque-mate.

E porque não lançar uma candidatura própria [chegou a ser cogitado que o próprio Régis se lançasse como nome pela oposição]?
Porque nós não temos condição de ganhar a eleição, nós só temos 21 deputados. Aí o que acontece, se a oposição lançasse candidato, o governo se une e derrota a oposição.

Mas esse contexto está mais pulverizado, é algo que não acontece já tem algum tempo...
Que eu acho muito importante aqui registrar que essas alternativas de candidatura, essas alternativas de projeto, só faz fortalecer a democracia dentro do Parlamento.

Com a saída da liderança, como o senhor pensa o restante do seu mandato, inclusive politicamente?
Continuar como fui. Procurei ser um bom líder e serei um melhor liderado para o próximo líder. Continuarei com as mesmas convicções, defendendo minhas condições dentro da bancada, sendo um deputado dentro da bancada que vai ajudar cada vez mais a fortalecê-la, ajudar o próximo líder, e também cuidar da minha base eleitoral, que é muito importante.

Já pensando em um plano futuro...
Eu sou votado pelos municípios. Tenho que dar minha atenção aos municípios, porque são eles que me fazem ser deputado estadual.

Alguma estratégia específica para 2018?
Não, não... No mundo da política a gente não pode prever nem daqui a 15 dias, quanto mais 2018. É trabalhar e procurar dentro meu mandato honrar todos os compromissos que fiz ao longo de minha campanha eleitoral e ao longo de minha vida pública.