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Entrevista

Érico Mendonça estima crescimento do número de turistas em Salvador - 05/12/2016

Por Estela Marques / Rebeca Menezes

Érico Mendonça estima crescimento do número de turistas em Salvador - 05/12/2016
Fotos: Fernando Duarte / Bahia Notícias
A prefeitura de Salvador espera receber ao menos 2,1 milhões de pessoas durante o verão da capital baiana. O secretário municipal de Cultura e Turismo, Érico Mendonça, explica que o setor hoteleiro já registra 15% a mais de reservas o que o mesmo período do ano passado. “No ano passado tivemos uma ocupação de cerca de 85%. A gente estima que neste ano, tenhamos 90%, 95% de ocupação nos principais hotéis”, contou. Para Mendonça, grande parte deste resultado é fruto do trabalho da gestão municipal, a partir da ampliação e divulgação do calendário de eventos, não só nas outras regiões do país, mas também no exterior. “A nossa intenção é cada vez mais atrair o turista estrangeiro exatamente porque é um turista que fica mais tempo no país, gasta mais dinheiro do que o brasileiro, mas também é um custo maior para você atrair”, avaliou. Em entrevista ao Bahia Notícias, o secretário também fala sobre as estratégias para o Carnaval, o trabalho feito com o trade turístico e a expectativa de transformar a Baía de Todos os Santos em um novo ponto turístico de Salvador.
 

Agora em novembro a prefeitura foi a São Paulo para lançar o calendário de festas de verão. Como o senhor avalia essa estratégia da gestão de vender as festas daqui, já que este é o segundo ano em que vocês utilizam esse recurso.
Tem funcionado sim, porque um dos atrativos que Salvador sempre teve foi ser uma cidade de festas. Então na medida em que você fortalece o calendário de festas, você tem condições de atrair mais turistas com esse foco. Evidente que nós temos outros motivos de atração, como o cultural. Estamos criando novos equipamentos... Mas o turismo com base em eventos festivos sempre foi uma tradição e isso tem dado um resultado muito bom. Tanto que, neste ano, o fato de termos aumentado o período de réveillon fez com que viessem mais turistas pra Salvador, isso por força do que a gente tem de formação dos hoteleiros. O número de reservas nesta época do ano já está 15% maior do que no mesmo período do ano passado. No ano passado tivemos uma ocupação de cerca de 85%. A gente estima que neste ano, tenhamos 90%, 95% de ocupação nos principais hotéis.
 
Então já podemos dizer que o investimento em vender Salvador tem trazido turistas de outras regiões para cá?
Exatamente. E nós não fizemos apenas este lançamento do verão como forma de atração de turistas. Este ano nós viemos fazendo outros eventos junto a operadores e agentes de viagem que a gente chama de capacitação. Ou seja, você chega em uma cidade e reúne cerca de 60% dos agentes, faz uma apresentação da cidade, faz sorteios para que eles visitem Salvador - claro que com a cooperação de hotéis e companhias aéreas -, e isso tem mostrado também que é uma forma que tem dado resultado, sobretudo porque a imagem da capital ainda estava... É preciso um trabalho para mostrar que a cidade está passando por uma série de mudanças, ações que a prefeitura vem realizando para a ocupação de novos espaços, urbanização de áreas. E eles se surpreendem quando veem as fotos que nós levamos. Isso mostra que essa é uma estratégia correta. Tanto que nós fizemos já em seis cidades do Brasil, junto com a ABIH, três cidades da Argentina, fizemos em Barcelona... Essa é uma estratégia não muito cara, porque não tem um gasto muito alto, e tem um resultado bom. Além disso, temos investido em anúncios e outras formas de divulgação.
 
O Ministério do Turismo divulgou neste mês que os turistas internacionais gastaram 6% a mais neste ano em relação ao ano passado. Quais são as ações que a prefeitura tem feito para captar estes turistas?
Claro que o mercado nacional representa hoje 85% do nosso fluxo. 15% são estrangeiros. A nossa intenção é cada vez mais atrair o turista estrangeiro exatamente porque é um turista que fica mais tempo no país, gasta mais dinheiro do que o brasileiro, mas também é um custo maior para você atrair. Nós fizemos um press trip com a Espanha, fizemos uma parceria com a Air Europa, trouxemos oito jornalistas espanhóis há cerca de um mês. Isso tem gerado uma série de matérias positivas na imprensa da Espanha. E a contrapartida da Air Europa foi atuar também na promoção do destino. Então nós fizemos um workshop em Barcelona e em Madri. Além disso, eles fazem parte de um grupo grande de agências de viagem que atuam sobretudo no mercado espanhol, colocando Salvador nestas lojas, além de um pequeno vídeo falando da cidade em todos os voos que eles têm. Essa foi uma ação pequena, mas que foi possível fazer neste ano.

 
 
Nós já podemos falar que estamos na alta temporada. Quais são as expectativas para o Réveillon? Vocês já têm expectativa de público ou de retorno financeiro?
A expectativa para o verão como um todo são de 2,1 milhões de turistas, isso com base em um número de reservas que a gente já vê na hotelaria, que é em torno de 90%. A gente sabe que dos turistas que vêm a Salvador, cerca de 40% se hospedam em hotéis. Os outros 60% ficam em apartamentos que alugam por temporada, ou em casa de parentes e amigos. Então é com base neste número que a gente extrapola e chega a esta previsão. O verão é o período em que Salvador recebe mais turistas, porque é o período de férias de verão. O Carnaval sempre foi o principal produto da cidade, sob o ponto de vista de eventos, e o que estamos fazendo agora é agregar na abertura do verão, aproveitando para fortalecer com esse calendário de cinco dias de festa. E, é claro, é um calendário que se encerra no Carnaval. O que a gente tem feito nessa linha é o Festival da Cidade, que acontece no aniversário da cidade no final de março, e o Festival da Primavera, que acontece no final de setembro. São dois eventos que ainda não têm a força de Carnaval e Réveillon, até porque acontecem em períodos em que normalmente o calendário escolar já está vigente - o que dificulta um pouquinho o deslocamento de turistas para o lazer -, mas que é uma forma também de compensar a fragilidade que Salvador hoje tem com relação à falta de um espaço para eventos de negócios, que são os congressos e seminários que ocupam esses períodos do ano.
 
Em relação ao Réveillon, a prefeitura já tem uma estimativa de quanto deve movimentar?
Não, ainda não temos este número. Porque ele depende muito do período. Nós temos feito pesquisas, a última foi em 2015, na baixa, média e alta estação. Geralmente nós temos ali o levantamento do gasto do turista, que está em uma média de R$ 1.150,00.
 
Um levantamento apontou que depois da Copa do Mundo de 2014 Salvador perdeu 12 hotéis. Além disso, temos um aeroporto com estrutura questionável para receber o fluxo de turistas que se espera. O que a prefeitura tem feito para driblar essa dificuldade?
Nós estamos com a expectativa de que com a privatização do aeroporto nós tenhamos as reformas que ele precisa. Foi lançada essa semana pelo Ministério dos Transportes a concessão do aeroporto de Salvador e a abertura dessas propostas vai acontecer em março. Esperamos que a partir daí existam estratégias mais estruturadas para recuperar o equipamento e atuar bem como o portão de entrada da cidade. Há outros condicionantes que também não dependem da prefeitura. Por exemplo, só para comparar, cidades como Recife e Fortaleza oferecem uma redução do ICMS do combustível, o que faz com que elas sejam mais atrativas para funcionarem como Hubs de companhias internacionais, principalmente. Inclusive o secretário estadual de Turismo está colocando como uma necessidade urgente de buscar essa redução do valor do combustível, para que isso não seja um fator que prejudique a atração de voos para a cidade.
 
É difícil o diálogo da prefeitura com o governo no setor de turismo?
Não, eu tenho uma boa relação com o secretário. Nesse aspecto eu não vejo nenhuma dificuldade. Até porque nós dois somos pessoas que trabalham com turismo há muito tempo. Ele veio do trade, é um agente de viagem, eu já trabalho com turismo desde o início das ações que fizemos com o Prodetur. Então é uma relação muito boa, assim como com os empresários. Nós criamos o Conselho Municipal de Turismo, são 21 membros, que representam quase todos os seguimentos do turismo. Temos feito reuniões por meio do conselho e também em outros momentos. Na captação de turistas a ABIH participou, nós também tínhamos hoteleiros conosco. Temos tido um trabalho em comunhão com o trade de uma forma muito produtiva.
 
Há um trabalho com a hotelaria para compensar essa baixa de 12 hotéis?
Nós, através da associação Salvador Destination, que nós apoiamos, temos buscado eventos de pequeno e médio porte para suprir a ocupação nesses períodos que não são de festa. Claro que não são eventos muito grandes, mas suficiente para dar uma ocupação adicional nesses momentos. Então esse trabalho consiste em trazer pessoas de vários seguimentos, sobretudo da área médica, que é hoje o seguimento profissional que mais realiza eventos, congressos e seminários. Trabalhamos também com os representante deles aqui em Salvador, para mostrarmos que temos atrativos para as horas de lazer destes congressistas, assim como um calendário cultural. Como resultado deste trabalho, já conseguimos captar cerca de 20 eventos para acontecerem em 2017 e 2018.
 
Em setembro conversamos com Isaac Edignton sobre o Festival Náutico e ele mencionou que existe um interesse da prefeitura em potencializar a região da Baía de Todos os Santos como um destino turístico. O que já há de projetado para isso?
Em outubro fizemos o primeiro congresso de economia náutica. Trouxemos profissionais da Espanha para falar sobre a experiência nesse seguimento, além de pessoas do Rio e de São Paulo. Como efeito disso, o prefeito deve assinar um decreto nos próximos dias de criação de um comitê náutico que é constituído de pessoas do seguimento, da prefeitura e da marinha para fortalecer a atividade náutica. Nós temos a maior baía do Brasil e do Hemisfério Sul, que pertence ao clube das mais belas do mundo. O governo do estado também deve iniciar agora um projeto de implantação de uma série de equipamentos, através do Prodetur, que se soma a este nosso trabalho. E isso inclui mergulho, esportes náuticos, pesca... enfim, tudo o que você pode fazer utilizando o espelho d'água da Baía de Todos os Santos. Há 10, 15 anos atrás  Salvador era parada de várias regatas internacionais. Essa é uma das coisas que nós tentamos resgatar.
 
Nós já sabemos que o tema do Carnaval será "Cidade da Música". Quais são as novidades que são preparadas para o evento? O que já está decidido?
O que nós estamos trabalhando já é uma sequência de ações que têm a ver com o processo de mudança do Carnaval. Uma delas é a redução dos blocos de corda, que veio a partir da ampliação do patrocínio com as cervejarias. Este ano, nós tivemos cerca de 50% dos blocos sem cordas. Isso deve continuar em 2017. Teve também a criação do Furdunço e do Fuzuê, os eventos pré-Carnaval, que também têm atraído o interesse de outros tipos de público.
 
E outros palcos? Vão haver festas em outros bairros?
Isso ainda não está fechado. Mas a ideia é fazer com que eles sejam ampliados. No ano passado já tivemos um bom número de bairros com festa no Carnaval. Até porque isso tem a ver com o espaço físico do evento. A cidade tem uma população de 3 milhões de habitantes e usa o mesmo espaço de quando tinha metade disso. Então se você não descentralizar o Carnaval, não tem condições de fazer na mesma área. A forma de contornar isso é criar novos espaços.
 
Como a Secretaria de Segurança Pública lida com essa decisão?
O argumento deles é a questão do contingente que eles têm. Mas, em contrapartida, isso faz com que quanto menos gente se tenha em um determinado espaço, a violência seja menor também. Para este Carnaval que vem, ainda não tivemos nenhuma discussão. Em 2016 funcionou assim e deu tudo certo. Eles voltaram a fazer as barreiras em pontos estratégicos, que funcionam muito bem. Eles usam inclusive isso no Réveillon, que é ainda melhor, por ser um espaço mais reduzido.