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Entrevista

Sidônio Palmeira comemora 3ª vitória consecutiva na corrida estadual - 14/10/2014

Por Fernando Duarte / Lucas Cunha / Luiz Fernando Teixeira

Sidônio Palmeira comemora 3ª vitória consecutiva na corrida estadual - 14/10/2014
Fotos: Renata Farias/ Bahia Notícias

O marqueteiro Sidônio Palmeira saiu-se vitorioso nas eleições estaduais pela terceira vez consecutiva. Apesar de não ser petista nem militante do partido, Sidônio confessa que tem simpatia pelo estilo de governo do PT. Sem se considerar um milagreiro, o publicitário recorre até ao nazismo para exemplificar porque suas estratégias de campanha sempre se baseiam na verdade, o que facilita o trabalho. Sidônio, assim como boa parte da base governista, questionou as pesquisas, que apontavam derrota do PT para o governo do estado e para o Senado, mas se revelaram incorretas, notoriamente as do Ibope. Sobre Rui Costa, o marqueteiro é só elogios, chamando-o de “estudioso, trabalhador, CDF e correria” para fazer valer as promessas de campanha.

Em 2014, mais uma vez Sidônio Palmeira é o marqueteiro vencedor do pleito. 2006 e 2010 com Jaques Wagner e agora com Rui Costa. Qual a fórmula do sucesso pra ganhar a eleição aqui na Bahia?

Trabalho e ter bons candidatos. Wagner nas duas eleições foi um excelente candidato e terminou sendo um grande governador, e Rui agora, que tem a sua história de superação. A vida dele é de superação. Nasceu em uma família pobre na Liberdade, foi crescendo e tudo o que ele conquistou foi com muita luta. Eu diria até que perde a poesia natural das coisas, mas com muito trabalho e muito esforço. É um bom candidato e eu acredito que vai ser um grande governador.
 
Qual a porcentagem que você acha que o marketing político auxiliou na vitória do PT aqui na Bahia nas últimas três eleições?
Na verdade o marketing é um instrumento. Existe uma tese de que enquanto há um marketing, tem marqueteiros que passam a ser mais importantes que o próprio candidato. Sou contra essa tese, acho que o mais importante é o candidato. Ele [o marqueteiro] tem o papel fundamental de mostrar esse candidato para a população. Então a imagem do candidato tem que ser paralela ou coincidir com o que é ele na realidade, senão a gente termina criando um factóide. Eu sou contra criar factóide no marketing político. Acho que a gente tem que trabalhar com a verdade e a simplicidade das coisas. Nós achamos um candidato com esse perfil.
 
O senhor falou no novo, que Rui Costa acabou se beneficiando da busca pelo novo, que atingiu até um cenário nacional. Em 2012 o PT acabou não conseguindo vencer com um candidato antigo em relação à ACM Neto, apesar de trazer o nome de Antônio Carlos Magalhães, que se colocava como o novo. Nesse governo, o novo venceu no estado. O senhor, como o marqueteiro nessas outras campanhas, prevê que cenário para o PT em 2016. É o momento de o partido pensar em algo novo?
A gente acabou de sair de uma eleição. Eu não pensei ainda em 2016 (risos), nem se vou fazer campanha. Eu acho que é claro que o novo é importante, mas um novo que tem uma característica importante pra ser colocado. A gente elevou o tempo todo da nossa campanha, de que pra Bahia mudar mais, aceitando a mudança, mas não é uma mera continuação do governo Wagner, que vinha fazendo muito. O novo é interessante, gera certo receio por parte da população que pode não conhecer, mas é importante ter ideias novas, ter pessoas que tenham a disposição pra correr atrás de ideias pra mudar, aprofundar as mudanças que estavam acontecendo no estado. Rui tem um aspecto interessante: além de ser novo ele é “correria”. A gente usou muito isso. Apelamos para a correria porque significa que não vai ficar sentado. Parado, esperando as coisas. Eu acho que em um estado como o nosso, que tem dificuldades financeiras, que tenha a disposição, que corra atrás e vá buscar mais verba, que não se acomode com a situação da saúde ou da educação. Nas outras áreas aconteceram avanços, mas precisa de muito mais. Se não tiver um governador disposto a fazer isso, e quando a gente fala o novo, não é o novo na idade, é novo nas ideias, na concepção do jeito novo de fazer política.
 
É imprescindível o marqueteiro acreditar no seu candidato?
Essencial. Eu não trabalho em um candidato em que eu não acredito. Tive algumas propostas que eu não vou citar (risos) porque é antiético, mas tem acreditar no candidato. Se não acreditar nas ideias dele, se não acreditar que ele vai fazer melhor, eu acho que não vale a pena fazer campanha. Eu não faço campanha meramente por dinheiro. Faço por acreditar no projeto. Acredito que o Rui tem condições de melhorar ainda mais a situação do povo baiano, eu sou defensor da tese de que o governo bom é o governo que melhora a vida das pessoas, e é dentro disse conceito que o Rui é inserido.

 

O senhor é militante petista?
Não. Não sou filiado a nenhum partido, nunca fui do PT. Tenho uma concepção de mundo, de melhorar a vida das pessoas e tudo mais, mas não tenho concepção nenhuma de partido. Por exemplo, em Maceió, na eleição de 2012, eu fiz um candidato que não era do PT e foi contra o PT lá. Agora no Maranhão eu fiz Flávio Dino (eleito governador pelo PCdoB), contra o PT lá. Na verdade não foi contra o PT, foi contra Sarney. Meu sócio Carlos Eduardo, o Carlinhos, fez a campanha lá, que foi uma grande vitória. Tem toda essa história de dominação que existia lá dos Sarneys no Maranhão. Acho que isso é muito importante. Como foi muito importante aqui na Bahia a eleição de Wagner em 2006. Foi uma eleição, que foi uma transformação no estado. Eu acho que a gente defender a democracia, a liberdade, ter uma opção pelo social, acho que isso é muito importante, independente de ser PT ou não, o que eu não sou. Não sou filiado a nenhum partido, mas eu tenho uma concepção de mundo, como você deve ter e cada um vai ter, de ter um mundo e uma vida melhor. Eu acho que o trabalho com esse vínculo é muito importante.
 
Além de Bahia e Maranhão, a equipe de Sidônio levou em mais algum estado?
Não. Só fizemos essas duas campanhas e graças a deus foram duas campanhas vitoriosas. Foi uma campanha que a gente saiu na frente, lá no Maranhão, e conseguimos manter e ampliar essa frente. Meu sócio esteve lá e fez todo esse trabalho. E aqui foi uma campanha que a gente saiu bem atrás, e conseguimos virar e vencer no primeiro turno, e as pessoas não imaginavam. Era uma demonstração de que na política tudo é possível. Não existe esse negócio de que a pesquisa é pra isso ou pra aquilo. Hoje as pessoas até brincam com o Ibope, tudo está dentro da margem de erro do Ibope. Teve um artigo que eu achei engraçadíssimo, em que o professor coloca o seguinte: nessas eleições quem está ganhando é a margem de erro, que já está com 55%. Porque a margem de erro está cada vez mais estendida. Em uma eleição como essa, em que diziam que o candidato adversário ia ganhar no primeiro turno e tinha mais de 20 pontos de frente, já agora no final, no início chegava a ter quase 40 pontos, e depois ter uma virada dessa, é preciso ter uma explicação.
 
Como é que você lida com as pesquisas no início do trabalho. Essas eleições, de alguma forma, vão mudar como você se baseia a partir de pesquisas no seu trabalho?
É preciso fazer um acompanhamento através do tracker, tem que fazer um acompanhamento pra ver como é que você vai. Em 2006 nós vivemos a mesma experiência. As pesquisas diziam uma coisa e o resultado disse outra. Eu acho que vale a pesquisa, mas vale também o feeling, o sentimento, a percepção e como é que estão as coisas. Isso é fundamental. É claro que a gente olha as pesquisas, a quanti com a quali, a quali vai nos balizar pra ver pra onde a gente vai e se a gente não vai poder deixar de trabalhar. Mas lembre-se que as pesquisas tinham variações. Eu acho que aqui no estado, por exemplo, tinham coisas que não se falavam, sobre o voto com apoio, que foi o que foi o certo. Quando a gente falava que com apoio o Rui já estava 10 pontos na frente e chegamos a colocar na televisão isso. Isso bateu com a realidade objetiva, porque a gente não pode dissociar o voto em Rui da relação que ele tem com o governo Wagner, com o governo Dilma e isso também era importante, independente da característica pessoal dele como governador. Mas esse voto com apoio terminou sendo uma coisa importante, que as pesquisas não analisam. As pessoas até brincavam que eu tinha inventado uma nova forma de fazer pesquisa ao falar do apoio, mas isso é importante, porque no final o cara vai votar como? Vai votar no projeto, que era Lula, Dilma, Wagner e Rui.
 
Os trackers que você realizou ao longo da campanha eleitoral estavam indicando esse sentimento de que ia haver uma vitória de Rui Costa no primeiro turno?
Já no final já dava uma guinada muito grande de Rui, teve um dia que a gente subiu cinco pontos e eles caíram 12. E já no final já corria para o segundo turno. Então a Babesp também apontava o segundo turno e só o Ibope que não apontava no final ele começou, na última pesquisa, foi no sábado que ele apontou um empate entre os dois. O que não deu, terminou dando Rui com 17 pontos na frente.
 
Foi o grande momento de alívio ali aquela pesquisa Ibope na véspera da eleição? 
A gente acreditava. Quem mais acreditava nisso tudo era o governador Jaques Wagner. Ele sempre achava que ia ganhar no primeiro turno.

 

No começo era só ele ou tinha mais gente que acreditava nele?
No começo era ele. O Rui sempre acreditava na vitória, não colocava no detalhe se ia ser no primeiro ou no segundo turno, mas ele acreditava muito nisso. Ele sempre colocava que tem uma coisa na rua, o sentimento das pessoas, o brilho nos olhos, os abraços, a alegria do povo quando ele vinha do interior. E por outro lado a gente balizava quando via nosso candidato em várias cidades do interior e tinha uma movimentação e um sentimento muito maior. Só as pesquisas que davam diferente. Nas ruas mesmo, dava isso. Tanto que se brincava muito. “Ó, o Ibope não passou por aqui”. Existe um sentimento grande do povo e parece até que o Ibope estava brigado com o povo, porque o Ibope dava uma coisa e o sentimento em todas as cidades… Rui teve cidade em que obteve 90% dos votos.
 
Ao mesmo, em Salvador a vitória dele foi de 0,8%. Por que o senhor acha que aqui em Salvador ele teve esse resultado? 
Imaginava-se que aqui ele teria uma vitória do DEM em Salvador. Era isso que se colocava. Na verdade a vitória de Rui em Salvador foi uma surpresa, então eu acho que foi uma demonstração e o reconhecimento do trabalho que o governador Jaques Wagner vem fazendo aqui em Salvador, das grandes obras que vem acontecendo na cidade, que são de Wagner. A Via Expressa, o Viaduto do Imbuí, as rótulas do Aeroporto e do Abacaxi, e a Arena Fonte Nova, o Metrô que ele botou pra andar, a Pinto de Aguiar, a Ceasinha, e em todas essas obras quem esteve à frente e tocando elas, comandando, era o Rui. Então eu acho que foi um reconhecimento por parte da população.
 
Foi uma boa estratégia de Wagner colocar Rui à frente dessas obras?
Na verdade eu não entendo que Wagner colocou Rui à frente dessas obras pra ele ser o candidato. Rui estava à frente dessas obras e consequentemente ele se credenciou pra isso. Eu acho que ele se credenciou bem. Rui conhece no detalhe cada obra e cada detalhe desse estado, é impressionante como ele conhece. Ele é uma pessoa estudiosa, inteligente e terminou não me dando grandes trabalhos, porque uma das coisas que é importante você trabalhar no candidato é ele querer. E ele queria. Ele é um estudioso, a gente até brinca que ele é um CDF, e terminou acontecendo e ele aprendendo com facilidade. Você vê um Rui tranquilo, um Rui bem informado, porque ele conhece bem o estado, então eu acho que a escolha do governador Jaques Wagner foi boa, no que pese que no início algumas pessoas levantavam se ele era o melhor candidato ou não, mas eu não tenho dúvidas de que foi o melhor candidato.
 
Qual você acha que é a imagem que a população tem hoje de Rui Costa e qual a imagem que ele vai deixar nos próximos quatro anos? Qual característica dele que a população vai logo perceber no trabalho de Rui?
O melhor momento de um governador é quando ele é eleito, e qualquer outro cargo executivo, é antes de ele assumir, porque só são flores. Depois tem os problemas, mas Rui está consciente disso. Tem problema na área de saúde, de educação, segurança e é aquela história que a gente fala sobre o copo, que agora estava vazio e agora está pela metade, mas tem muita coisa ainda pra fazer. Eu não tenho dúvida de que ele vai melhorar muito ainda a imagem dele, porque ele é um cara muito dedicado, é um gestor. A característica principal dele é que ele não é um político que tem um formato geral de fazer política, é claro que ele é um político partidário, mas é um gestor, uma pessoa que conhece bem o estado e está disposto. Tem uma opção clara pelo social, tem disso que o governo bom é para melhorar a vida das pessoas e eu tenho plena certeza de que ele vai ser um grande governador. Eu até já falei que ele pode até ser melhor que o governador Jaques Wagner, mas não é querendo dizer que Wagner fez pouco não, eu analisando como marqueteiro, vejo que Wagner foi um dos grandes governadores da história da Bahia. Conheço poucos, e posso discutir porque sei quais foram as obras que ele fez que fizeram tanto quanto ele. Mas Rui vai pegar a cama pronta, em outro patamar. Acho que vai ser muito bom pro nosso estado ter um governador como Rui, novo disposto, “correria” como diz o próprio jingle da campanha, mas eu acho que ele tem plenas condições de ser o governador do estado. Pessoa simples, humilde, ele já deve ter vindo aqui, e quem vê percebe que ele é um cara muito simples, e isso é importante para que o povo tenha uma identidade grande com ele. A história dele é um exemplo de vida, de superação e que me impressionou muito. A gente até musicalizou isso na campanha, era uma forma de jogar um pouco mais de poesia nisso, pra o que era ele. Acho que é um político diferente, com um jeito diferente de fazer política, para mudar a vida das pessoas.
 
Discute-se muito no ambiente político durante as campanhas eleitorais é o alto custo das campanhas. Você está do outro lado, daqueles que prestam o serviço para as campanhas eleitorais, o senhor vê como um problema o alto custo das eleições para a democracia brasileira?
Eu acho que tem que melhorar o calendário eleitoral. Não dá pra ter eleição de dois em dois anos. Acho isso ruim pra o país. Acho que teve uma fase importante, que foi quando a democracia estava engatinhando no nosso país, mas já tem mais de 20 anos que isso aconteceu. É preciso regularizar o calendário eleitoral. Acho que deve ter eleições de cinco em cinco anos e unificar tudo, e acho também que é preciso fazer um controle maior disso e diminuir mais a força do poder econômico. Acho que o financiamento público é importante, e aí já estou falando de campanha como um cidadão. Acho que deveria se tirar algumas coisas, como o número de placas na cidade, que fica feio. Eu sou contra e alguns marqueteiros podem me condenar por isso, mas pra quê isso? A cidade fica cheio daquilo, mas pra quê? Você acha que aquilo vai mudar alguém? A gente não sabe identificar aquele tanto de placa. Eu acho que poderia modificar o horário eleitoral gratuito, porque tanto televisão como rádio são concessão públicas, e utilizar esse horário. E fazendo de cinco em cinco anos, porque o país não deixa de parar. Você mesmo me perguntou como é que vai ser em 2016. Vamos ter esse ano que entra aí, que já vai começar a pensar porque no outro ano já é eleição. Não pode ser assim. Não pode o país viver meramente em função das eleições, eu acho que precisa ter um tempo pra isso, de cinco em cinco anos para que o eleito possa fazer alguma coisa pelo estado e pela cidade, ou que seja, mas não ficar nessa frequencia porque tem um custo alto.
 
O marqueteiro João Santana que é o marqueteiro do plano federal do PT é conhecido como “o mago”. Sidônio Palmeira é o quê?
Eu? (risos)
 
O feiticeiro?
(mais risos) Não, não. Eu sou uma pessoa que trabalha, eu acredito no meu trabalho e confio nele, trabalhei nesses 12 anos, três eleições aqui no governo do estado e ganhei as três. Já tinha feito uma eleição antes, tinha feito a campanha de Lídice da Mata em 1992, que ganhou as eleições pela primeira vez aqui no estado, mas eu não me classifico como nada. Classifico-me como um profissional que trabalha que gosta do trabalho que faz, que ama a sua profissão e que está cada vez mais estudando, querendo aprender pra fazer um bom trabalho e fazer o trabalho que a gente pensa em fazer. Mas te digo que o segredo de tudo isso é saber escolher um candidato, se ele for bom e acreditar no que faz, além de entender que marketing político não é criar factóides, é saber que sempre a verdade vai vencer a mentira, mesmo entendendo que muitas vezes se você der mole, como por exemplo, o nazismo na época, que conseguia enganar milhões de pessoas. Se você for lá à Alemanha, no Reichstag, os nazistas botaram fogo no parlamento e jogaram a culpa nos comunistas e conseguiram assumir o poder. E quando assumiram o poder fizeram um trabalho de marketing fortíssimo para a época, com banners, com estrutura de acompanhamento, criaram formas das pessoas se identificarem com o conceito que eles tinham, até mesmo gestuais que faziam naquela época, e venceram durante algum tempo. Mas com o tempo termina sendo desmascarado. Citei esse exemplo porque tem as coisas que cresceu muito, mas o tempo vai mostrar que estava errado. Eu acredito nisso, que a verdade, o trabalho, o esforço, a dedicação, fazer o cérebro suar, que a coisa vai ser feita. Além de acreditar quer que aquilo que você acha vai dar certo.