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Entrevista

Robinson Almeida faz um balanço à frente da Secom e apresenta propostas de candidatura à Câmara - 07/04/2014

Por Evilásio Júnior / Lucas Cunha / Rodrigo Aguiar

Robinson Almeida faz um balanço à frente da Secom e apresenta propostas de candidatura à Câmara - 07/04/2014
Fotos: Luiz Teixeira/ Bahia Notícias

Após desempenhar por sete anos a função de secretário de Comunicação do governo Wagner, Robinson Almeida vai tentar uma cadeira na Câmara Federal nas eleições de outubro. Um dos últimos integrantes do primeiro escalão a deixar a administração estadual para disputar o pleito, ele faz um balanço do período em que esteve à frente da pasta – um “lugar privilegiado” – e apresenta quais serão as suas propostas. O ex-secretário diz que espera conseguir 100 mil votos, para ter uma “folga” em relação ao necessário, e já discursa como futuro representante do eleitorado. “Vou fazer uma campanha e um mandato baseados nesse princípio, de que sou um representante do povo e tenho que prestar contas, dar satisfações das minhas posições de forma permanente. Não apenas ter a relação eleitoral e, quatro anos depois, buscar a renovação do voto”, afirma. O petista fala ainda sobre sua estratégia eleitoral, com foco nas redes sociais, e as áreas onde vai concentrar seus esforços para tentar alcançar a eleição.


Bahia Notícias - Qual é o balanço que o senhor faz destes sete anos? O que você destaca do período à frente do governo?
 
Robinson Almeida - Eu tive um lugar privilegiado. Estive no governo desde 1º de janeiro de 2007 e vivi tudo o que aconteceu na Bahia envolvendo o governo, a área política e o governador em particular nestes sete anos. Vi uma dramática greve de 12 dias da Polícia Militar. Também acompanhei processos políticos de muito desgaste, como a greve de quatro meses dos professores, um processo que deixou muitas marcas por ser de uma base de trabalhadores, de servidores públicos. E vi também muitas realizações no nosso estado. Vi nascer o programa Água para Todos, o Topa, os grandes projetos sociais do governo que tiveram repercussão muito positiva na vida do povo baiano. Vi o programa de habitação Casa da Gente, na parceria com o Minha Casa, Minha Vida; o maior programa rodoviário de recuperação de estradas. Vi essa área social ser cuidada como nunca havia sido cuidada antes no estado. Acompanhei o governador em algumas viagens internacionais e vi o seu empenho em trazer investimentos importantes, que foram se consolidando nesses anos. Destaco a indústria naval, que hoje tem o Estaleiro do Paraguaçu, no município de Maragojipe. A instalação do pólo acrílico e ampliação da Basf em Camaçari; a conquista da JAC Motors. A Itaipava, para adensar o pólo de bebidas na Bahia. A conquista das empresas que fazem parte do parque eólico, sejam as montadoras das indústrias ou as operadoras dos parques. Eu vi o estado ter um novo impulso econômico a partir da captação desses investimentos, como também na área dos grandes projetos estruturantes. A Ferrovia Oeste-Leste sair de uma ideia e se concretizar. Eu estive fazendo um sobrevoo recentemente e já é uma realidade. Vi o projeto do Porto Sul se desenhando, suas audiências públicas e a licença ambiental concedida. Acompanhei todo o processo da ponte Salvador-Itaparica, que já está na fase final para ir para licitação. Então, eu posso dar um testemunho desse novo desenho que a Bahia ganhou a partir da gestão de Jaques Wagner. 
 
BN - Qual é a imagem que precisa ser melhor cristalizada nos últimos meses ou mais, caso o PT ganhe, por quem vai te substituir?
 
RA - Principalmente a imagem do desenvolvimento. Porque a marca do democrata, do republicano, daquele que conseguiu restabelecer a democracia tardiamente na Bahia, após a redemocratização do Brasil, está muito consolidada. A imagem de um governo social, que fez mais alfabetização, casa, oferta de água, esgotamento sanitário, também tem um reconhecimento. A marca do desenvolvimento ainda está em andamento, com projetos sendo implantados e resultados sendo colhidos parcialmente. É uma outra área que vai colocar o governador Jaques Wagner na galeria dos grandes governadores do estado da Bahia. Certamente quem avaliar a história da Bahia vai encontrar a partir do seu governo, em 2007, um ponto de inflexão no desenvolvimento, que combinou inclusão social com crescimento econômico. Essa foi a fórmula que o governador trouxe para a Bahia, inspirado no governo Lula. O resultado concreto disse é um PIB baiano que cresce em taxas maiores do que a nacional e uma geração recorde de empregos, com cerca de 600 mil empregos gerados em sete anos.
 
BN - Marlupe Caldas foi uma recomendação sua para substituí-lo?
 
RA - Foi uma das que eu apresentei ao governador. Não à toa foi minha chefe de gabinete. É uma pessoa da minha confiança e que, ao longo desses anos, esteve comigo em todas essas experiências que eu relatei e conhece profundamente as diversas ações em curso na secretaria.


BN - O secretário está saindo do governo para entrar em uma esfera nova, que é tentar uma vaga na Câmara Federal. Você sai com a militância da Democracia Socialista, que é uma corrente petista já com alguns nomes colocados, como Afonso Florence e Jorge Solla, que já têm uma certa bagagem. Será que dessa vez a DS consegue fazer mais do que dois deputados? Como você espera que esse agrupamento do PT eleja mais um parlamentar?
 
RA - Nós temos um planejamento e essa é a nossa estratégia: em vez de eleger um bem votado, eleger dois. Não importa o número de votos que um deputado teve; ele vai ter as mesmas prerrogativas para o exercício do mandato se eleito em primeiro ou último na lista que representa o seu estado. Nós sentamos para fazer conta e dividir áreas de atuação prioritárias para os candidatos. Estamos muito confiantes nesse planejamento porque a minha candidatura soma novas áreas e novas possibilidades de votação, com movimentos sociais, apoio de prefeitos, vereadores e lideranças, o que torna as candidaturas competitivas como um todo. Vai depender muito da campanha, da performance individual de cada candidato no trato com o eleitor, da estratégia adequada. Mas estou muito otimistas de que teremos um resultado vitorioso.
 
BN - Quem será o seu principal cabo eleitoral: Jaques Wagner ou Walter Pinheiro?
 
RA - Lula e Dilma certamente vão puxar toda a votação do nosso grupo político, porque são as referências do projeto nacional. Aqui na Bahia, vamos ter o nosso candidato a governador, Rui Costa, sendo a principal estrela a apresentar o projeto e o nosso líder na condução da campanha majoritária. Óbvio que apoiado por uma força muito grande do governador Jaques Wagner, que vai ser o principal cabo eleitoral regional da nossa campanha, e um conjunto de outras lideranças, onde o senador Walter Pinheiro vai ter uma posição destacada.
 
BN - Que imagem o senhor vai adotar na campanha? Qual será a sua plataforma?
 
RA - Fundamentalmente, a imagem da renovação. De alguém que quer trabalhar muito focado em demandas da sociedade. Pretendo ter como plataforma a questão da comunicação. Questões de radio comunitária, de democratização da comunicação, esse universo no qual trabalhei sete anos. Segurança pública é outra prioridade, devido à minha experiência com o Pacto pela Vida. Vou defender uma reforma do Código Penal, que precisa de uma atualização há muito tempo. Um novo pacto federativo em relação à segurança pública, onde o governo federal assuma funções maiores. Porque hoje a violência e a insegurança estão associadas ao tráfico e uso de drogas. Isso tem que ser um combate nacional e não regional. Terei também a reforma política como uma das minhas bandeiras mais importantes, porque vejo uma distância entre representantes e representados que corrói a própria democracia. Pretendo colocar a necessidade da reforma política, para discutir questões como o voto obrigatório, financiamento público de campanha e voto distrital, para a gente dar uma atualizada no nosso sistema político. Nas cidades pequenas do interior, a agricultura familiar é também uma prioridade. Não há economia em uma cidade pequena sem a agricultura familiar. Além dessas questões temáticas, há as regionais e territoriais. Vou concentrar a campanha em alguns territórios do estado: Salvador e Região Metropolitana, macrorregião de Feira de Santana, Recôncavo, Sul e Baixo Sul do estado, além da região da Bacia do Jacuípe. Porque são áreas onde eu pretendo estabelecer compromissos e bandeiras para defender no Congresso Nacional. As populações que moram nessas regiões têm demandas objetivas e essa é a natureza do voto proporcional. Você defende uma parte da sociedade, uma proporção dela, sem esquecer das bandeiras gerais.


BN - Espera receber mais os votos dos jornalistas ou dos diretores dos veículos?
 
RA - Eu digo a vocês que tenho amigos em todos esses segmentos. Tenho amigos radialistas, jornalistas, produtores, publicitários, empresários da comunicação. Não sei quantificar qual é o peso disso. Me apresento como uma opção para o segmento de comunicação. E certamente terei entre empresários e trabalhadores apoios importantes e significativos, que muito vão me honrar. Pretendo estender também esta relação para toda a sociedade, para colocar a comunicação como uma política pública, como um direito do cidadão. Uma sociedade é mais democrática quando tem a sua comunicação democrática. Informar as pessoas é também incluí-las na vida social.
 
BN - Como o senhor acompanhou o processo de definição do vice do PT? Porque houve alguns ruídos na forma como o governador dialogou e algumas das pessoas saíram magoadas do processo.
 
RA - O governador tem inúmeras habilidades, como gestor, político e articulador. Todos diziam que, quando o PT definisse um candidato, isso provocaria um grande racha interno na legenda. O que nós assistimos hoje é Walter Pinheiro, José Sergio Gabrielli e Luiz Caetano, que não foram escolhidos, integrados à pré-campanha do candidato Rui Costa. Na base do governo, eu acho que vai acontecer da mesma forma. Tem a frustração de quem não tem a sua vontade, o seu desejo atingido. Isso é natural. Mas depois essas questões vão se acomodando. Eu entendo que o governador jogou o tempo todo para que houvesse uma união, uma combinação, e que trouxessem a ele um acordo. Isso não foi possível e ele, como líder do processo, tem que estabelecer critérios objetivos. E os critérios que ele estabeleceu – como tempo de televisão, maior número de votos nas eleições de 2010, maior número de prefeitos eleitos e deputados federais – fizeram recair no PP a indicação do cargo a vice. Como, com os mesmos critérios, caiu no PSD a indicação do Senado e no PT a indicação do governador. Então, o governador conduziu da forma mais adequada possível e a solução final é que mais contempla em cima de critérios objetivos.
 
BN - Mas não acha que houve uma inabilidade na comunicação, a falta de um diálogo mais claro com Marcelo Nilo naquele café da manhã para indicar que ele não seria o escolhido? Ou o fato de a coisa ter vazado para a imprensa e do PDT ter se queixado de que não tinha sido comunicado oficialmente que a vaga era do PP?
 
RA - Eu não acompanhei esse café da manhã, essa reunião; então eu não posso dar uma opinião de como foi conduzido. Mas, pelo que fui informado pelo governador, ele sempre deixou claros os critérios nessa reta final, mas nunca fechou a porta, por outro lado, no caso de um acordo. É uma situação em que você tem uma tendência de desfecho, que vai se concretizando, se desenhando. E esse processo é suscetível a turbulências, que são naturais, com as emoções vividas por todos, principalmente aqueles que pretendem galgar essas posições.
 
BN - Como militante histórico do PT, você não acha que a chapa ficou pesada?
 
RA - Em 2010, nós tivemos, das quatro vagas, um petista encabeçando, que era Jaques Wagner, o PP [Otto Alencar] como vice, o PSB ocupando uma vaga ao Senado, com Lídice da Mata e o PT [Walter Pinheiro] na outra vaga do Senado. Toda a discussão naquela época era de que a chapa era muito de esquerda, porque havia três dos quatro cargos com pessoas de partidos classificados dessa forma. Agora, tem uma do PT, uma do PSD e uma do PP. Essa interpretação é plausível. Das três posições, duas são de partidos mais de centro e uma de um partido mais de esquerda. Mas, para compensar isso, o cargo principal é do partido de esquerda.
 
BN - Você sabe que na campanha as coisas mudam. O Robinson sério, sempre de paletó bem cortado, com a gravata bem alinhada, de repente pode aparecer com um jargão bem popularesco e um cachorrinho na mão. Você tem algum tipo de ideia mais específica para a campanha?
 
RA - Certamente, eu não usarei de uma estratégia de popularidade baseada na exposição artificial da minha imagem. Eu uso gravata e paletó porque minha função exige isso. Mas eu gosto mesmo é de calça jeans, camisa polo e tênis. Quando posso, aos sábados e domingos, esse é o meu traje. Quem me encontra e me conhece sabe que eu sou muito simples com essas coisas. Se eleito for, voltarei a usar paletó e gravata porque é da função ter esse tipo de indumentária. Eu estou com uma equipe cuidando da campanha, para que a gente estabeleça um conceito baseado na interatividade. Essa é a palavra chave. As pessoas vão participar da construção da minha plataforma e do meu programa de candidatura. Na área de comunicação, vou fazer debates presenciais e virtuais. E vou dividir com as pessoas que estão engajadas as bandeiras que vou defender no Congresso. Depois, vou possibilitar a todos os eleitores que acompanhem o meu trabalho pela internet, como estou votando no Congresso. Isso é para alterar essa lógica de distância entre representantes e representados. Vou criar um compromisso, um pacto de representação com o eleitor.

BN - Você pretende interagir de que forma? Por exemplo, você mesmo responder a perguntas depois de dar um voto, explicar o porquê da sua posição em determinado momento? É isso?
 
RA - Desde agora, eu quero fazer uma campanha interativa, com fóruns de discussões e debates presenciais e virtuais. Coletar a opinião das pessoas e depois dar a eles o direito de acompanharem as minhas posições. Uma das coisas mais importantes da vida de um cidadão é o seu poder político pessoal, que se traduz no voto. Vou fazer uma campanha e um mandato baseados nesse princípio, de que sou um representante do povo e tenho que prestar contas, dar satisfações das minhas posições de forma permanente. Não apenas ter a relação eleitoral e, quatro anos depois, buscar a renovação do voto.
 
BN - Mas vai ter bordão?
 
RA - Claro que vamos ter um slogan para a campanha, um conceito em torno desse núcleo da interatividade. Algumas pessoas me sugerem também trabalhar com o conceito da renovação, pelo fato de ser a minha primeira candidatura. Estamos avaliando como construir um slogan para a campanha que possa traduzir essa imagem.
 
BN - Cachorro na mão não, né?
 
RA - Nem pensar. Cachorro sempre bem cuidado, mas em casa. Na mão, certamente, um santinho, um panfleto, para apresentar as propostas ao eleitor. E sempre um sorriso no rosto.
 
BN - Mas não vai ter o personagem do cara da comunicação, sempre com um fone, um tablet na mão? Não haverá nenhum tipo de marca para a campanha, especificamente?
 
RA - Não creio que encaixe no meu figurino porque eu pretendo fazer uma campanha de debate, de propostas, ideias, conteúdo. Essa vai ser a imagem maior, de um candidato disposto a ouvir, falar e assumir compromissos com o seu eleitorado. E que não vai utilizar artifícios de marketing para poder angariar simpatias.
 
BN - Você mesmo vai às redes sociais fazer essa interação?
 
RA - Diretamente, com o apoio de assessoria. Vou fazer uma campanha de muita força nas redes sociais. Já estou conversando com uma consultoria, com um planejamento apresentado. O Facebook vai ser uma ferramenta importante na minha campanha. Vou trabalhar com a produção de conteúdo dirigido para essa rede social. Vídeos, textos, imagens. Para poder chegar às várias comunidades e produzir informação, repercutir eventos e atos. Nós temos hoje 90 milhões de usuários do Facebook, quase metade da população brasileira. Por isso, pretendo dar atenção especial à internet e com foco especial no Facebook.

BN - Você trabalha com a meta de conseguir quantos votos?
 
RA - Todas as avaliações indicam que nós vamos ter uma linha de corte na chapa da situação em torno de 70 mil,75 mil votos. Essa é a votação mínima para quem quer se eleger. O nosso planejamento de campanha é para 100 mil votos, para tentar ter uma folga nessa linha de corte, porque nem sempre as coisas acontecem como você prevê.
 
BN - Recentemente, um parceiro seu da comunicação do governo, Sidônio Palmeira, disse que colocaria à disposição dos sócios uma lista de pessoas da imprensa que estavam na folha de pagamento do Esporte Clube Bahia. Isso veio à público na sequência. Enquanto colega de Sidônio e também homem da comunicação do governo, como viu essa situação?
 
RA - Eu prefiro não dar opinião sobre esse assunto por dois motivos. O primeiro é porque eu sou conselheiro do Vitória e esse é um assunto do Bahia. Então, para mim, fica uma posição delicada. O segundo motivo é porque envolve alguém que é dirigente do Bahia e tem uma relação com o governo na área de comunicação, de publicidade. Então, tudo que eu falar sobre esse assunto terá uma interpretação movida por uma paixão clubística ou política. Então, eu prefiro não meter o dedo nisso.
 
BN - Mas, como conselheiro do Vitória, você seria favorável a que o clube fizesse algo parecido?
 
RA - Eu não sei de dá para comparar as coisas. Porque o que existe de ações de uma diretoria no clube A não existe no clube B. O que eu vi foi a posição do presidente do Vitória, sempre defendendo transparência nos atos praticados pela diretoria.
 
BN - E do ponto de vista da comunicação, você avalia que há uma promiscuidade nessa relação entre clube e determinados profissionais?
 
RA - Eu não vivo essa situação, não vivi, não tenho uma relação com o Esporte Clube Bahia. Então, não tenho como dar uma opinião sobre as ações da antiga diretoria e a posição de revelação adotada pela atual. O que eu creio é que as relações profissionais, o trato com a coisa pública, tem que ser sempre baseado em uma relação de transparência. No caso do governo, para o conjunto da sociedade. No caso dos clubes de futebol, para seus sócios e torcida. Acho que essa é a regra e quem vai validar se é moral ou amoral são os associados ou a sociedade, de uma forma geral.