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Bahia 'retoma processo histórico' ao ter Revolta dos Búzios como tema do Carnaval

Por Jamile Amine / Lara Teixeira

Bahia 'retoma processo histórico' ao ter Revolta dos Búzios como tema do Carnaval
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Esse ano o governo do Estado anunciou como tema do Carnaval do Pelourinho a celebração dos 220 anos da Revolta dos Búzios, um dos acontecimentos mais importantes da história da Bahia. Em entrevista ao Bahia Notícias, Carlos Eduardo Carvalho de Santana, diretor de Educação do Malê Debalê, explica por que a inconfidência baiana tem menos espaço nas discussões sobre a história do Brasil e as diferenças entre o movimento com outras inconfidências que ocorreram no país, como a Mineira e a Carioca. "O que há de diferente na Inconfidência Mineira é que talvez o grande grosso da se dá com a Elite. Tiradentes vai ser uma espécie de um indivíduo representante da classe popular, ele é o mais pobre digamos assim, então foi muito fácil você escolher um ícone, nós vamos ter um herói. Na inconfidência baiana você tem algumas diferenciações. [...] Diferentemente da Inconfidência Mineira, em que você tinha grandes lideranças, grandes senhores de Engenho, escravocratas e um ícone, aqui não, aqui será ao contrário. A maior parte são populares. Era uma revolta que iria enaltecer o povo e, se você enaltece a classe mais baixa, você está mudando o sentido da pirâmide. É muito mais fácil você escolher um ícone e transformar em um mártir do que transformar uma massa em líderes. Tanto que na Revolta de Búzios 11 escravos serão presos, todos os senhores serão absolvidos", detalha. Carlos cita ainda que, mesmo após da independência do Brasil, não se alcançou os objetivos buscados pelos inconfidentes baianos. "É um processo extremamente brutal nesse sentido, o que nos faz fazer uma reflexão de que, assim que o Brasil se torna independente, anos depois, não significa necessariamente a liberdade. Você termina se separando de Portugal, mas a escravidão continua e, quando chega o processo da libertação da escravidão, você ainda tem as demandas que não foram resolvidas desde Búzios. A República só vem depois. É como se houvesse uma tentativa de que esses ideais não fossem postos em prática da forma como foi foram pensados, como se houvesse uma especie de controle", aponta. Mesmo assim, o educador defende a importância de se tratar sobre o assunto durante o Carnaval. "Hoje você vai estar dizendo ao mundo que a Bahia está fazendo uma retomada de um processo histórico e as pessoas vão ter que estudar para saber que processo histórico é esse". Clique aqui e leia a entrevista na íntegra.