Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Para celebrar 10 anos, Neojiba terá 1º Orquestra Sinfônica Infantil e turnê especial

Por Jamile Amine

Para celebrar 10 anos, Neojiba terá 1º Orquestra Sinfônica Infantil e turnê especial
Foto: Divulgação

Criado em 2007, com o objetivo de promover o desenvolvimento e integração social de crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade através da música, o projeto dos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba) celebra seus 10 anos por meio de uma turnê especial que estreia na próxima quarta-feira (19), no Teatro Castro Alves. Em seguida, durante o mês de julho, a temporada comemorativa segue para São Paulo (22), Campos de Jordão (23), e encerra em Belo Horizonte (25). “Costumamos dizer no Neojiba que vivemos numa eterna gincana, como se estivéssemos num festival que não para. Realizamos tantas ações que qualquer ano, desde 2007, valeria a celebração de uma década. Essa turnê, por exemplo, será a décima terceira viagem que realizamos com nossas orquestras fora da Bahia, sendo que sete destas foram turnês internacionais de grande prestígio. Não há precedentes no Brasil”, avalia o maestro Ricardo Castro, regente e fundador do Neojiba, revelando que o aniversário de dez anos será marcado ainda pela “realização de um sonho”: reunir crianças de todo o estado para lançar a primeira Orquestra Sinfônica Infantil da Bahia, que se apresentará pela primeira vez em outubro, na sala principal do TCA e na Concha Acústica. O maestro lembra ainda que em 2017 acontece pela primeira vez a integração do Neojiba com a rede estadual de ensino, através do “Programa Multiplicadores do Neojiba” e do "Escolas Culturais", das secretarias de Educação, Cultura e a de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social. “Esperamos também causar um grande impacto com a criação de coros e com a participação mais efetiva da revitalização de fanfarras escolares e filarmônicas da capital e interior”, diz Castro, acrescentando que em agosto será lançado também o Círculo Mundial de Amigos do Neojiba, um programa que visa criar uma rede colaborativa através de doações.

 


O maestro Ricardo Castro fundou o Neojiba em 2007 | Foto: Divulgação


Tendo seu núcleo de gestão sediado em Salvador, hoje o programa alcança cerca de 4.600 crianças, adolescentes e jovens, com 42 projetos atuantes em 36 municípios da Bahia. Apesar destes números, o maestro diz ainda não ter alcançado seu “maior objetivo”, que é fazer com que “a prática artística esteja ao alcance de todas as crianças e jovens da Bahia e seja reconhecida como fundamental para o desenvolvimento humano”. Ricardo Castro explica que enquanto o cenário ideal não chega, segue o projeto por etapas, conforme o planejado deste sua implantação, “criando núcleos de excelência para que estes se tornem referência em macrorregiões, semeando beleza como ‘arma de construção em massa’”. Para que esta “arma” seja efetiva, possibilitando o contato dos jovens músicos e o público em geral com a música de concerto, ele conta que o caminho é proporcionar experiências estéticas transformadoras “que aproximam em definitivo o ser humano da arte”. Para alcançar este objetivo, o maestro explica que o Neojiba aplica o lema "lugar de plateia é no palco", oferecendo a prática musical coletiva ao maior número de pessoas, além de dar a possibilidade de que elas atuem com músicos renomados em importantes salas de concerto do mundo.

 


Com diversos núcleos, Neojiba tem projetos que alcançam 36 municípios baianos | Foto: Divulgação


Uma das bases sólidas que permitem a sobrevida e a expansão do programa está na forma de gestão, que deixou de ser feita pelo poder público. “Desde a criação do Neojiba, em 2007, a questão da publicização já era ponto pacífico. Aliás, sem a existência desse modelo de gestão no Brasil eu não teria mudado de vida para me dedicar à criação na Bahia de uma política pública na minha área de atuação", admitiu. "O Neojiba foi criado para oferecer oportunidades inéditas principalmente para crianças e jovens, e teria preferido não fazer nada do que plantar o desejo e conquistar a confiança de toda uma geração para em seguida abandoná-la na primeira crise institucional ou financeira, como a que vivemos agora. A publicização, justamente, permite a continuidade na gestão por ser independente do calendário eleitoral, e também possibilita o apoio da sociedade civil e de empresas na gestão e no financiamento, criando com o poder público o tripé indispensável para garantir alguma sustentabilidade”, contextualiza Ricardo Castro, destacando ainda que tal modelo possibilita uma maior autonomia para lidar com questões de ordem burocrática. “Quanto à expansão em si, este modelo possibilita a abertura de núcleos sem necessitar uma votação na assembleia legislativa para criar novos cargos públicos, o que paralisaria imediatamente todo o processo”, explica.


Entre 2007 e 2010, o maestro também esteve à frente da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), que no último ano passou por momentos difíceis, antes de também modificar seu modelo de gestão. Ricardo Castro conta que naquela época acreditava que sair do modelo estatal seria o suficiente para viabilizar a orquestra e que atualmente, após a experiência de 10 anos com o Neojiba, não vê modelo ideal para a sustentabilidade de orquestras sinfônicas e projetos orquestrais “que não inclua em seus fundamentos um papel claramente formador”. Ele destaca ainda que “uma orquestra que depende de um modelo de gestão, de um governo ou até de um determinado maestro para funcionar bem, nunca será sustentável no Brasil do século XXI”. Segundo ele, “a entidade ‘orquestra sinfônica’ está no topo da cadeia produtiva da música de concerto” e para viabilizá-la é preciso “participar durante anos da construção da base dessa pirâmide, que é constituída de milhares de músicos amadores e de instituições da sociedade civil atuantes na área”. “Assim aconteceu e acontece no hemisfério norte, onde centenas de instituições orquestrais são sustentáveis, independentemente do modelo de gestão, seja ele estatal, privado ou misto”, conclui.