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Marca Bahia Notícias

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Curta baiano gravado na Ufba é selecionado para exibição no Festival de Cannes

Por Jamile Amine

Curta baiano gravado na Ufba é selecionado para exibição no Festival de Cannes
Foto: Divulgação

Com todas as cenas gravadas nas dependências da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e realizado por alunos da instituição, o curta-metragem baiano “Um Dia é da Vida, o Outro da Morte” será exibido no Festival de Cannes, que acontece de 17 a 28 de maio, na França. O filme independente, dirigido pelo jovem cineasta Calebe Lopes, foi selecionado para integrar a mostra - não competitiva  - Short Film Corner. “A gente já tinha feito uma campanha pra conseguir gravar o filme. É um curta-metragem de baixo orçamento, então optamos pelo crowdfunding pra ajudar nas coisas mais básicas”, conta Calebe, revelando ainda ter submetido a obra também para a Cinefondation, categoria competitiva, voltada para filmes realizados por estudantes de cinema. “É uma categoria significante e disputada, e infelizmente não conseguimos a seleção nela - apenas uma pessoa do Brasil conseguiu, um estudante da UFF”, conta o baiano.


Para ele, a seleção para o Short Film Corner representa uma vitrine para os novos realizadores. “Os aceitos no Corner permitem que os realizadores ou produtores do filme vão para Cannes e apresentem seu filme lá, conheçam outros realizadores, tenham workshops, masterclasses e o mais importante, vendam seus filmes. É um espaço onde vão cinéfilos, cineastas, distribuidores, curadorias de festivais, etc”, destaca Lopes, comemorando a aprovação de seu projeto, cujo orçamento foi de cerca de R$ 1,2 mil, captados através de financiamento coletivo e um investimento privado de uma co-produtora de Brasília, a Sileo Filmes.

 


O curta tem direção do jovem cineasta Calebe Lopes | Foto: Reprodução/Facebook


“Um assassinato ocorreu na universidade nesta manhã. Só que ninguém liga”, diz a curtíssima sinopse do filme, cuja concepção surgiu de dois temas que o diretor sentia necessidade de abordar. “O primeiro é um comentário sobre o próprio espaço geográfico da Ufba, sabe? É uma universidade federal, um espaço público enorme, que se configura como um espaço dedicado ao conhecimento e à liberdade, tem livre acesso por parte da população, mas ao mesmo tempo é totalmente perigoso”, explica Calebe. “Como aluno da Ufba, você vai aprendendo que tem partes que não é bom andar sozinho, tem parte que de noite não rola. Até mesmo quando estávamos gravando, tinha parte que passou a ronda da segurança e não deixou a gente filmar, disse que se ficássemos ali era certo que seríamos assaltados. Então inicialmente parte da ideia de comentar sobre a relação entre esse espaço público tomado de matos, construções inacabadas e lugares vazios e também sobre como os alunos se relacionam com esse espaço”, acrescenta o jovem cineasta.


A segunda motivação, segundo ele, veio de outra observação, sobre o quanto as redes sociais impulsionaram o que ele considera um comportamento curioso, um “ímpeto pra registrar e compartilhar tragédias”. “A gente às vezes recebe fotos e vídeos horríveis no Whatsapp e no Facebook, por exemplo, de morte e violência. Coisas que fazem mal a alguns, enquanto outras pessoas estão totalmente acostumadas a isso. Se banalizou a morte, a violência, ela não apenas está ao nosso redor, como está nos nossos smartphones e achamos isso normal”, exemplifica, sobre a história que se passa em uma universidade sem nome. “Foi achado um corpo pela manhã, a policia chega e tranca tudo, não deixa ninguém sair. Quem conseguiu sair antes, de boa, mas quem não conseguiu, fica preso lá dentro até as investigações terminarem. A partir daí, o filme acompanha alguns personagens dentro daquele espaço e como eles se relacionam com a morte, porque há enormes chances, não apenas de o assassino ainda estar na faculdade, como também de o assassino ser um deles. São personagens frios, egoístas, esquisitos, munidos de seus celulares, câmeras e filmadoras, andando como mortos-vivos digitais, mais preocupados com seus próprios problemas do que com a vida. O filme tem um clima muito de pesadelo, não é a nossa realidade, o nosso mundo, é uma representação exagerada e sombria disso, talvez o que possamos nos tornar”, descreve.

 

Confira o trailer do filme:


Além da direção, montagem e roteiro assinados por Calebe Lopes, “Um Dia é da Vida, o Outro da Morte” conta com Hilda Lopes Pontes, como primeira assistente de direção; Rodrigo Weber, como segundo assistente direção; Klaus Hastenreiter, na produção; Erdman Correia, na produção executiva; Rafael Beck assinando o som; Lana Scott, Rafael Beck e Thiago Duarte, no Boom; Trilha Sonora Original de Pablo Contijo; direção de arte de Nicole Passos; direção de fotografia assinada por Alan Leonel? e design gráfico de Henry Hingst. O elenco é formado por Elcian Gabriel, Maria Kamilly, Luan Gusmão, Klaus Hastenreiter, Gustavo Busson e Paulo Papel.