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Matita Perê capta 'verdadeira alma sertaneja' de Giberval Melo em CD 'Reino dos Encourados'

Por Jamile Amine

Matita Perê capta 'verdadeira alma sertaneja' de Giberval Melo em CD 'Reino dos Encourados'
Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias

Com lançamento em Salvador nesta sexta-feira (7), às 19h30, no restaurante Gibão de Couro, o disco “Reino dos Encourados”, do grupo baiano Matita Perê, reúne em som e imagens o “espírito de sertão musical” presente na obra do pintor e compositor Giberval Melo (1939-2006). Às cinco faixas compostas pelo artista, que é pai do vocalista Borega, foram somadas outras seis canções autorais do grupo, formado ainda por Luciano Aguiar e Rafael Galeffi. “Eu sabia que a obra dele sempre foi a verdadeira alma sertaneja, no sentido do Nordeste, não querendo atrapalhar com o outro sertanejo. Tanto na obra de desenhos, ilustrações, como quadros, ele sempre foi muito ligado a isso, e as canções também”, afirma Borega sobre o trabalho do pai, que serviu de fio condutor para o projeto.


A ideia de realizar o disco nasceu de um desafio lançado por César Oliveira, presidente da Tribuna Feirense, jornal para o qual Borega faz colaborações como chargista. “Em 2015 teve confraternização de fim de ano do jornal, e chegando lá rolou uma roda de violão. Chegou a minha vez e ele pediu para eu tocar alguma coisa. E ai toquei ‘Andarilho’, de meu pai. Ele pediu para tocar de novo e aí ele levantou e disse: ‘Quero apoiar o registro com as músicas do seu pai. Veja ai como faz, orçamento, prazo’. E ai a gente ficou trabalhando 2016 todo nisso”, lembra o músico. O processo que levou à concepção do disco teve como premissa fazer com que a obra do Matita Perê dialogasse com o homenageado. A faixa “Andarilho”, por exemplo, foi resgatada de uma gravação caseira na qual Giberval é acompanhado ao violão pelo irmão Marcelo Melo.
 


A arte do encarte é assinada pelo designer Sidhartha Gautama, baseado em pinturas e ilustrações de Giberval Melo | Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias


“Eu fui escolhendo as músicas dele e foram me levando para esse lugar que eu chamei do ‘Reino dos Encourados’, lembrando vaqueiros e boiadeiros, o lugar que apoiou aquelas tropas que vinham do litoral pra dentro do estado. Encourado nesse sentido de valorização da época do vaqueiro, pra povoar a região. E esse reino é um lugar que é fantasia, um lugar de afeto, também, não só de reflexão, das agruras, da coisa do sertão...”, explica o músico, revelando ainda que a origem do título vem de uma expressão presente em um texto do pesquisador e poeta feirense, Washington Queiroz. 

 

Confira o trecho final da canção "Timidez":


Para definir o repertório autoral, Borega conta que foi um processo natural. “Foi fácil escolher, porque o repertório da gente sempre teve baião, xote, então só foi mergulhar um pouco mais na alma”, avalia o artista. O disco contou ainda com alguns colaboradores: Luizinho Melo, vocalista da banda Geração Nômade, que dividiu os vocais com o irmão Borega no xote “Timidez”; Roberval Pereyr, que assina a parceria “Decisão”; e a cantora Priscila Magalhães, que divide os vocais em “Licor de Jenipapo”. Participam do disco também Rogério Ferrer, que toca acordeon em metade das faixas; João Omar, filho do compositor e cantador Elomar; sueco Sebastian Notini – radicado na Bahia desde 1998 –, responsável por toda a parte percussiva do CD; e Anderson Silva, responsável pelo contrabaixo em "Decisão". A arte do encarte é assinada pelo designer Sidhartha Gautama, baseado em pinturas e ilustrações de Giberval Melo escolhidas especialmente para o disco.