Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Preparando disco de inéditas, Paralamas fazem show de sucessos na Concha neste domingo

Por Jamile Amine

Preparando disco de inéditas, Paralamas fazem show de sucessos na Concha neste domingo
Bi, Herbert e Barone seguem juntos há mais de 30 anos | Foto: Divulgação
Dois meses após se apresentarem em Salvador, junto com Nando Reis e Paula Toller, no projeto Nívea Viva Rock Brasil (clique aqui), os Paralamas do Sucesso retornam à capital baiana, neste domingo (31), com um show próprio, na Concha Acústica do TCA. Lembrando que o grupo tem uma relação muito sentimental com a Bahia e Salvador, o baterista João Barone afirma que a Concha é um “palco especialíssimo” e que ele, Herbert Vianna e Bi Ribeiro, estão ansiosos para reencontrar o espaço, depois da reforma. “Tenho certeza que com as mudanças ela deve estar bonita, mas o astral vai estar sempre lá. Esse ‘axézão’ ai bacana que a gente sempre disfrutou quando tocou na Concha inúmeras vezes, nos anos 80, até essa nova versão que a gente vai ter o prazer de disfrutar. Foram shows antológicos, tocamos com a Timbalada, com o Olodum debaixo de chuva, enfim, sempre foram shows super alto astral, e é isso que nós esperamos encontrar no domingo. Vai ser muito bonito!”, diz o músico.
 

Grupo apresentou turnê comemorativa de 30 anos na Concha Acústica, em 2013 
 
O grupo é a segunda atração a se apresentar na Concha após a reabertura. Antes disso, em 2013, o público baiano conferiu, naquele palco, a mesma turnê comemorativa de 30 anos, que agora é revisitada com algumas alterações, enquanto os Paralamas preparam um novo disco de inéditas, ainda sem data de lançamento. “A gente, na verdade, está fazendo nosso show atual de grandes sucessos. Tem a linha mestra visual do show dos 30 anos, porém, a gente fez algumas mudanças sutis no repertório, depois de rodar por todo país”, conta o baterista Barone, revelando que por ser uma banda longeva, com uma vasta produção artística, fica mais fácil formatar um show no qual as pessoas possam ver e ouvir suas canções favoritas e mais conhecidas.
 
O repertório de sucessos, como “Alagados”, “Selvagem”, “O Calibre” e “O Beco”, segue atualíssimo, servindo de retrato da sociedade e da política brasileira ao longo de três décadas. “A gente pode dizer que muito da nossa crítica social expressa nas nossas músicas continuam atuais”, diz Barone, lembrando da canção “Luís Inácio (300 Picaretas)”, cujos versos lembram uma fala de Lula, que definia o Congresso Nacional como “trezentos picaretas com anel de doutor”. “Ela foi lançada há 20 anos. Já foi um aviso. Ficou meio caduca de lá pra cá, e quando a gente viu que os 300 picaretas viraram a regra da politica vigente, isso só fez aumentar nossa indignação com tudo”, afirma o músico, sobre a canção que conta com versos como: “Eles ficaram ofendidos com a afirmação / Que reflete na verdade o sentimento da nação  / É lobby, é conchavo, é propina e jeton / Variações do mesmo tema sem sair do tom / Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei / Uma cidade que fabrica sua própria lei [...] Parabéns, coronéis, vocês venceram outra vez / O congresso continua a serviço de vocês / Papai, quando eu crescer, eu quero ser anão / Pra roubar, renunciar, voltar na próxima eleição”.
 

Crítica social das canções compostas ao longo de três décadas segue atual | Foto: Arquivo
 
Para Barone, o grupo, que nasceu em uma conjuntura importante no país, surfou na onda do momento e soube se estabelecer ao longo do tempo. “A gente teve a sorte de estar no lugar certo, na hora certa, vendo essa virada dos anos 80, quando acabou a ditadura e todo mundo se lambuzou com a liberdade de expressão. De alguma forma, funcionou muito bem com essa expressão musical. O rock sempre teve essa coisa meio contestadora, e a gente teve a sorte de estar nesse momento especial da história do nosso país. E acho que de lá para cá essa turma toda foi aprendendo a nadar com a maré. A gente chegou onde a gente está hoje por conta de uma série de acertos e erros, enfim, a gente conseguiu passar dos 30 anos de estrada”, avalia o músico de uma das poucas bandas do gênero, que segue com sua formação original.

Além de companheiros de estrada e palco, Herbert, Bi e Barone construíram uma sólida amizade, que reflete no trabalho. “Isso talvez seja pela maneira que a gente se encontrou, esse formato do trio. Nossa formação desde o início é um reflexo da nossa paixão pela música, do nosso encontro, nosso compromisso um com o outro. É um negócio especial mesmo. No nosso caso fica muito evidente que se não tiver um dos três, não é Paralamas”, afirma Barone, acrescentando que não é possível substituir qualquer músico. “Acho que não funcionaria”, avalia o baterista, destacando a construção de uma relação de respeito mútuo ao longo do tempo. “A gente tem nossas diferenças, mas consegue remar na mesma direção”, conclui.