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Marca Bahia Notícias

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Projeto resgata músicas censuradas na ditadura militar; uma delas é de Djavan

Projeto resgata músicas censuradas na ditadura militar; uma delas é de Djavan
Foto: Reprodução
Um projeto realizado desde o início do ano e envolve 12 pesquisadores do Arquivo Nacional pretende organizar e digitalizar todo o acervo musical censurado durante a ditadura militar brasileira. As canções estão perdidas entre 77 mil documentos do Serviço de Censura e Diversões Públicas, arquivados pela Polícia Federal de 1968 a 1988. O trabalho já recuperou letras de Djavan, Aldir Blanc e Jorge Mautner. O projeto é custeado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). A partir do ano que vem, todo material identificado será tornado público para facilitar a realização de pesquisas acadêmicas, documentários e biografias. Os técnicos já encontraram as justificativas para censura da música “Antes e Depois” de Aldir Blanc, por ser considerada de “conteúdo erótico”. A música “Papoulas e Arco-íris”, de Mautner, foi censurada por conteúdo “alienado, extraterrestre”. O coordenador do projeto, Marcus Alves, diz que todas as histórias já conhecidas sobre músicas censuradas integram o acervo, “que é de extrema importância para a história do país”. Um dos casos, envolve a letra de “Cálice”, de Chico Buarque de Holanda, que assinava como Julinho da Adelaide, para burlar os órgãos censores. Um dos alvos da censura foi Djavan, que estava em início de carreira em 1974. Ele havia gravado 60 músicas para mostrar ao produtor Aloysio de Oliveira. O produtor escolheu 12 para integrar o álbum “A voz, o violão, a música de Djavan”. Das 60, 48 músicas ficaram de fora, entre elas, a favorita do autor, chamada “Negro”, única de sua carreira que abordaria explicitamente o racismo. O artista havia sido preso em uma passagem por São Paulo, justamente por ser negro. Nesta última quinta-feira (8), o cantor teve acesso novamente a letra. Em entrevista ao jornal O Globo, Djavan disse que nem sabia que havia sido censurado. A letra passou por três pareceres de censores diferentes. Um veto foi por trazer a tona o “problema racial”, mas dois a aprovaram. Entretanto, canção nunca voltou ao autor. Outras letras do cantor, como “Joana”, “Para comigo fazer”, “Como posso saber” e “Desgruda” também foram encontradas pelo projeto e já estão nas mãos do cantor.