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Marca Bahia Notícias

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Ex-dançarino de axé, baiano se destaca entre finalistas do Masterchef Brasil

Por Jamile Amine

Ex-dançarino de axé, baiano se destaca entre finalistas do Masterchef Brasil
Foto: Divulgação
Logo de cara, ele apresentou aos jurados do Masterchef Brasil toda a sua baianidade. Ganhou o avental branco após preparar uma moqueca de arraia e ainda precisou dar uns golpes de capoeira para convencer os chefs de que merecia entrar para o programa. O agente de trânsito Cristiano Oliveira tem 37 anos, nasceu em Salvador, mas ainda criança mudou-se para Porto Seguro com a família, com quem despertou o olhar para a cozinha. Quando sua mãe tinha uma banca de doces e salgados ele gostava de acompanhar a preparação, e o interesse cresceu ainda mais depois que os pais abriram um barzinho de petiscos bem ao estilo baiano. “Aí eu fui aprendendo. Eles faziam mocotó, buchada, aquelas comidas fortes. Sempre fui vendo, e aí acho que por volta de 14 ou 15 anos eu fui para São Paulo”, conta Cristiano, que saiu de casa para dançar axé, junto com outros amigos de Porto Seguro.
 

Cristiano chegou a mostrar uns golpes de capoeira para convencer os jurados | Foto: Reprodução
 
Na capital paulista, a necessidade o fez desenvolver suas habilidades, após muitas tentativas e outros tantos desastres culinários.  “A necessidade fez com que eu tivesse que cozinhar. Quando um amigo nosso estava, a gente tinha comida banquete, porque ele cozinhava muito. E quando ele não estava, a gente tinha que se virar. Um dia o arroz empapava, no outro dia queimava, e assim eu fui aprendendo, no dia-a-dia, por necessidade mesmo”, lembra Cristiano, sobre os mais de três anos em que viveu fora da Bahia. Depois desta experiência ele retornou a Porto Seguro, onde seguiu cozinhando despretensiosamente para os amigos, dentre eles Julia, que o motivou a participar do Masterchef.
 
“Ano passado eu assisti o programa todo, praticamente. E aí minha amiga Julia falou para me inscrever. Um dia, fui na casa dela fazer uma moqueca de arraia com camarão seco e ela filmou, tirou as fotos e fez a inscrição. Eu estava trabalhando de agente de trânsito, e já no fim de dezembro a menina ligou, perguntando se eu queria participar mesmo do Masterchef. Ela gostou do vídeo e perguntou se eu queria ir para São Paulo para fazer a seletiva, em janeiro”, disse Cristiano, que de tão emocionado nem prestou atenção nos detalhes e dificuldades do desafio. Ele precisava bancar a viagem e a estadia na capital paulista. A solução veio mais uma vez com os amigos. Um deles deu as passagens aéreas e os demais fizeram uma rifa para garantir a presença do ex-dançarino na seletiva do reality show culinário.
 

Uma moqueca de arraia garantiu a classificação do baiano no Masterchef Brasil | Foto: Reprodução

 
Apesar de estar empolgado com a notícia, Cristiano preferiu ficar cauteloso. “Eu pensei, vou fazer a seletiva, sei lá se vou ser chamado, nem vou ficar com expectativa, pAra não ficar decepcionado. Aí nem fiquei mesmo, nem fiquei esperando nem nada. Mas em março a produção ligou novamente. Ela disse que fui aprovado e perguntou se eu queria ir. Depois que fui para uma seletiva que tinha 13 mil inscritos e fui tirando gente, então falei: ’ agora é que vou mesmo’. Em março fui para a seletiva, que tinha 75 pessoas, e aí já foi para a prova do avental direto, entre os 35. E começou assim a história”, contou o concorrente, que entrou como um dos 18 classificados do Masterchef e viveu polêmicas ao duelar com Iranete, outra competidora baiana.
 

O baiano integra o time de 18 concorrentes que entraram na segunda edição do Masterchef Brasil | Foto: Divulgação
 
Cristiano se destaca pela simplicidade e tem conquistado os jurados, principalmente Paola Carosella. Vez por outra a chef argentina o elogia e enaltece a “alma” dos pratos preparados por ele, que vem demonstrando evolução desde o início da competição. Ele é simples e curioso, aproveita todas as dicas dos chefs e as aulas que os concorrentes recebem de uma professora do Senac, para incrementar o seu talento natural. “Eu presto muita atenção, porque na verdade eles são chefs e a gente é amador, então tudo que é dica a gente tem que absorver. Ana Paula Padrão [apresentadora do reality] até conversou comigo, falando que eu fico atento mesmo quando não participo das provas. E eu digo que tenho que prestar atenção, porque preciso aproveitar tudo”, disse o agente de trânsito.
 
A participação no programa já trouxe mudanças em sua vida. Surgiram propostas de trabalho e a recente fama. Cristiano, que é reconhecido como o “baiano do Masterchef”, lida bem com tudo isso e acha o maior barato a interação com o público. “Na minha cidade em si tudo bem, eu já esperava o reconhecimento porque é pequena, então todo mundo conhece todo mundo. Mas em São Paulo é muito surpreendente ver o assédio que eu vejo aqui. Dentro do metrô eu vou andando e o povo me reconhece. É bom para caramba, melhor impossível. Agora mesmo, eu estou na porta do mercado com Lucas, outro participante do Masterchef que fiquei muito amigo, e passou uma pessoa que já cumprimentou e falou: ‘ah, olha o baiano ali, é ele!’. Está bom, não posso achar ruim não, porque está bom. E eu digo a você: acho que vai ficar melhor ainda”, conta. 
 

Erick Jacquin, Paola Carosella e Henrique Fogaça são os jurados do programa apresentado por Ana Paula Padrão | Foto: Divulgação
 
Mas não foi somente sua vida na gastronomia que mudou com a participação no reality show. As gravações do programa possibilitaram uma reaproximação com sua filha adolescente, que vive em São Paulo. “Só nesse fato de eu ter reencontrado minha filha de novo já é uma coisa muito boa. Ela já saiu comigo, a gente está se falando, estamos saindo e essa semana vamos sair de novo”, conta Cristiano, que tem aproveitado o momento favorável, mas já começa a pensar e investir no futuro. Após ter abandonado os estudos por uma década, ele decidiu voltar à escola e ao final de 2015 deve concluir o 3º ano. “Eu quero fazer faculdade de gastronomia. Então voltei a estudar por causa disso. O nome do programa é Masterchef, mas a gente não sai chef de cozinha. Para isso tem que estudar muito. São coisas que eu preciso aprimorar, aperfeiçoar. E agora em São Paulo aproveito a oportunidade para ir aos restaurantes dos chefs, fazer curso e ir pegando conhecimentos”, revela Cristiano.
 
Enquanto o programa não termina, ele segue a rotina entre Porto Seguro e São Paulo, aproveitando para visitar concorrentes e novos amigos. Durante a competição, Cristiano se desentendeu com alguns, mas estreitou laços com outros. “Eu sou baiano e por ser baiano sou meio cismado. Tenho minhas convicções, minhas coisas, e eu cismo fácil. Mas também se eu gostar já era. O Lucas é muito meu amigo. Tanto que eu vim visita-lo e estou aqui na terra dele, na casa dele. A Jiang é minha amiga, a Carlinha é muito minha amiga, a Sabrina, o Gustavo, comandante Hamilton, a Cassinha, que foi uma das primeiras a sair. E tem mais: o Marcão, Murilo e até Iranete. A gente teve no programa uma briga, mas já está tudo tranquilo, tudo beleza”, contou o agente de trânsito, revelando ainda as pessoas que tem menos afinidade. “Eu falo com todo mundo, mas a Patrizia mesmo, que saiu já, eu não tenho contato. A Izabel também. Ela fica procurando falar, mas eu não fui, meu santo não bateu e não deu. Mas o resto falo com todo mundo”, conta. 
 

Lucas é um dos melhores amigos de Cristiano no Masterchef | Foto: Reprodução
 
Cristiano não poderia deixar de falar sobre seu desentendimento com a conterrânea Iranete, que iniciou a rivalidade ao designar um ingrediente complicado para ele, o tucupi, e afirmar que não havia espaço para dois baianos na competição. Ele deu o troco logo em seguida ao escolhê-la para abrir uma massa fresca com um rolo e não com o cilindro, que tornaria a tarefa mais prática. Com o sangue frio e a superação das desavenças, ele reavaliou sua atitude.  “Na verdade, dar o rolo para ela foi um negócio fácil, porque ela sendo uma pessoa mais velha, ela abria até com uma garrafa. Talvez se ela tivesse ficado com o cilindro ela não tinha acertado. Se em vez de jogar com o coração eu tivesse jogado com a cabeça, tivesse dado o rolo para uma pessoa mais forte, talvez seria melhor, mas tudo bem, na hora não deu não”, disse o baiano, que se reconciliou com a conterrânea no último programa e selou a paz com uma dança de forró.
Se com os colegas competidores ocorreram faíscas, com os jurados Henrique Fogaça, Paola Carosella e Erick Jacquin, Cristiano é só elogios. “A relação com os chefs, pelo menos comigo, é a melhor possível. Na verdade, eles não podem ficar de pegar na mão, não sei o que, porque aí os outros participantes podem ficar com o lance do ciúme. Mas os três são ótimos. A Paola é mais séria, mas é uma pessoa do bem, que passa pela gente antes de entrar e dá bom dia, fala e tudo. O Jacquin também fala, dá bom dia cozinheiros, e tal. O Fogaça é o mais brincalhão, que passa, pega na mão e fala”, conta o baiano, sem deixar de declarar a sua admiração pela apresentadora do programa. “Ana Paula Padrão eu não tenho palavras. A gente olha na televisão e acha que vai ser uma coisa. Eu achava, ficava naquela coisa: 'será que ela é metida'? Mas rapaz, que mulher sensacional! Aquela ali eu mesmo não tenho nem o que falar, ela é muito gente boa e ajuda todo mundo. Até nas contagens dela você vê, os 10 segundos parecem que são 30, porque ela ajuda”, derrete-se. “Eles são demais, fantásticos. É uma experiência que não sei se vou ter outra igual na vida. É muito, muito, muito bom!”, conclui o baiano, que é um dos 10 finalistas da segunda edição do Masterchef Brasil.