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Xico Sá: 'Gosto muito de escrever sobre amor, não tenho essa raiva eleitoral política'

Por Jamile Amine

Xico Sá: 'Gosto muito de escrever sobre amor, não tenho essa raiva eleitoral política'
Escritor lança novo livro nesta quarta (15) em Salvador. Foto: Divulgação
Admirador declarado da beleza e do erotismo feminino, o escritor e jornalista Xico Sá lança na capital baiana a obra “O Livro das Mulheres Extraordinárias” (Editora Três Estrelas, 2014, 264 páginas) nesta quarta-feira (15), às 18 horas, na Livraria Cultura do Salvador Shopping, onde participará de um bate-papo sobre a publicação. Falar sobre mulheres sempre esteve presente em suas crônicas, que ele considera um exercício de devoção às mulheres. “Eu escrevo muito sobre anônimas, agora transferi um pouco para pessoas mais conhecidas. É uma transferência desse mundo que já tratava, para o mundo das celebridades, de mulheres que eu divido com a massa, estes amores do povo”, explica Xico Sá, em entrevista ao BN por telefone, sobre a publicação que retrata 127 mulheres pelo critério do tesão e/ou admiração, a exemplo de Luiza Brunet, Sabrina Sato, Isis Valverde, Marisa Monte, Thais Araújo, Fernanda Lima, Juliana Paes, Céu, Débora Falabella, Claudia Abreu, Lídia Brondi, Leandra Leal, Cleo Pires, entre outras.
 

Várias mulheres extraordinárias retratadas na capa do novo livro de Xico Sá
 
O ponto de partida para o livro foi a leitura de um texto do escritor Gilberto Freire, com uma comparação entre Sônia Braga e Vera Fischer. Daí, Xico resolveu fazer uma reunião de crônicas sobre as brasileiras, desde o período da pornochanchada, até as celebridades mais contemporâneas. “Dessa fase anterior, Sônia Braga representava a brasilidade, a beleza mais ‘abrasileirada’ mestiça e Vera, no contraponto, representava a beleza mais ‘europeizante’. A partir dessas duas, chego até Gisele Bündchen e Camila Pitanga, que seriam ao meu ver as duas representantes atuais desse mesmo mundo inicial”, conta o escritor.
 
A Bahia também entrou em seu livro, tanto pelas representantes femininas extraordinárias, como pela influência do olhar e lirismo de Jorge Amado para descrevê-las. A exemplo das cantoras Gal Costa e Lívia Mattos, além da própria Sônia Braga, que não nasceu no estado, mas segundo o próprio Xico, representa como ninguém a cultura e o imaginário da Bahia. “No meu livro retrato a Sônia de Jorge Amado, na imagem brasileira de mulher gostosa e mestiça, sem esse padrão de hoje. Ela entra pela lente do velho Jorge, ela é mais baiana que todo mundo”, diz o cronista. 
 

As mulheres de Jorge Amado, como a Gabriela vivida por Sônia Braga, são fonte de inspiração para o cronista
 
“Todo esse imaginário da mulher baiana eu tenho conhecimento ainda ali nos desejos adolescentes pelas mulheres de Jorge Amado. Isso entrou na minha vida muito pela Gabriela, Dona Flor, nas mulheres que aguentavam Quincas Berro D’água, em Tereza Batista, que é outra figura incrível do Jorge, além, claro, de Tieta. Minha primeira ideia da mulher baiana foi nos livros dele. Foi o que me atinou para esse erotismo, a safadeza bonita do jeito que ele escrevia. Jorge Amado é uma grande influência do livro, de descrever safadamente as mulheres, essa corte permanente que ele fazia, essa devoção q ele tinha”, revela Xico Sá, que também tem em Vinicius de Moraes uma forte influência.
 
“A grande dificuldade era eleger quem ia entrar e quem não ia, com essa fartura que temos no Brasil de mulheres extraordinárias. Acabei escrevendo sobre 340 mulheres de todos os tipos, gêneros e ramos artísticos. Ai tive que peneirar”, revela Xico Sá, que só ficou mais aliviado ao saber que a editora tem interesse em lançar um segundo volume em agosto de 2015. A cantora baiana Márcia Castro, por exemplo, ficou de fora deste primeiro livro. Xico conta que já havia escrito sobre ela e que só se deu conta da ausência depois que pegou o livro editado. “Quando peguei não acreditei que ela não estava. Mas ela é uma que com certeza estará na nova leva. É que têm tantas mulheres, deixei tantas de fora, que eu tenho até dúvida de quem tinha entrado e quem não tinha. É tanta fartura que a gente não dá conta dessa infinitude”, lembra.
 

A baiana Marcia Castro ficou de fora do livro, mas entrará na segunda edição
 
E para o escritor, todas são suficientemente extraordinárias para estar no livro, independente de julgamento ideológico. “O livro é bem eclético nesse sentido, sempre levando em conta o tesão e a admiração, mas sem patrulha. Alguns amigos fizeram críticas sobre algumas escolhas, mas eu não quis fazer esse julgamento ideológico”, conta Xico Sá, que recentemente se envolveu em uma polêmica ao pedir demissão da Folha de São Paulo, depois que o jornal não permitiu que ele expusesse seu voto a favor da reeleição de Dilma Rousseff à presidência em sua coluna na editoria de esportes da publicação.
 
“Sobre esse episódio da Folha, acho que já escrevi tudo sobre ele, fiz manifesto. Gosto muito de escrever sobre amor, sobre mulheres, não tenho essa raiva eleitoral, política. Isso nem faz parte da minha personalidade. Como profissional, acabei me envolvendo na questão que é seria. Fui repórter de política por muito tempo, inclusive na Folha. Eu sou mesmo um cronista apaixonado, que gosta de falar de amor e relacionamento, essa parte de escrever sobre outra coisa nunca me interessou muito”, comenta Xico Sá.
 

O escritor fez declarações polêmicas após saida da Folha
 
Ainda para justificar a saída, o jornalista diz que tem “essa opinião bem aberta de que a mídia favorece mesmo um candidato. Participei de várias coberturas de eleições e nunca vi uma tão desequilibrada nesse sentido. Como digo no manifesto, o que está em jogo é o direito de dizer as coisas. Não é uma declaração de amor a uma candidatura e muito menos ao PT. Quero que tudo seja investigado. O que eu atento é para o desequilíbrio, em que se investiga e publica só uma candidatura, enquanto a outra plana ali, passeia sem ser atingida por nada. Não é declaração de amor a nenhum partido, porque acho que ninguém merece esse amor todo na política hoje no Brasil. O que falei não tem tom raivoso nem rancoroso. Tentei escrever de forma mais leve, até para desopilar e encerrar. Quero mais agora é chegar na Bahia, dançar com os Orixás em um terreiro desses, comer água, ver as morenas da Bahia e ser feliz. Acho que tudo que tinha que dizer eu já disse naquele texto, agora é ser feliz na Bahia e nada mais”, diz o escritor, que planeja uma pausa para se reciclar.
 
“Eu quero dar um tempinho, sou cronista há muito tempo. Estou também um pouco cansado disso tudo. E julgo que o meu texto está ruim no momento, não está com o vigor que costumava ter. Tomei essa decisão junto com essa confusão toda do jornalismo. Quero dar tempo da crônica para poder reler, ler, sempre fui grande leitor e estou meio desleixado”, explica Xico, que segue com a divulgação do livro e também com os programas de TV “Extraordinários” (SporTV) e “Amor e Sexo” (Rede Globo), além de retornar em dezembro ao “Saia Justa” (GNT).


Serviço:
 
O QUÊ: Bate-papo e lançamento "O Livro das Mulheres Extraordinárias", de Xico Sá
QUANDO: Quarta-feira, 15 de outubro, às 18h
ONDE: Livraria Cultura do Salvador Shopping