Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Peças da Cena teatral baiana chegam a São Paulo pelo Festival de Teatro Brasileiro

Por Jamile Amine

Peças da Cena teatral baiana chegam a São Paulo pelo Festival de Teatro Brasileiro
O ator Érico Bras, hoje na Globo, fará participação na peça Cabaré da Rrrrraça
A cena baiana de artes cênicas chega a São Paulo entre 4 e 21 de setembro, dentro do XVI Festival de Teatro Brasileirocom nove peças, oficinas e ciclo de dramaturgos que atuam na Bahia. A edição paulista é a última etapa anual do evento, que envolveu 16 montagens do estado e já fez circular a produção local pelos estado do Acre, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo este ano. É esta a singularidade e o grande diferencial do Festival, que em 2014 chegou pela primeira vez na região norte do Brasil. “A gente faz um recorte da produção de um determinado estado e mostra para outro. A partir deste mote, todas as ações são desenvolvidas”, explica Sergio Bacelar, curador do festival. Além da apresentação dos espetáculos, a programação ainda prevê oficinas de qualificação profissional e ciclo de dramaturgos baianos.

Sergio Bacelar, curador do Festival de Teatro Brasileiro, que em 2014 divulga a cena baiana de artes cênicas 
 
Chegar na definição das cidades por onde passam os espetáculos não é uma construção simples. “A gente usa de vários mecanismos, às vezes até científicos, para escolher. Temos uma bagagem acumulada ao longo de 16 anos. Começamos perguntando para os atores envolvidos onde querem ir e com quem querem trocar. Temos também uma pesquisa que o público responde, sobre qual cena gostaria de ver na sua cidade. À medida que vão acontecendo as coisas, a gente começa a entender muito melhor as cenas dos diferentes estados brasileiros. Nessa formula é importante que tenha uma troca efetiva. Além disso, eu preciso tornar o projeto competitivo,  por isso também estou sempre atento à questão das diretrizes culturais dos órgãos gestores, para apresentar projeto competitivo captar recurso”, explica Bacelar. A escolha das montagens normalmente se dá por um chamamento público para que grupos e núcleos de teatro enviem material. Mas este ano, segundo Sergio Bacelar, a curadoria partiu também do Kit Difusão do Teatro Baiano, enviado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. “O material é muito rico e facilita o trabalho da curadoria, que já acompanha de perto a cena baiana. Nossa linha é montar um painel que seja representativo da produção de diferentes segmentos, formando um painel amplo, que permita ao público a compreensão do que vem sendo produzido na Bahia”, explica, acrescentando que a organização do evento fica "muito feliz" em também incluir espetáculos de qualidade que estão fora da capital, a exemplo de “Exú – a Boca do Universo”, do Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA) e "O Circo de Soleinildo", da Cia Operakata de Teatro.
 

Cena de "O Circo de Soleinildo", da Cia Operakata de Teatro
“A estrutura do festival viabiliza a troca, que é um ponto forte do festival, através do intercâmbio entre público local e os artistas baianos. Chegar num lugar não só com espetáculo, mas com a cena de um lugar, é muito bom porque a gente realmente envolve a classe artística, os técnicos e o público do lugar. Acaba sendo uma troca realmente, porque você leva um panorama. A gente vive a cidade, vive o cotidiano na cidade, além de fazer o espetáculo circular, que é a grande dificuldade dos artistas, desde que estreia”, diz uma das coordenadoras gerais do evento, a atriz, iluminadora, produtora e diretora teatral Fernanda Paquelet, nascida no Rio de Janeiro e radicada em Salvador, que ministra três oficinas no festival.
 

Interação entre artistas baianos e plateia durante festival
 
Dentro desse espírito de troca, o ator Fábio Vidal, que apresentará o espetáculo “Joelma”, em São Paulo, também atuou nos espetáculos “Seu Bomfim” e “Sebastião”, durante as primeiras etapas do festival em Rio Branco (AC) e Campo Grande (MS). A experiência lhe rendeu frutos. “Nesses lugares onde fui, algo que está sendo muito presente é o contato com os próprios artistas da cidade. Existe debate com o público após apresentações, onde a gente consegue revelar e desvelar assuntos e temas envolvidos na encenação, além de falar sobre atividade teatral desenvolvida na cidade. É muito o interesse deles pelo teatro produzido na Bahia. Em Campo Grande, por conta dessa ida, nós já fomos convidados para participar no Festival  de Bonito, no mês passado. O encontro acaba gerando outros desdobramentos em outros lugares, outras cidades”, revela Vidal, destacando que a experiência não se encerra na apresentação, mas se expande através do processo formativo e da discussão sobre os produtos artísticos.
 
Fábio Vidal na pele da transexual Joelma, no espetáculo homônimo que será apresentado em São Paulo
 
A expectativa do ator para a próxima etapa é grande, já que a personagem Joelma, transexual interpretada nos palcos por ele, passou 30 anos em São Paulo. “Imagino que será um encontro muito interessante, pelas muitas referências sobre a cidade. Estou curioso para ver a reação do público”, diz o ator, que traz para o debate um dos temas fortes do festival. Outros assuntos polêmicos também serão abordados através de outras montagens, como preconceito racial, tolerância religiosa, deficiência física, diversidade e sexualidade. Após retratar a cena baiana, o Nordeste continuará representado no Festival de Teatro Brasileiro em 2015. Será a vez do teatro de Pernambuco viajar pelo Brasil. As cidades por onde circularão os espetáculos ainda não foram totalmente definidas, mas é certo que o norte será contemplado mais uma vez, tendo como representante o estado do Pará. E depois de receber a cena baiana, o Espírito Santo também sediará uma etapa do festival no próximo ano.