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Prefeitura rica, Carnaval pobre

Por Robinson Almeida

Prefeitura rica, Carnaval pobre
Foto: Divulgação

Muito se fala sobre a crise do Carnaval de Salvador.  Fatores múltiplos explicam o fenômeno: decadência do Axé Music, camarotização da folia, segregação do espaço do folião pipoca e o modelo de exclusividade de patrocínio adotado pela prefeitura.

 

Este ano, a chiada veio dos Blocos de Trio. Antes, “donos” das cordas e dos circuitos, minguaram em quantidade e tamanho. Reclamam da competição desigual com a prefeitura por patrocínio. É verdade. Sem dúvidas, o modelo de comercialização da folia asfixiou financeiramente o Carnaval.

 

O prefeito ACM Neto questionado  sobre o modelo que dá exclusividade ao patrocinador exibir sua marca e comercializar seus produtos, respondeu que a receita desse negócio financia a cidade para além dos dias de folia. 

 

O resultado financeiro do modelo de exclusividade, segundo o prefeito, é R$ 30 milhões. É esse dinheiro, anteriormente investido de forma mais plural, pela concorrência entre as marcas, nos blocos, nos projetos dos artistas e na festa, que saiu da economia do Carnaval e foi para os cofres municipais. 

 

Apesar de os investimentos privados se concentrarem nos Blocos de Trio, irrigavam também uma cadeia de comerciantes, fornecedores e ambulantes, hoje duramente reprimida pela prefeitura para assegurar a soberania do patrocinador exclusivo.

 

Mesmo se proclamando liberal, ACM Neto se revela um intervencionista. A concessão onerosa do transporte de ônibus, o aumento exagerado da carga tributária e a competição desleal com forças econômicas do Carnaval são alguns exemplos do seu modo de governar: prefeitura rica, cidade pobre.

 

Com menos recursos privados, o Carnaval está em metamorfose. Blocos de Trio reduziram sua participação a praticamente metade, nos últimos anos. Coruja, Cheiro, Papa-Léguas e outros menores, jogaram a toalha. Como consequência, o espaço para o folião pipoca foi aberto.

 

Nesse cenário de crise do modelo, amplia-se a exigência por financiamento público. O Governo do Estado, além de assegurar o desfile das entidades de matriz africana, investe cada vez mais no Carnaval sem Cordas, pautando a prefeitura a seguir no mesmo caminho. 

 

A crise do Carnaval é visível e sentida por todos. O mesmo não pode se dizer dos investimentos em saúde e educação, destino alegado pelo prefeito para verba de patrocínio arrecadada com a festa.

 

* Robinson Almeida é ex-secretário de Comunicação do Estado e ex-deputado federal

 

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias