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Musical da esperança

Por Francisco Viana

Musical da esperança
Foto: Acervo pessoal

" Não acredito em arte. Acredito em artista."
Marcel Duchamp  

 

Divina e encantadora. Tudo em Laila Garin é maravilhoso. A voz, os gestos, o talento...a criatividade na interpretação. Fui ver a apresentação de Laila  no musical Alegria, alegria no teatro Santander, em São Paulo. Que motivador. Um verdadeiro antídoto contra a desesperança. 

 

Ela faz um longo e movimentado passeio pela Cultura musical brasileira - de Caetano Veloso a Gilberto Gil , de Roberto Carlos a Vicente Celestino. E também pela cultura brasileira, em seu conjunto, com imagens , fotografias e filmes como Orfeu Negro ou sobre a ditadura, quando o espesso véu da censura abafou a liberdade de expressão. 

 

Laila, que nasceu em Salvador,  é filha da baiana Nadya Miranda, doutora em jornalismo e professora ( aposentada) da Universidade Federal da Bahia. O seu pai é francês. Laila começou a estudar teatro aos 11 anos e canto lírico aos 13. Com 15 anos, atuou em Romeu & Julieta e Caetano, (com fragmentos da obra de Shakespeare e canções do compositor); depois vieram  A Casa de Eros, Medéia e Lábaro estrelado; ganhou projeção nacional com uma coleção de sucessos: Eu te amo mesmo assim e os musicais Gonzagão, a lenda, Elis, a musical e Gota d' Agua , além da novela  Babilônia  da TV Globo.  Mas a sua marca mais forte é a voz e num nível mais profundo a voz somada à capacidade de interpretação. 

 

Emblemático dessa soma de predicados é Alegria, Alegria. Laila substitui ( provisoriamente ) a também divina Zélia Duncan, e surpreende pela capacidade de transmitir esperança. Sim, a seleção musical que ela interpreta transmite esperança. 

 

Laila diz que a Cultura brasileira é vigorosa porque é mestiça, um geléia geral que tudo absorve e expressa, podendo assim superar os dramas mais complexos, como a atual maré de corrupção, aliada à violência da crise econômica. 

 

"O Brasil é uma república que tem rei, eleito pela vontade popular", diz Laila no palco. Obviamente, está se referindo ao rei Roberto Carlos, que no musical surge na forma da canção " Quero que vá tudo pro inferno". 

 

A diversidade, porém, está presente em cada música, em cada movimento e, também, em todo o grupo do musical. Parecem gritar em uníssono: "a vida vai melhorar, a vida vai melhorar..."

 

Enfim, Alegria, alegria - nome de uma música de Caetano Veloso - na voz de Laila lembra que o Brasil tem forças para vencer a crise e para vir a dar certo. Marcel Duchamp (1887-1968), influente precursor da arte contemporânea, não acreditava em arte, mas no poder quase divino do artista de criar. É isso que diferencia Laila Garin. Ela é divina e maravilhosa porque cria e, assim conquista o público e a cada espetáculo amplia o seu séquito fiel de admiradores. É evidente: sou fã de Laila. 

 

* Francisco Viana é jornalista e doutor em Filosofia Política (PUC-SP)

 

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias