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A comunicação oficial e seu labirinto

Por Francisco Viana

A comunicação oficial e seu labirinto
Foto: Acervo pessoal

A crise do Governo Temer tem solução no campo da comunicação? 

 

Em princípio, a resposta é sim, mas tudo vai depender dos acontecimentos. Não há soluções mágicas. 

 

Vejamos as hipóteses. Primeira, o impeachment do presidente Temer ganha força, com uma dezena de pedidos nesse sentido. Como é impopular, não terá apoio da sociedade. E, dificilmente, o apoio do Congresso. A tendência da sua base de aliados é se liquefazer. 

 

Outra hipótese: o crescimento das mobilizações populares. Se isso ocorrer, não há comunicação que possa resolver. Quanto mais gente na rua, menor apoio ao governo. Foi assim com o governo Dilma. Será que a história vai se repetir. Em tragédia ou em farsa? 

 

O cenário econômico é , na realidade , o único em que o governo pode atuar positivamente. Mas como promover o renascimento econômico sem reduzir os impostos e a burocracia? Como fazer o país renascer sem reformas de verdade? Caso consiga resultados positivos, o governo poderá ter uma sobrevida. Respirar com dificuldades, mas respirar. E até mesmo encher os pulmões de ar. Voltar a ter alguma credibilidade. Ir sobrevivendo até as eleições de 2018. 

 

Não é uma impossibilidade plena, embora delação da JBS tenha tido efeito devastador e, além do próprio presidente, tenha atingido, pelo menos seis ministros. 

 

Essa chance única tem sua razão de existir.  É grande a desesperança semeada pela esquerda  e, mais do que isso, o temor de uma eventual volta de Lula. O sentimento anticomunista e antiesquerda é muito forte e se agravou com as sucessivas denúncias de corrupção. Aliás, é um sentimento que cresce desde a década de 30, se repetindo ciclicamente cada vez com mais intensidade. Foi assim nos anos 30, nos anos 50 e nos anos 60-70. 

 

A diferença é que agora se repete no campo político, sem prisões em massa, nem torturas. Soma- se a barbáries que se torna rotina no país, como os efeitos catastróficos das últimas chuvas no Nordeste e a recentíssima chacina de posseiros no Pará. 

 

Por fim, há ainda um fator muito relevante. O governo perdeu o apoio da mídia, sobretudo da rede Globo. É praticamente impossível resistir ao bombardeio da uma Globonews e de um Jornal Nacional. Exemplo: a substituição do ministro da Justiça, noticiada com claro tom crítico, como sendo uma ameaça à Operação Lava a Jato. E há ainda as redes sociais. Instalou-se a desconfiança. Instalou-se a instabilidade dentro da instabilidade. Ou, uma crise dentro da crise. Viver no Brasil é cada dia mais uma possibilidade de muito poucos. 

 

Feitas todas as avaliações a situação é a pior possível. 

 

As denúncias de corrupção estão por toda parte e destroem reputações e inviabilizam candidaturas. Quem serão os candidatos à presidência da república? Quais serão os partidos que podem merecer a confiança da população ? Onde a crise vai levar o país? Conseguirá a comunicação oficial encontrar o fio para saída do labirinto ? Ninguém sabe. Espera-se os próximos capítulos da tragédia chamada Brasil. 

 

*Francisco Viana é jornalista e doutor em Filosofia Política ( PUC-SP)

 

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias