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Carta a Fernando Brant

Por Mario Lima

Carta a Fernando Brant
Foto: Bahia Notícias
Prezado Poeta, não faz muito você se foi. Com tanta lama assim, bem que uma nova canção sua, tipo Carta a República 2, nos faria muito bem. Mas, enfim, ouvir o que você escreveu já ajuda a desanuviar meu coração de estudante.
 
Mais do que nunca é preciso cuidar da vida, cuidar do mundo, tomar conta da amizade. Mas as alegrias e, principalmente, os sonhos, já não estão espalhados pelos caminhos. A folha da juventude?!  Desviaram seu destino.
 
A nossa política, meu Poeta, já não se faz com aquela ira santa, com aquela saúde civil. Falta quem fale em rebelião como quem fala de amores para a moça no portão.
 
Sim, eu não posso negar: a vida é mais livre, o medo já não habita entre nós. E isto permite saber do lixo ocidental. E aí não há dúvida: a mentira não voltou, ela simplesmente não nos deixara.
 
Contigo aprendemos que quem cala sobre um corpo, consente na sua morte. Tal como Milton e Beto, com um brilho cego de paixão, não ficamos esperando aquela madrugada. Mas o que fizeram da nossa fé?
 
Conversando no bar, já não pensávamos nas asas da Paner. Queríamos do Brasil apenas um morro velho: o filho do branco e do preto correndo pela estrada, atrás de passarinho, pela plantação adentro, crescendo os dois meninos sempre pequeninos. Mas, o caminho de ferro, mandaram arrancar. Na praça, que agora está vazia, apenas um grito, um “ai”, casas esquecidas, viúvas nos portais.
                                                                                             
Foi por ter posto a mão no futuro que no presente preciso ser duro. Não foi para isto que apanhamos, choramos, lotamos as praças. Eu não posso me acomodar! Pelo visto, caro Fernando, antes de querer meu País melhor, junto com Maria Maria, tenho que brigar para tê-lo de volta.
 

* Mario Lima é advogado e procurador do estado da Bahia*

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