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Golpe é atacar o impeachment

Por José Carlos Aleluia

Golpe é atacar o impeachment
Foto: Divulgação
“Alegar que há um golpe em andamento é uma ofensa às instituições brasileiras, e isso pode ter reflexos ruins inclusive no exterior, porque passa uma imagem ruim do Brasil. Eu penso que uma atuação responsável é fazer a defesa e respeitar as instituições brasileiras e levar uma imagem positiva do Brasil para o mundo todo, que é uma democracia, que funciona e que suas instituições são responsáveis”.
 
Essa declaração do ministro José Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF), dada em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, e transmitida em horário nobre para todo o País, expressou perfeitamente o que de fato está acontecendo no Brasil. Ao contrário do que tenta a presidente Dilma Rousseff e aliados passar à opinião pública internacional, vive-se um momento de fortalecimento das instituições brasileiras.
 
Por favor, não me queiram dizer agora que o ministro Toffoli é golpista e integra a elite branca e rica. O mais jovem membro da Suprema Corte brasileira, 49 anos, teve sua carreira de advogado praticamente toda ligada ao Partido dos Trabalhadores e aos movimentos sociais aliados do PT. Participou ainda do governo Lula, como sub-chefe da área para assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência da Repúbica, e depois como Advogado-Geral da União. Posteriormente, em 2009, foi indicado pelo próprio Lula para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.
 
Assim como já fizeram outros pares, Dias Toffoli reagiu à tentativa de desqualificação e desconstrução de um processo de impeachment plenamente legal.  Tanto o processo quanto a cassação estão previstos na Constituição Federal do Brasil. O processo é supervisionado pelo Supremo Tribunal Federal, cuja composição tem oito de um total de 11 ministros nomeados pela presidente Dilma ou pelo ex-presidente Lula.
 
E mais, o atual processo foi debatido com exaustão pela Suprema Corte, que ditou os ritos seguidos pelo Poder Legislativo. Como já dito, o STF, inclusive, vem se manifestando pela legalidade e legitimidade do processo e alertando para o erro de chamar o impeachment de golpe.
 
Sem amparo legal nem popular, como se revelou nas manifestações de rua que reuniram milhões de brasileiros a clamar seu afastamento, restou à presidente Dilma Rousseff apelar à repugnante estratégia da desinformação. Ao insistir que está sofrendo um golpe, Dilma adota o expediente da exaltação da mentira, muito comum em regimes totalitários e antidemocráticos, a exemplo do existente na Venezuela.
 
Dizer que a mídia brasileira é golpista é outra estratégia na qual só embarcam aqueles que agem ou por má-fé ou por desconhecimento da atuação dos veículos de imprensa no Brasil. A mídia independente, clássica, que tem o compromisso ético com a informação e estão sujeitas às leis do Brasil, é a responsável por mostrar toda a corrupção e desvios de condutas praticados pelos governos que já ascenderam no Brasil.
 
A credibilidade da mídia, inclusive, foi a base de sustentação da defesa da presidente Dilma diante da comissão processante da Câmara dos Deputados. Pode-se comprovar isso por meio dos documentos públicos utilizados pelo advogado geral da União e por sua sustentação oral, toda ela exibida pelos canais públicos e privados. Os conteúdos divulgados pelos jornais e revistas brasileiros fundamentaram a defesa e foram usados para advogar em favor da presidente por seu defensor.
 
Então, propagar que a mídia é parte de um golpe caracteriza outra estratégia de ataque à solidez das instituições brasileiras e à liberdade de expressão que gozam os brasileiros.  Dentro dos seus princípios editorais e éticos, os múltiplos veículos de comunicação brasileiros trabalham dentro do modelo de jornalismo a serviço da sociedade, sempre ouvindo os dois lados da notícia e colocando o contraditório à disposição dos leitores e telespectadores.
 
Por isso, não há sentido em afirmar que eles, e principalmente os maiores, como o Grupo Globo, estariam incentivando o debate sobre o impeachment da presidente. Esse debate e as suas consequências para o País são prerrogativas dos Poderes Legislativo e Judiciário do Brasil. A imprensa noticia os fatos e permite que a sociedade tome ciência de todas as suas nuances, como está sendo feito.
 
No Brasil há um provérbio que diz “não ser possível tapar o sol com uma peneira”. As evidências tão cintilantes dos crimes de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff justificaram a abertura do processo de impeachment, que segue seu rito legal. As consequências das irresponsabilidades de Dilma recaem sobre o povo brasileiro, que amarga a recessão mais profunda de sua história, o descontrole inflacionário e o desemprego crescente.
 
Em paralelo, convive-se diariamente com as notícias incessantes de escândalos de corrupção envolvendo diversos representantes do partido da presidente, de aliados e até de seu padrinho político, o ex-presidente Lula, a quem Dilma, cometendo outro crime de responsabilidade, tenta obstruir a ação da justiça ao tentar lhe nomear ministro para lhe conceder foro privilegiado.
 
Os métodos escusos e antirrepublicanos de privilegiar seus aliados não se restringem a Lula e aos políticos envolvidos no petrolão, esquema de corrupção que arruinou a Petrobras. É uma extensa rede que abrange ainda artistas, jornalistas e acadêmicos. A todo o momento vem à tona os favores em forma de patrocínios concedidos pela presidente a esses apoiadores.
 
Se já não bastassem movimentos sociais trocarem suas causas originais para servir de suporte a um projeto criminoso de poder, a exemplo do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que, em quase 14 anos de governo petista, nada avançou na sua luta pela reforma agrária, tenta-se corromper também a cultura, a imprensa e a educação do país.
 
Golpe é atacar o impeachment e querer que o povo brasileiro continue submetido a esse estado de degradação moral que se agrava com o acelerado empobrecimento geral devido a uma crise econômica sem precedentes na história nacional. Felizmente as instituições de nosso país demonstram amadurecimento e solidez para garantir as mudanças necessárias à construção de um novo tempo para o Brasil.


* José Carlos Aleluia é deputado federal e presidente estadual do DEM

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias