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O valor do voluntariado

Por Eduardo Athayde

O valor do voluntariado
Foto: Arquivo pessoal
Introduzido no Brasil pelas Santas Casas de Misericórdia, em 1512, o trabalho voluntário foi difundido através dos séculos e regulamentado pela lei 9.608/98. Hoje, 77% das entidades privadas de assistência social, sem fins lucrativos, contam com a ajuda de voluntários, afirma o IBGE. Se tivéssemos que escolher uma imagem para simbolizar o voluntariado, talvez Irmã Dulce pudesse ser indicada, por ter servido tanto ao próximo e construindo uma obra de alto valor para sociedade.
 
A capacidade de servir do Anjo Bom da Bahia lembra o rendoso trabalho das abelhas. Incansável, Irmã Dulce circulava a cidade colhendo "pólen" para servir o seu "mel" aos mais necessitados. Uma abelha faz 40 voos diários, pousando em 40 mil flores e carregando o peso equivalente a 300 vezes o seu, para produzir 5 gramas de mel por ano. Abrigando até 50 mil abelhas, cada colmeia pode produzir 250 quilos de mel por ano. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo são polinizadas por abelhas.
 
Se os serviços de polinização prestados pelas abelhas são avaliados globalmente em US$ 54 bilhões por ano, qual será o valor do serviço do voluntariado para a economia, para a vida das pessoas e das comunidades? Em Salvador, visitas à OSID (Obras Sociais Irmã Dulce), a hospitais como o Aristides Maltez, Martagão Gesteira e José Silveira, e instituições como Santa Casa da Bahia, Mansão do Caminho, Grupo de Apoio a Crianças com Câncer, Lágrimas de Cristo, Rotary, Lions e incontáveis outras, podem levar a respostas ainda não economicamente valoradas.
 
Estudo mundial “World Giving Index” exibe o ranking dos países mais generosos em participação e contribuições para causas sociais. O Brasil está entre os 10 países com maior número de voluntários, 11% (22 milhões) de brasileiros são voluntários. Enquanto Organização
Internacional do Trabalho - OIT, oferece indicadores e estatísticas do trabalho voluntário, o Programa de Voluntários das Nações Unidas (VNU), está em busca de jovens voluntários. Interessados poderão inscrever-se no site www.unv.org.
 
Diante da velocidade do crescimento populacional, a concentração demográfica e a desigualdade social, o voluntariado se faz cada vez mais necessário. Relatório do WWI-Worldwatch Institute mostra os impactados que a civilização humana está submetida. Em 1804, atingimos o primeiro bilhão de seres humanos no planeta. Cento e trinta anos depois, em 1930, atingimos o segundo bilhão e, de lá para cá, aceleramos a um ritmo desenfreado, acrescentando mais 6 bilhões de novos habitantes/consumidores em apenas oito décadas. Hoje somos 7,2 bilhões de habitantes no mundo.
 
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 20% da população idosa no mundo sofre de depressão. O trabalho social faz os idosos perceberam a importância que têm dentro da sociedade. “Sentir que suas habilidades e experiências de vida são capazes de ajudar a outras pessoas é um salto enorme para a autoestima”, afirmam especialistas da OMS.
 
Em 1900, cerca de 150 milhões de pessoas moravam em cidades. Em 2000, eram 2,8 bilhões. Desde 2008, mais da metade da população da Terra vive amontoada em cidades, fazendo dos humanos uma “espécie urbana” cada vez mais imobilizada. No Brasil já somos 84% urbanos e, segundo o IBGE, seremos 90% urbanos em 2020. Como civilização global continuamos a crescer a um ritmo acelerado de 80 milhões de novos habitantes por ano. A cada dia 219 mil novas bocas sentam-se à mesa do almoço global, e 1/3 desses seres humanos não terão o que comer. O voluntariado inovador institui novas governanças e sustentabilidade à vida moderna.
 
A expectativa de vida do brasileiro aumentou e hoje está em 72 anos. O número de idosos no Brasil é de 23 milhões e deve dobrar até 2030 [IBGE] - jovens de hoje, velhos de amanhã - gente experiente, capacitada pela universidade da vida que pode colher "pólen", como fazia Irmã Dulce, produzindo o mel do voluntariado para a sociedade.
 

* Eduardo Athayde é membro do Conselho Diretor do Hospital Martagão Gesteira e diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil
 
* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias