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Efeito colateral

Por Adilson Fonsêca

Efeito colateral
Há alguns dias um comentário do articulista Kennedy Alencar, dava conta que como consequência dos respingos provocados pela Operação Lava Jato, dezenas de empresas que, de alguma forma, têm ou tinham ligação com a Petrobras enfrentam dificuldades e podem demitir até 100 mil funcionários nos próximos meses.

Na mesma esteira de dificuldades, a OAS, uma das maiores construtoras de todo o país, com ramificações empresariais em diversas áreas, emitiu nota em que anuncia a venda de ativos para pagar dívidas. A construtora alega dificuldades de obter crédito, ou de ter acesso a eles, no mercado financeiro, por conta de possíveis restrições dos bancos.

Em ambos os casos, está presente o DNA da Operação Lava Jato, que tem como carro-chefe as denúncias de corrupção na Petrobras, e como coadjuvantes, empresas fornecedoras que de alguma forma, tinham ou têm contratos com a estatal.

Contaminadas pelo vírus da Operação Lava Jato, essas empresas começam a ser olhadas com certa desconfiança pelos bancos e pelo mercado financeiro de uma forma geral. Não que sejam efetivamente culpadas nas denúncias - até porque ainda não há um julgamento, mas processos e indícios a serem investigados -, mas como uma gripe, quanto mais afastados do paciente melhor.

Até porque, a fonte de todos os problemas para essas empresas, a Petrobras, parece estar mais doente do que aparente e, por enquanto, mesmo com todos os antibióticos e anti-inflamatórios, a cura parece estar longe.

Em dezembro, por exemplo, o mercado financeiro fez uma avaliação do paciente e cravou o diagnóstico: o valor de mercado da Petrobras equivalia a 31,84% do que valia em 1º de janeiro de 1996, segundo cálculo da Economatica (empresa de sistemas para análise de investimentos). O valor de mercado da empresa estava em R$ 114,84 bilhões, o mesmo registrado em 23 de maio de 2005.

Numa situação dessas, em que todos os medicamentos aplicados ainda não mostraram a sua eficácia para reverter a crise - até porque outros sintomas correlatos surgem a cada dia -, os bancos, que são os verdadeiros avalistas do sucesso e insucesso de grandes empresas, não querem uma aproximação com os doentes ou suspeitos de terem contraído o vírus, e se afastam.

E que soa como alarme, na nota oficial emitida pela OAS, ou pelo comentário do articulista Kennedy Alencar, pode soar como um diagnóstico nada promissor. E nessa hora, quanto mais longe do doente ou suspeito de estar doente, mais seguro é.


* Adilson Fonsêca é jornalista

* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias